Presos

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Seu corpo inteiro está dolorido e sua cabeça parece muito com aquela única vez que ela decidiu se embebedar – com o oh tão adorável brinde de um bebê chorando estridente ao fundo. Seus olhos piscam, deparando-se com um céu nublado e cinzento, a súbita mudança de cenário lhe deixando cautelosa. A garota se move, sentando-se rapidamente e tentando processar o que nos sete infernos tinha acontecido. Ocorreu-lhe que a) ela estava morta e isso eram as Terras-Puras ou b) ela estava em algum genjutsu daquele psicopata insano de um primo.

Sua mão tateia instintivamente o local onde foi perfurada, que coça como o inferno, mas não está jorrando mais sangue; ela sente o tecido da pele em relevo, como se fosse uma cicatriz que estivesse lá há anos. Ela franze a testa, confusa e estuda o arredor, embora não houvesse muito para perceber além da enorme quantidade de terra seca e devastada. Havia montanhas no horizonte, mas parecia um local inóspito... uh.

Aquilo era a katana que Itachi lhe enfiou no peito?

Kana estreita os olhos e pega a arma ao seu lado, com sangue ainda pingando. Sim. Sim, era. Ela estuda com uma perplexidade mórbida a arma e estremece, largando-a no chão.

"É melhor isso não ser as Terras-Puras."

Um movimento lhe chama a atenção e seus olhos vagam para um embrulho minúsculo que se remexe e então chora. Preocupação lhe enche quando percebe que o choro não havia sido uma alucinação e que, de fato, o bebê que ela estava segurando ao morrer havia caído.

Ela concentra seu chakra na mão, realizando um jutsu básico de diagnóstico e suspirando de alívio quando não encontra nenhuma hemorragia interna ou fratura – ela certamente não conseguiria fazer nada se fosse o caso. Havia sinais de concussão e alguns hematomas nos braços e na costa, mas poderia ter sido pior. Bem pior.

Envolvendo o bebê em um braço, o bebê se aquieta quando ela sussurra palavras suaves e injeta um chakra que entorpece a dor, sendo a única coisa que ela poderia fazer pelo infante. Ela se move observando que mais distante há silhuetas. Conforme se aproxima, a forma das outras duas crianças que se agarravam a ela se revelam.

O garoto mais novo, de uns cinco ou seis anos, estava inconsciente e Kana repete o processo de diagnóstico que não mostrou nenhum dano. Então ela se vira para o maior, que estava na faixa de dez anos e imediatamente percebe os olhos vermelhos em um padrão complexo de cata-vento. O menino estava claramente em choque, sentado, mãos no cabelo e lábios abertos. Imóvel e trêmulo, sem realmente notar nada ao redor.

— Garoto?

Ela chama o mais gentilmente que pode, mas a criança parece perdida em seus pensamentos. Mesmo quando ela se aproxima cautelosamente e faz menção de tocá-lo, ele não reage. A jovem cuidadosamente faz o diagnóstico na criança, sentindo as reservas de chakra dele se esgotar em velocidade alarmante.

"Uh. Merda." – Kana pensa quando percebe que precisa força-lo a desativar o sharingan e precisa fazer isso rapidamente porque o chakra dele estava perigosamente baixo. Era praticamente um milagre que ele ainda estivesse consciente. Ativando o seu próprio sharingan, Kana o prende em um genjutsu que o fez adormecer, parando o fluxo do Mangekyou Sharingan do mais novo. Ele tomba no chão sem delicadeza.

Kana faz uma careta quando a criança em seu colo se remexe e encara.

— O quê? Foi uma queda inofensiva. – Kana diz defensivamente, absolutamente não pensando em como o bebê tinha esses olhos julgadores. Os dois se olham em silêncio até que a criatura em seus braços arrulhasse incoerentemente daquele jeito que só os bebês fazem e então prontamente puxasse o cabelo dela e o colocasse na boca.

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