Deusas

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Ikisaki - Capítulo 25

Deusas

"O dado cai de acordo com a decisão da deusa Fortuna".

- Petrônio

Como uma leve brisa, ambos desapareceram, e o nosso amado casal também se separou, Sesshoumaru deixou Kagome em segurança próximo do seu grupo e se encaminhou para onde havia deixado sua protegida, com Jaken.

XXX

O cantarolar preenchia o ambiente com um som suave e contínuo, numa voz doce e angelical. Estava atarefada, como sempre, mas ela não se importava com isso, por vezes nem prestando atenção enquanto executava suas tarefas, ela amava o que fazia e fazia com destreza. Haviam muitas coisas que eram de sua designação, mas ela não se importava com isso, já estava bem habituada naquela rotina e no fundo até apreciava, assim que acordava, ela já cuidava da iluminação do dia, de forma gradativa, cuidando para o que Sol iluminasse cada centímetro possível com sua luz e seu calor.

Nada conseguia fugir de sua luz, mesmo as casas, ela conseguia penetrar, fosse pela porta, janela, ou até mesmo por pequenas frestas na junção da madeira para as paredes e teto. Fosse o que fosse, nada escapava de seu cuidado, nem mesmo os seres vivos. Quando começava a entardecer, Amaterasu se voltava para os campos, principalmente os de arroz, contudo ela cuidava de todos, para que tivesse fartura e em abundância, e para que nada morresse por um descuido dela.

Os campos de arroz eram bem cuidados e ela olhava para cada um com atenção, afinal a fartura do Japão era no grão de arroz e o grão era também o principal alimento da nação, como deusa do Universo, não poderia se dar ao luxo de menosprezar seu povo. Com cuidado, costurou mais um ponto no bordado do tecido, cantarolava ainda uma música qualquer, enquanto observava em seu espelho, à sua frente. A imagem de Kagome é refletida de maneira exclusiva, afinal apenas ela lhe importava no momento.

Amaterasu percebia a angústia da filha sobre a sua descoberta recente e sabia que tinha fundamento, ela sabia que Kagome não havia contado a mais ninguém, exceto ao filho da lua. Aquela união ainda lhe era um mistério, mas a deusa desconfiava que Xia desejasse que ela fizesse as pazes com a irmã, porém Amaterasu não lhe daria o braço a torcer ao questionar algo como aquilo. Seu problema com Tsukiyomi era muito maior do que isso, e ela ainda tinha rancor da outra.

O espelho mudou o foco da visão mostrando o grupo de Kagome andando, enquanto ela andava empurrando aquela coisa esquisita, chamada bicicleta e perdida em seus próprios pensamentos. Amaterasu desconfiava que tipo de pensamentos rondavam sua mente, como era possível ela ser filha de uma deusa, ainda que fosse gerada através de uma humana? Ou o que aconteceria com ela? O que ela era? Amaterasu ansiava pelo momento de vê-la pessoalmente, tocá-la com todo seu ser e aí sim, Kagome conheceria sua importância e sua real essência.

A deusa do Sol ansiava a cada segundo o momento do encontro real das duas, uma vez que o que Kagome conheceu de si, em sua mente, era apenas a essência contida no selo do esquecimento, uma mera lembrança de sua decisão. Costurou mais um ponto no bordado, levantando a peça diante de seus olhos para ser analisada, o símbolo do sol radiante no tecido vermelho, o contraste perfeito do amarelo, vermelho, azul e branco. O espelho ainda refletia Kagome, afinal era sempre assim, Amaterasu cuidava e zelava dos caminhos de sua filha, sempre a alertando quando precisava ou a acalmando quando ela se sentia ameaçada. Não possuía um dia que ela não observava a sacerdotisa.

Kagome era seu bem mais precioso que precisava ser protegido com todas as suas forças, principalmente dele... Uma raiva surgiu em seu ser e acabou espetando seu dedo com a agulha, o sangue surgindo na ponta de seu dedo, ainda não conseguia perdoar o que ele havia lhe feito, seu nome nem merecia ser mencionado de tão ordinário que era. Os olhos castanhos se voltaram para o espelho, mudando os pensamentos para algo mais agradável — Sanarei suas dúvidas no momento certo — ela disse para o nada, como se Kagome estivesse à sua frente e pudesse ouví-la.

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