Ao chegar em casa e me permitir um banho relaxante, decidi que uma dose de uísque ajudaria a dormir. Mas meus planos desmoronaram rapidamente. A mente estava agitada, uma inquietude crescente, tudo girando em torno de Alana. Seu rosto, seus gestos, sua voz ecoavam incessantemente em minha mente. Uma angústia avassaladora, quase palpável, como se estivesse sendo sugado por um redemoinho emocional.
— Alana, por que você tem esse poder sobre mim? — Sussurrei para as sombras do quarto.
Ergui-me da cama decidido a sacudir essa sensação sufocante. Eu precisava vê-la, estar perto dela. Peguei as chaves do carro e parti em direção ao apartamento dela. Mas a cidade estava contra mim naquela noite. O trânsito se arrastava lentamente, como se o universo estivesse conspirando para me impedir de alcançá-la. Preso no congestionamento da Avenida Atlântica, meus olhos capturaram uma cena inesperada. Uma barraca de rosas brilhando sob as luzes da cidade noturna. Uma ideia surgiu de repente, uma tentativa de amenizar a espera e acalmar meus nervos agitados. Chamei o vendedor com um gesto impaciente, pedindo o maior buquê que ele pudesse montar.
O homem, com um sorriso compreensivo, começou a compor o buquê. Uma profusão de cores e perfumes se misturava diante dos meus olhos, um presente que eu esperava que pudesse expressar pelo menos parte do turbilhão de sentimentos que eu estava enfrentando naquela noite. Enquanto aguardava, não conseguia deixar de pensar com convicção: "Ela vai adorar isso. Tenho certeza." Finalmente, o buquê estava pronto, uma obra-prima de rosas que parecia trazer um pouco de tranquilidade para o meu coração acelerado.
Assim que o trânsito começou a fluir novamente, eu me forcei a manter a calma e seguir em frente. Mas o destino tinha outros planos. Poucos quilômetros adiante, deparei-me com a razão para o engarrafamento. Um terrível acidente envolvendo duas carretas, metal retorcido e fumaça escura preenchendo o ar. Um arrepio percorreu minha espinha ao perceber a gravidade da situação. Não haveria sobreviventes ali. O impacto da cena colidiu com a minha própria turbulência interior, criando um momento de reflexão sobre a fragilidade da vida e a urgência de expressar nossos sentimentos enquanto podemos.
***
Diante do simples edifício onde Alana residia, apresentei minha identificação à portaria. Reconhecendo-me dos nossos encontros anteriores, o porteiro abriu o portão com um aceno cordial, dando-me passagem. Adentrei o elevador e, com um aperto no peito causado pela ansiedade, subi até o andar desejado, mal conseguindo conter a expectativa. Ao chegar à porta de entrada do seu apartamento, uma onda de emoções jovens e apaixonantes me envolveu. Fiquei parado por um momento, sentindo como se o tempo se suspendesse ao meu redor. Respirei fundo, buscando coragem, e apertei a campainha, esperando com um misto de esperança e nervosismo.
O silêncio que se seguiu foi como uma espada atravessando meu peito, a incerteza se instalando. "Ela terá saído?" A dúvida dançava em minha mente, formando rugas na minha testa franzida. Insisti, pressionando a campainha novamente, ansioso por um sinal de vida da mulher que ocupava todos os meus pensamentos, a mulher que eu ansiava ter ao meu lado. Então, ao longe, ouvi sua voz. Um grito carregado de aspereza, uma nota aguda que cortou o ar como uma lâmina. Não havia dúvidas agora. O coração que antes batia com desânimo, agora afundava em alegria por saber que ela estava em casa.
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CONEXÃO PERFEITA
RomanceNa trama envolvente de "Conexão Perfeita", conhecemos Alana, uma mulher corajosa que, recentemente libertada de um relacionamento abusivo, busca uma nova chance para a felicidade. Há três anos, ela ingressou no escritório de uma renomada multinacion...