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IRON


Não sei quanto tempo passei parado do lado de fora de onde foi a festa de casamento de Baize.

Esperei ela sair.
Esperei que ela sentisse o mesmo.
Esperei por uma chance.
Esperei pela minha segunda chance.

No fim do dia vi a mulher que eu estava apaixonado casar com outro.
Ela estava linda.
O dia estava bonito.
Todos estavam lá.

Mais não era eu lá em cima com ela.
E aquilo doeu como o inferno.
Ela escolheu Poul mesmo depois de tudo.
Eu fui até ela. Pedi, me declarei, expliquei.

Só me restou esperar.

Ainda consigo me lembrar de como eu não conseguia me mover quando vi os dois se beijando na saída e entrando no carro pra lua de mel.
Ela parecia feliz.

Minha irmã e Noah tiveram que me arrastar de lá.

Não comi e nem dormi por um longo mês.
Tirei férias da empresa e me enfiei em casa.
Quebrei meu celular e bebi como um louco.
Pra não sentir. Pra não lembrar.
Eu precisava esquecer.

- Iron! Abre a porta! - A voz de Alissa batendo na porta era constante.

Ela vinha todos os dias e ia embora depois de bater até cansar.

Mais hoje Poul também veio.
E nem me assustei quando ele derrubou a porta e entrou com ela do lado.

- Meu Deus Iron! Você quase me matou de susto eu achei que você...

- O que ? Que eu tinha morrido? É... Eu me sinto assim. - Falei virando mais um copo de whisky puro.

- Você é maluco! Seu idiota! - Alissa foi até mim me empurrando, e soltando tapas e palavrões.

- Calma amor... Calma. - Noah puxou ela que chorava me encarando.

- Você deixou ela ir. Você deixou ela casar Iron! Foi tudo culpa sua e dessa Sasha! Você fez a sua escolha e ela não teve chance ... Ela nem teve a chance de fazer a dela. Então não adianta ficar aí assim agora. - Alissa cuspia as palavras em mim com ódio na voz.

- Eu expliquei tudo pra ela ...

- E em um segundo depois você estava lá fora com a mesma mulher que ela viu nua no seu apartamento não é? Idiota!

- O que? Do que você tá falando? - Sentei soltando o copo.

- Alguém mandou uma foto sua e de Sasha na porta do casamento se abraçando Iron, minutos antes de você ter entrado lá pra pedir pra ela não casar. Você queria que ela tivesse feito o que? - peguei o copo jogando na parede.

O lugar todo estava revirado, eu nem lembro a última vez que eu tinha levantado daquele sofá.

- Eu ... Aquela mulher foi lá se despedir. Ela foi se despedir ela disse que ia se divórciar e ia embora de vez,  e pediu desculpas por ter estragado as coisas pra mim. Mais não importa não é? Baize nunca ficaria comigo... Ela nunca confiou em mim. E eu... Eu amo ela. Eu... Amo ela tanto que eu não consigo nem respirar direito agora. - Falei voltando pro sofá.

- Já passou um mês. Um mês Iron. Levanta daí. Não adianta mais... Ela casou, acabou! Você tem que reagir. - Noah disse sentando ao meu lado.

- Não dá. Não dá. - admiti derrotado.

- Mamãe e papai querem saber de você, o que eu falo? E a empresa? Eu não consigo lidar com aquilo Iron. Precisamos de você. - Ali pegou no meu braço se ajoelhando na minha frente.

- Não precisam. Eu não vou voltar. Eu preciso nunca mais ver ela. Não posso ver ela. Porque... Se eu ver, se eu ver o que eu perdi... Alissa.... Isso dói. - Chorei sendo amparado por ela e Noah .

Chorei tudo... Chorei por horas eu acho.
A última vez que chorei tanto na vida foi quando enterrei Cloe.

- Você vai ficar bem. Você vai ficar bem meu irmão.

Não eu não ia.
Eu nunca mais ia ficar bem.

