Beyond Duty and Blood

As Correntes da Culpa

Há uma névoa de poluição, poeira e cinzas circulando pela atmosfera. O chão sob ela era pedregoso e irregular, muitos pedaços afiados lhe roçando e agravando seu já maltratado corpo. Algo toca a superfície de seu rosto – cinzas.

É preciso muito esforço para conseguir respirar como se não houvesse algo lhe esmagando, mesmo que seja apenas psicológico. Após um longo tempo, quando percebe que finalmente está respirando como uma pessoa normal e não alguém que está tendo o oxigênio tirado de seus pulmões, ela tenta mover seu corpo. A sujeira se apega a ela quando membro a membro, ela consegue se sentar no chão e observar as ruínas que ela se encontrava.

Muito similar à quando ela primeiro pousou neste mundo, sua reserva de chakra está cheia, todo seu corpo está dolorido e sua cabeça, particularmente, parece que vai mata-la.

"Uh. Mais como já me matou." Ela ri nervosamente quando leva a mão à sua cabeça, que apesar do sangue seco nos cabelos, não parecia ter nenhum dano além de um fino relevo de cicatriz em seu couro cabeludo. Kana tateia até encontrar sua espada, atenta à movimentação de orcs que ouvia de vez em quando. A névoa de poluição lhe ocultava, mas ela não estava disposta a morrer de novo tão cedo.

Ela se lembra de Námo, o shinigami que havia lhe explicado sua suposta imortalidade, mas comprovar aquilo era bastante indutor de pânico. Principalmente quando ela conseguia ver a grotesca massa cerebral onde ela havia caído e a poça de sangue que ela estava.

"O que eu sou, agora? Uma lagartixa e meu cérebro a cauda?"

Sua risada nervosa continuou por alguns minutos antes que diminuísse o suficiente para ela compartimentar qualquer emoção que ela estava sentindo e se concentrar em sentir seus irmãos/ primos/ filhos (?). Era difícil rotular o que ela era para eles... Oh, bem. Ela ia com irmã mais velha, então. Kana se levanta, cambaleando um pouco e se afastando do local onde caiu.

"Agora, se eu pudesse apenas saber onde Riki e Katsuo estão... Ou porque eles estavam brigando... Ou porque Katsuo estava por perto, depois de eu tê-lo deixado com Gandalf. Ugh."

Ela suspira. O que quer que tenha acontecido entre o tempo em que ela morreu, foi passear nos salões de Mandos e voltou à vida, foi alguma merda que já estava lhe dando dor de cabeça nas primeiras horas de sua terceira vida.

Ela não tem tempo para pensar em dor de cabeça, no entanto, e tinha de ser discreta pois ainda estava em território inimigo. A queda da Torre, por mais que tenha causado estragos, não era nem mesmo relevante quando comparado ao número de inimigos que havia. Kana tinha certeza que a queda da Torre havia diminuído, de forma otimista, uns 5 a 7% do número deles, principalmente porque sua concentração principal era subterrânea, e as fundações devem ter sofrido menos impacto do que o resto da edificação. O máximo que ela havia feito era bagunçar seus suprimentos e armamento.

Isso a irritava. Ela havia passado por muita coisa agora por causa daquele mago e, já que ela tinha visto Riki vivo antes de ir a Mandos – o que era um alívio, ela não ia negar – Kana sabia que o mago estava vivo também. Ela nem poderia captura-lo e tortura-lo, se ele ainda estivesse por lá, o velho provavelmente estava cercado por orcs e, não importa quão habilidosa ela fosse, não conseguiria lutar sozinha contra um exército.

Kana grunhi em aborrecimento, olhos brilhando em escarlate, fervendo de raiva ao mero pensamento do homem que havia machucado sua família.

"Porra, mas eu vou fazê-lo se arrepender disso." Kana pensa, uma carranca em seu rosto delicado. Ela pode não saber como deixa-lo furioso ou reduzir seu exército agora, mas ela descobriria em breve. Passando a mão pelo rosto, ela faz uma careta ao sentir que está sem máscara, embora fosse uma coisa estúpida de se estar chateado, dada as circunstâncias.