Eu Cristão?

Capítulo 30

Firmo as mãos apertando-as de forma inusitada como se travar as poucas unhas sobre a pele da mão possa me ajudar em momentos como esse, pela primeira vez me sinto nervoso por estar entrando na tal congregação que Pietro é capaz de convencer-me a vir, não deveria estar aqui. Não mesmo...

Fico pensando, eu cristão?
Loucura não? Isso nunca vai acontecer.

Não é o momento de adoração que os lançam em um momento climático e fervoroso, parece haver algo de diferente não só no ambiente, mas dentro de cada uma delas, olhe só talvez isso seja apenas manipulação. Como podem cantar para quem não se pode ver, para quem não se pode sentir?
Assusto-me com a mão depositada sobre meu ombro, giro o calcanhar ficando de frente para Pietro que bom, está com seu sorriso contagiante sobre a face calma.

— Você veio — Dá leve tapas sobre minhas costas, — Uou! Isso é magnífico! — arqueio minha testa juntando meus braços em um cruzar.

— Magnífico? É isso que tem a me dizer... magnífico? — retruco com sarcasmo em poucas palavras.

— Sim, isso é algo bom para mim, mas... principalmente para Deus. — Observo seu semblante aumentar de alegria, nem eu sei como consigo especificar isso.

— Oras, pare de bobagens, eu não vim aqui por causa de Deus, vim porque não tinha nada para fazer em casa. — Dou de ombros tentando não dar a mínima.

— Se você está dizendo — ele arruma a manga de sua camisa cinza.

Ouvimos o som de cumprimentação e logo se inicia a oração a qual eu estou a fazer questão de não me importar. Estou quase cochilando, mas de repente algo me chama a atenção.

— Irmãos façam o favor de abrirem seus exemplares no livro de Isaías 40, versos 12,13 e 14. — todos abrem o livro, — Quem mediu com o seu punho as águas, e tomou a medida dos céus aos palmos, e recolheu em uma medida o pó da terra, e pesou os montes e os outeiros em balanças? Quem guiou o Espírito do SENHOR? E que conselheiro o ensinou? Com quem tomou conselho, para que lhe desse entendimento, e lhe mostrasse as veredas do juízo, e lhe ensinasse sabedoria, e lhe fizesse notório o caminho da ciência? — Sinto meu corpo estremecer e ouço uma voz familiar.

— "A quem pois me fareis semelhante, para que lhe seja semelhante? — diz o Santo." — Posso ouvir o sussurro ao pé do meu ouvido.

[...]

— Como foi? — Minha mãe pergunta ao me ver chegar finalmente em casa.

— Sinistro. — as palavras ficam martelando em minha mente.

Será mesmo que Deus existe?

Devido a alguns problemas, chego apressadamente no hospital, observo todos os rostos familiares com uma expressão péssima, não é para menos. Philip está em coma a quase 4 meses e infelizmente por conta do aumento de ocorrência nos casos de risco será preciso desligar os aparelhos, é claro que oferecemos um pagamento de taxa maior para que talvez ele possa melhorar, no entanto, segundo o médico profissional Philip não tem chances de sobreviver.

— Não me diga que... — me aproximo de Louisa que encara o chão com os olhos vagos.

— Ainda não, mas a enfermeira informou que se o papai não acordar irão desligar os aparelhos em três horas. — consigo perceber a tristeza em seu tom de voz.

Estou sentado encarando as paredes brancas do ambiente hospitalar, definitivamente, não sabemos o que fazer parece não haver uma solução no exato momento.

— Ethan! — Pietro quase grita com a respiração pesada enquanto caminha com velocidade em minha direção. — Ouça bem, nem eu sei muito bem, mas preciso falar sobre isso. Quando as pessoas dizem que Deus não existe, realmente me surpreende, porque eu penso assim. Você não pode ver o amanhã, mas sabe que está lá, mesmo que não seja prometido, você não pode ver seu teste, mas sabe que pode revisá-lo usando livros que o tornam mais inteligente e também lhe dão um bom teste pontuação certo? Há tantas coisas neste mundo que não podemos ver, mas sabemos que está lá, mas quando se trata de Deus todos sempre duvidam dele. Deus é como nosso teste, não podemos vê-lo, mas quando revisamos suas palavras, isso nos dá conhecimento e compreensão. Ele está em toda parte, mas, porque você não pode vê-lo você não vai confiar nele? Ele é uma luz brilhando em você, mas alguns de nós temos a mente muito fechada para ver isso, eu digo isso por amor e não por raiva. Deus está clamando por você Ethan, apenas dê uma chance a ele. — não sei se estou sonhando, porém, é emocionante.

Caminho em direção ao quarto e sinto que estou correndo como em câmera lenta, abro a porta número 128, e com os olhos analiso o ambiente frio os aparelhos ainda estão ligados, suspiro por breves segundos. É como se eu estivesse a quebrar todo o meu orgulho.

— Não deve ser tão difícil. — Falo comigo mesmo me sentando de frente a maca onde meu pai está, — É... há espera aí, como posso começar uma oração? — pergunto-me, — Deus, eu não faço ideia de como orar de forma certa, mas espero que me estenda. Sou péssimo com palavras, contudo, quero acreditar que irás me compreender, não estou em uma situação muito boa é lógico que podes me castigar por duvidar da sua existência. Mas, estou tentando... tentando acreditar, por já deves ter me dado vários sinais de que o senhor existe. Eu só preciso que traga meu pai de volta, sei que sou egoísta demais para perdoar, mas sei que vai doer mais ainda não ter perdoado meu pai e não pedir o perdão por todas as palavras ruins que cheguei a pronunciar. Me perdoe, definitivamente só tenho uma única esperança que é em ti, por favor Deus! — apenas sinto as lágrimas quentes rolarem sobre o rosto e o som dos aparelhos apitarem, meus olhos se arregalam, não quero passar pela mesma situação novamente.

Tudo de novo não...

O médico adentra apressadamente junto como alguns enfermeiros, e eu sou retirado as pressas. Bato na parede sucessivas vezes como os punhos cerrados até sentir a dormência, caio de joelhos sobre o chão escondendo meu rosto para que não possa enxergar tudo ao meu redor. Eu odeio as perdas.

— Ethan... — Louisa apoia a mão sobre meu ombro. — Nosso pai teve uma parada cardíaca, mas ele acordou e está bem. — Sinto seus braços me envolverem em um abraço. — Ele vai ficar bem, só precisa ficar alguns dias em observação. — Agradeço a Deus mentalmente.

Deus realmente existe.

Se eu disser que esse é o penúltimo capítulo, vocês acreditam?

Eu sinto muito por esses dias está tão no off, não tenho estado bem, e estou visivelmente sem tempo os estudos tem sugado todo o tempo livre que deveria ter. Dia 09 recebi a notícia que o Cooper Noriega havia morrido, isso foi meio que uma facada, mesmo não sendo fã eu o acompanhava e foi inusitado não sentir a dor. Agora estou um pouco doente, mas não existe nada que faça-me desistir de escrever.

Farei de tudo para que o último capítulo saia essa semana ou a próxima. Agradeço desde já pela atenção, se cuidem!