As Correntes do luto

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Notas da autora: 

Sobre os nomes, se você ficou confuso em algum momento – eu deveria ter colocado antes, mas acabei esquecendo:
Curunír é o nome do Saruman, em quenya. Ólorin é o nome de Gandalf, em quenya.
Melkor ou Morgoth era o Valar a quem Sauron serviu antes dele mesmo se tornar o Senhor das Trevas.
Mairon era o nome de Sauron, antes de sua corrupção. Ele tem muitos nomes, na verdade (todos eles tem, ao que parece).
[Dados obtidos do Silmarillion]

*

Ele estava sonhando, um sonho muito bom e confortável, embora ele não conseguisse identificar exatamente como ou por que era bom. Havia uma voz que lhe falava coisas, e ele nunca conseguia lembrar as palavras, mas sabia que deveria obedecer.

Havia outra voz, também, mas aquela estava sendo mantida longe, como todas as outras coisas desimportantes – tudo que ele precisava ouvir era a voz que lhe fazia bem, não a voz raivosa e agitada que tentava puxá-lo daquele sonho maravilhoso.

*

[Aquele Maiar astuto e traiçoeiro...]

*

Era como flutuar em um rio de águas plácidas. Ele não queria mais nada além daquela paz, embora algo o incomodasse no fundo de sua mente, como se ele estivesse esquecendo algo importante...

*

[...não deveria subjuga-lo tão facilmente, como ele pode ser tão fraco quando...]

*

... ou alguém. Uma pessoa? Era isso que ele estava esquecendo? Não, não, era mais de uma pessoa, ele sabia que... Oh. Aquela canção era tão bonita, quem se importa com outra coisa? Não, ele deveria se concentrar na voz, na canção, esquecer tudo mais.

*

[Você precisa acordar!]

*

Ele deveria? Mas... ele não queria acordar. Mais um pouco. Apenas mais um pouco naquele sonho bom e bonito...

*

—... e eu o servirei com todo meu poder, pelo resto de minha vida. Serei sua arma, seu escudo, farei qualquer coisa, sem reclamar, sem questionar, obediente até a morte...

*

[Não! Ela é um recurso muito valioso para ser de Saruman! Acorde, agora, Riki!]

*

"O quê está acontecendo? Por que estou andando? Onde estou? Aquela é... Kana? O que ela está... Ah, não! "

— Não! Kana!

O menino grita, em um momento de clareza, simultaneamente em que pega o orbe, embora não o perceba até que tudo que haja é dor e poder. Onde ele toca, um choque lhe percorre, e dentro de suas veias ele sente algo responder à esfera.

É rápido e intenso, uma dor que parece rasgar sua própria alma em pedaços, e refazê-lo. Há algo de novo nele, mas, ao mesmo tempo, não novo. Se não fosse tão intrusivo, tão dolorido, tão inegavelmente estranho ao seu corpo, ele diria que isso, o que quer que fosse, deveria ter sido uma peça de quebra-cabeça sendo encaixado perfeitamente no devido lugar.

Beyond Duty and BloodOnde histórias criam vida. Descubra agora