Regras de um Soldado

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— Zirgur! – Sauron chama e logo o orc entra na tenda.

— Traga-me Saruman.

— Sim, senhor! – O orc diz, submisso e ansioso por agradar. Foi... divertido ver essa lealdade cega da criatura, principalmente porque não era acompanhado por aquele terror típico que ele evocava em outros de seus servos. Quase como um animal de estimação, ele concluí. O maia tem um breve pensamento de que talvez fosse exatamente assim que seu senhor se sentisse assim sobre ele.

Dedicado, talentoso e cego de admiração por seu senhor. Ah, ser um soldado jovem e impressionável. – Sauron comenta de bom-humor com Anya, a sua serva pessoal, que estava curvada em um canto costurando novas roupas para seu bebê. A mulher bufa.

— A criatura dificilmente é jovem e impressionável. – Ela diz, amargura vazando quando ela diz criatura, e Sauron tem certeza que há muitas coisas que ela gostaria de dizer que o orc é, nenhuma delas agradável. Ele não a culpa nem fica com raiva, Sauron deve ser o único disposto a ver qualquer coisa de positivo naqueles seres. Mesmo assim, ele se sente compelido a defender o orc.

— Na verdade, ele tem apenas um mês de vida. Se seu crescimento não tivesse sido acelerado pela magia, duvido que ele chegasse até mesmo a metade de minha altura.

A expressão assustada e de boca aberta de Anya é engraçada e ele se vê lutando contra um sorriso, até que Zirgur retorna com seu aliado relutante. As correntes de sombra envolvem seus tornozelos e pulsos e Sauron avalia a expressão sombria na face do outro com satisfação. Se dependesse de sua vontade e de rancores pessoais, Saruman estaria há muito fora de seus planos. Sauron gesticulou para a cadeira a sua frente.

— Sente-se, Curunír. – Ele disse como se fosse um pedido, embora ambos soubessem que era uma ordem. Sauron olha brevemente a Anya, que estava tremendo de medo a ver o mago. Ele não gosta do medo que vê nela por causa do outro.

— Anya, prepare um chá para meu convidado.

Ela engoliu em seco quando Saruman o fitou de forma ainda mais odiosa, mas a mulher obedeceu, embora evidentemente apavorada. Encarando Saruman, ele deixou que o castanho claro de seus olhos se tornasse flamejante, e o outro se endireitou minimamente antes de sentar.

— Cheguei à conclusão que está na hora de sua hospedagem aqui chegar ao fim.

Alarme passa nos olhos negros do outro e Sauron toma um gole do chá calmamente. Ele inclina a cabeça, se deliciando em como o mago parecia uma mescla de medo e ódio.

"Isso mesmo, seu merdinha traidor. Se contorça diante de mim." – Ele pensa ao ver o mago, desprezando-o. Sauron tinha uma lista bastante longa dos feitos vis que cometeu em sua vida, mas uma linha que ele nunca cruzou era traição. Até que alguém o traísse, ele era leal. Mesmo quando ele se apartou de Aüle e dos outros Valar, foi apenas porque eles o traíram primeiro. Eles não tinham reconhecido o quão brilhante e disposto ele estava, o quanto ele desejava que alguém o entendesse sem julgamentos, sem silenciar suas aspirações.

Melkor o viu. Ele lhe deu poder, e reconheceu seus talentos e o orientou sem oprimir suas ideias só porque elas poderiam não ser convenientes para o restante das raças que Eru criou. Uma vez que ele se aliou a Melkor, ele nunca havia o traído. Ele teve algumas retiradas táticas ao longo dos anos, mas não traído. Mesmo agora, se seu senhor voltasse, ele o serviria como nas primeiras eras.

"Mas valeria a pena?" ­– O pensamento rebelde passou por sua mente.

— Ora, mas que expressão exagerada, Curunír. Com medo que eu faça algo extremo? – Ele ri um pouco, a risada infantil e travessa dando arrepios em Anya, porque parecia tão inocente, quando tudo era terrivelmente ameaçador.

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