As sombras da incerteza e da angústia se projetavam sobre mim, e a solidão parecia um fardo insuportável, um peso que ameaçava me derrubar a qualquer momento. Em meio a esse turbilhão, a busca por soluções se tornava mais desafiadora, enquanto a escuridão emocional envolvia cada pensamento, transformando a esperança em um suspiro distante. Eu estava com ele há apenas dois anos, e a cada dia que passava, ele parecia sugar um pouco do que restava da essência da minha alma. Nos dias seguintes, apenas me colocava em modo automático: qualquer alteração de voz dele me assustava, cada gesto dele era como um prenúncio de tempestade. Resolvi ligar na rodoviária para perguntar o valor da passagem para Minas Gerais e, após ficar sabendo, tive a ideia de tentar vender o máximo de cosméticos que tinha para juntar o valor.
A cada negociação, sentia como se estivesse vendendo pedaços da minha dignidade, mas a urgência de escapar daquela prisão emocional era mais forte do que qualquer orgulho ferido. Depois de andar bastante debaixo de um sol extremamente quente, finalmente consegui o valor da passagem, mas não podia ir naquele dia, pois ele já estava prestes a chegar do trabalho; precisava esperar por apenas mais uma noite, e foi o que fiz, cada segundo se arrastando como uma eternidade em meio ao pânico e à ansiedade. Continuei agindo naturalmente, escondendo cuidadosamente meus planos de fuga, como uma atriz em um palco, desempenhando um papel que me sufocava a cada respiração.
Naquela noite angustiante, ele buscava contato íntimo, e eu estava envolta em sentimentos ruins, entre eles a repulsa, o nojo e o desprezo. Não queria ceder a ele, e mesmo assim, ele me forçou; senti-me violentada, abusada de forma literal. Cada toque dele era como uma agressão, cada palavra um golpe na minha dignidade. Na manhã seguinte, encarei minha imagem no espelho, uma visão de uma mulher física e psicologicamente destruída, os olhos refletindo a dor que consumia minha alma. Assim que ele saiu para o trabalho, reuni o máximo de roupas, colocando-as em sacos de lixo, pois não possuía uma mala. Escrevi uma carta de despedida, deixando uma explicação para minha partida, uma última tentativa de expressar a angústia que me sufocava. Envolta na dor, buscava forças para recomeçar longe deste pesadelo, ansiando por um sopro de liberdade.
Embarquei em um ônibus, carregando sacos sobre os braços, parecendo uma pessoa que morava nas ruas, mas interiormente sabia que estava dando os primeiros passos em direção à minha própria libertação. O alívio me dominou ao embarcar, o fim do sofrimento se aproximava. Estava livre, mas então, um novo medo surgiu: "e se ele for até a casa dos meus pais? E se algo terrível acontecer com eles?" Eu não podia arriscar tirar a paz deles e os colocar em risco. Desembarquei rapidamente, lamentando não obter reembolso da passagem, um pequeno preço a pagar pela minha paz de espírito.
Permaneci na rodoviária, pensando no próximo passo. "Talvez devesse abrir o jogo com minha prima e pedir que guardasse segredo.", pensei, andando de um lado para o outro. Segui até a casa da Bruna, envolta em um dilema ao avistar o imóvel. Tinha receio de que ela contasse aos meus pais, temendo o impacto que minha decisão teria sobre eles. Enquanto pensava no que faria, ouvi um ruído no portão. A Bruna apareceu, surpresa ao me avistar, seu rosto refletindo preocupação e curiosidade.
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CONEXÃO PERFEITA
RomanceNa trama envolvente de "Conexão Perfeita", conhecemos Alana, uma mulher corajosa que, recentemente libertada de um relacionamento abusivo, busca uma nova chance para a felicidade. Há três anos, ela ingressou no escritório de uma renomada multinacion...