Alissa arrumou a casa e com a ajuda de Noah tomei um banho e deitei fingindo dormir .

Eu não conseguia dormir , quando eu fechava os olhos ela aparecia, linda... Até o cheiro dela era real demais.

- Voltamos amanhã. - O susurro de Alissa encheu o quarto e o silêncio voltou.


Voltei pra casa e bebi mais um pouco vendo o dia amanhecer.
Fumei e fui pra varanda.

Eu estava jogado no chão da varanda quando ouvi a porta abrir.

Era Alissa , e mais atrás papai.

- Não briga com ele... ele tá precisando da gente pai. - Ouvi ela falar.

Tentei sentar mais não consegui
Me encolhi virando o rosto pro céu limpo.

- Meu garoto... Eu vim te buscar, vai comigo pra casa de campo. Vai trabalhar comigo lá e você vai ficar bem garoto, vai ficar bem. - Meu pai colocou minha cabeça no colo sentando ao meu lado.

- E a empresa pai? - Alissa perguntou.

- Tenho pessoas que podem cuidar. - Ele disse seguro.

- Papai... Me leva daqui... - Pedi sentindo dor em todos os lugares, principalmente no coração que eu preferia morto.

- Vamos... Alissa prepare algumas malas e peça pro seu namorado arrumar e levar o resto, vamos pra casa.

E eu fui com eles.
Encolhido no banco de trás do carro .
Ouvindo meu pai e Alissa conversarem.

Lembrei de quando papai e mamãe foram me buscar em Seatlle. Quando eu era só sofrimento e álcool.
Exatamente igual agora.

Eram eles que me seguravam quando eu não conseguia mais.

Minha mãe me acolheu e cuidou de mim como um bebê.
Alissa passou um tempo lá e logo teve que voltar pra casa. Noah estava ocupado com o trabalho.

Papai se apresou em cuidar de tudo na empresa em Chicago e eu vendi meu apartamento.

Comecei a comer de novo e a andar de cavalo pelas terras infinitas.
As vezes eu só voltava pra casa a noite.

Mais um mês se passou e comecei um curso sobre os vinhos e sobre agricultura.
Eu cuidaria das terras e dos vinhedos de perto agora, meu pai já estava velho e não conseguia andar e viajar tanto.

- Bom trabalho garoto... Você está de saindo melhor do que eu achei. - Ele bateu no meu ombro quando desci da caminhonete.

Me aproximei mais do meu pai e das terras.
Comecei com o projeto de uma fazenda pra mim não muito longe da casa de campo. Eu precisava de um canto meu e decidi não voltar mais pra cidade.
Vendi meu carro e comprei uma caminhonete.

Devido não correr mais riscos e viveria bem assim.

As festas no interior eram as melhores e aos poucos eu fui descobrindo os lugares a onde ir.

Fiz um amigo novo.
Couby era dono de uma fazenda perto da casa de campo e tinha uma produção de café enorme.
Ele não era casado mais tinha uma namorada que por sinal era muito bonita e mais velha que ele ela tinha um filho que vivia correndo por todos os lados.
Os dois cuidavam muito bem da propriedade, Couby me emprestou os homens pra contrução da minha fazenda o que fez toda a diferença.
Nós dois começamos a construír.

Minha vida estava entrando nos trilhos novamente.
Uma vida que nunca quis.
Uma vida no campo onde sempre tive receio de gostar.
Era a vida que Cloe teria amado viver.
A vida que eu aprendi a gostar.
Pra evitar trombar com ela por aí.
Pra evitar ver Poul e ela felizes em baixo do meu nariz

Aqui eu sabia que eles não viriam.
Aqui eu sabia que estava seguro dos meus sentimentos.

A verdade era que eu não sabia o que faria se visse Baize na minha frente de novo.
Os sentimentos estavam todos aqui, se nutrindo de lembranças e vontades.

Eu ficaria bem.
Eu achava que sim

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