IRONAs vezes eu jurava que podia sentir o perfume de Cloe. Como agora parado na frente de uma loja de tintas.
Noah entrou acompanhado do meu pai na pequena lojinha com vitrine de vidro com alguns adesivos de borboleta.
Era de uma amiga antiga da família, eu costumava vir aqui com Alissa quando estávamos no ensino fundamental.Meus pés não se moveram.
Fechei os olhos sentindo o cheiro de tinta em toda parte. O cheiro dela, o cheiro da nossa casa, o cheiro de anos que nunca voltariam.- Você tá legal? - Baize esbarrou de leve no meu braço me fazendo voltar pro presente.
Ela olhava pra mim com atenção.
- Não vai entrar? - Não respondi apenas continuei olhando pela vitrine.
Cores variadas.
O piso era verde e as paredes coloridas. Estava tudo igual.- Está tudo igual como me lembro. - Falei subindo a manga da camisa.
- Você não parece bem. - Baize caminhou até ficar na minha frente. Ela tinha que levantar a cabeça porque era muito baixinha.
E colocando a mão acima dos olhos evitando o sol ela me encarou.
- Não gosta do cheiro da tinta? - Ela perguntou e eu senti uma fisgada no peito.
Não respondi novamente.
Eu não sabia mais se gostava do cheiro.
Sabia que o fato de ainda lembrar tanto de Cloe não era normal.
Eu sabia era que doía. Ainda doía tanto.- Ok... Vem comigo, vou te mostrar um lugar.
Ela puxou meu braço e eu estava tão atordoado com o cheiro e as lembranças que deixei.
Deixei Baize me arrastar dali até pararmos em frente a moto dela que estava estacionada no outro lado da rua.
Era uma Harley preta com alguns detalhes prateados na lateral, estava totalmente zerada.- Você não acha que vou subir nisso, acha? - Cruzei os braços encarando ela pegar o capacete.
- Você não vai se arrepender. - E jogando o capacete nas minhas mãos ela soltou o rabo de cavalo deixando os cabelos longos voando na minha direção.
Baize tinha cheiro de fruta.
Era o inferno!- Não mesmo. - Bati o pé vendo a cara de brava dela.
- Prefere pilotar? - Pensei no assunto e ela riu dando a volta jogou a chave pra mim.
- É toda sua... Só não me mata por favor. - Ela colocou o capacete.
Pensei alguns segundos antes de seguir com aquilo.
Seguir com ela.E acabei subindo.
A moto era leve e o domingo a tarde estava perfeito pra passeio.
Eu nem lembrava a última vez que sai por aí sem rumo igual agora.
Nem sei se já tinha feito algo assim.As mãos de Baize apertavam de leve minha cintura e saber que as pernas dela estavam em volta de mim me fez rir.
Eu não ria muito.
A não ser quando estava com o idiota do Noah.
Rir se tornou meio errado.
O luto levou boa parte de mim e eu nem lembrava mais como era ser solto, me sentir bem de novo.
Isso tudo era tão... Cansativo.
Muito cansativo.- Alí... Para alí. - Baize gritou apontando pra alguns prédios abandonados.
Parei a moto e vi ela descer majestosamente.
Descer de uma moto assim levava anos de prática.- Que porra estamos fazendo aqui? Isso aqui está abandonado a anos, são só destroços. - Eram antigos prédios em ruínas ninguém vinha aqui.
- Na verdade é lindo. - Ela disse pegando a câmera que não saia do pescoço dela segundo algum.
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A Sua Espera
RomanceDesgarrado, se esquivando, indo pro lado oposto de tudo que representasse algum tipo de afeto. Era assim que Iron Sinson vivia depois de ter perdido Cloe pro câncer de mama. E pra ele estava funcionando assim. Até esbarrar literalmente na melhor am...