O Preço da Confiança

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— Está na hora? – Katsuo pergunta suavemente, para não acordar Eiko, dormindo em seus braços.

— Mn-hum. – Kana responde, ocupada checando as bolsas (dos coelhos e esquilos que ela havia caçado) e se sentindo estranhamente satisfeita com a quantidade de coisas que eles tinham agora. Fora as roupas e utensílios de cozinha que eles adquiriram na vila dos homens, os casacos feitos de pele de wargs que eles mataram e as armas que eles despojaram dos orcs, haviam pequenos "luxos" que ela tinha roubado de elfos – escovas de dentes, pinças, cortador de unhas, mais agulhas...

"Para quem começou com nada além da roupa no corpo e uma katana, até que estamos indo bem. Bem, então... Minastir comentou um pouco sobre Erebor e, das lembranças de Groak mostram que os orcs evitam aquela área por causa dos anões."

— Riki. – Ela chamou, gesticulando com as mãos para ele se aproximar. O menino a olhou com confusão, Raijin ao seu lado.

— Preciso vendá-lo. – Ela disse simplesmente, uma faixa de pano em mãos.

— Por quê ? – Ele indaga e Kana arqueia a sobrancelha, deixando claro que a resposta devia ser evidente. Riki olhou para Katsuo que deu de ombros, também sem entender e Kana suspirou.

— Seus sonhos e a voz que fala com você está te manipulando para saber nossa localização. Vendado, conseguimos um tempo a mais.

— Ei! Isso é injusto! É só uma voz!

— Riki, eu sei que isso vai ser desagradável, mas é para nossa segurança. Sua... conexão com "só uma voz" está causando riscos a todos nós.

— Você não pode ter certeza que é por minha causa e da voz que os orcs estão nos encontrando. Nem que O Olho realmente queira nos fazer mal! Ele me disse que eu podia me transformar em lobo e te salvar, não foi?

— Ele te força a ter pesadelos e por todo lugar que passamos essa criatura foi chamada de "Lorde das Trevas", "Inimigo", "Mal". Não acho que alguém assim iria agir sem interesses próprios. Além do mais, alguém que consegue manter um genjutsu a longa distância por tanto tempo é uma ameaça difícil de ignorar, mesmo que fosse um aliado. O que ele não é, você entende, certo?

— Não! Eu não entendo! Porquê você acredita nos outros, de qualquer forma? Talvez ele não seja "mal", talvez ele só tenha mostrado os pesadelos porque queria me dizer alguma coisa, talvez ele só esteja solitário! Só, por favor, confia em mim!

Riki, eu não confio é em alguém que está te mantendo em um genjutsu e eu nem conheço. Em você, eu confio. – Ela disse, levantando as mãos em sinal de rendição, tentando apaziguar o menino, sem sucesso. Raijin se agitou, rosnando para ela quando ela se aproximou de Riki, que misturava palavras no idioma deles e na língua negra.

— Mentirosa! Você não confia, não! Mamãe e Papai não iriam me vendar, eles não iriam...

O mais jovem para de falar, toda a raiva se esvaindo e uma expressão angustiada e melancólica adornando seu rosto. Ele abaixa a cabeça e começa a andar em qualquer direção, ignorando Kana que o chamava. O hibrido warg o seguiu, Riki acariciando o companheiro peludo.

A menina olha impotente para Katsuo, que observava a cena com uma expressão triste. Eiko parecia ainda dormir, embora quando Riki usara a língua negra ela parecesse prestes a acordar.

— Isso foi... saudades dos pais ou alguma outra coisa?

Katsuo faz um som pensativo, afagando os cabelos castanhos de Eiko.

Beyond Duty and BloodOnde histórias criam vida. Descubra agora