CAPÍTULO 27 - Entre acertos e decepções (Parte 4)

76 5 0
                                    

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.


Eram quase duas horas da madrugada, e o silêncio envolvia o ambiente, tornando a insônia ainda mais angustiante. Incapaz de encontrar o sono, levantei-me da cama, sucumbindo à ideia inusitada de explorar os arredores do prédio que chamava de lar. Ao atravessar a sala, deparei-me com dois mundos distintos: o sereno sono de Daniela e a vigília noturna de Dylan, que estava imerso na programação que preenchia a tela da televisão. Cada sombra no canto do corredor ganhava vida, enquanto eu me aventurava na quietude da noite, curiosa e intrépida diante das possibilidades que aquelas horas tardias poderiam oferecer.

— Aonde você pensa que vai a essa hora? — Dylan franziu o cenho ao me ver passar, seus olhos denotando preocupação.

— Vou dar uma caminhada; preciso respirar um pouco de ar fresco! — Suspirei, tentando justificar minha impulsividade noturna.

— Tem certeza disso? Estamos no Rio de Janeiro; é perigoso andar por aí sozinha durante a madrugada! — Ele arqueou a sobrancelha, evidenciando sua preocupação genuína.

— Não se preocupe, eu não vou muito longe! — Respondi rapidamente, sentindo a urgência de sair antes que Daniela acordasse e tentasse me impedir de seguir meu impulso. Sem mais delongas, apressei-me em sair, determinada a explorar as ruas desertas da madrugada.

Ao atravessar a portaria do edifício, o porteiro exibiu surpresa ao me ver saindo, como se julgasse minha sanidade por estar fora naquele horário incomum. As ruas, normalmente agitadas, agora estavam imersas em uma tranquilidade enigmática, e eu avançava com determinação, ansiosa por absorver a serenidade noturna. A brisa suave das ruas acariciava meu rosto, proporcionando uma agradável sensação de liberdade. Enquanto seguia adiante, recordava o pensamento que me assaltara dias atrás: "O que poderia acontecer de tão terrível a ponto de ser insuportável?" Jamais imaginaria que meu coração pudesse sofrer tanto por alguém, consolidando a certeza de que estava profundamente apaixonada, entregue a um amor intenso. 

A obsessão por desvendar a identidade da mulher que o atormentava permeava minha mente. Meus pensamentos estavam tão absorvidos que mal percebi a aproximação de dois faróis na minha direção, interrompendo meu devaneio noturno. O choque contra mim foi absurdamente forte. Um estrondo metálico e o estilhaçar de vidro ecoaram no silêncio da noite, acompanhados pelo grito agudo dos freios. Abri os olhos com dificuldade, piscando repetidamente até que minha visão conseguisse focar em algo além da confusão e do borrão. Minha cabeça latejava intensamente, como se uma orquestra sinfônica tocasse dentro dela, e um gemido involuntário escapou dos meus lábios ao tentar me erguer. 

A dor, aguda e persistente, envolvia cada pensamento. Rapidamente, percebi que levantar não seria uma boa ideia. Decidi virar-me, sentindo o asfalto quente irradiando calor devido à intensidade do dia anterior, como se o próprio ambiente estivesse conspirando contra mim. Consciente da dor pulsante, evitei pensar demasiadamente nela, mesmo com algumas pessoas curiosas se aproximando, suas vozes distantes se misturando ao meu zumbido interno. Minha respiração acelerou repentinamente ao recordar as lembranças daquela mulher misteriosa, seu olhar enigmático e sorriso que escondia segredos. Novamente, tentei me levantar, sentindo os músculos queimarem de esforço, mas tudo que consegui foi ficar de joelhos, como um náufrago tentando emergir das ondas impiedosas do destino. 

CONEXÃO PERFEITAOnde histórias criam vida. Descubra agora