Decisão

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Ikisaki - Capítulo 27

Decisão

"Às decisões não são fáceis de serem tomadas, mas são necessárias".

- Autor Desconhecido

Sentia muita falta de seu pai, mas ele não voltaria mais, já Kohaku ainda estava em seu alcance e enquanto ele estivesse vivo, ela lutaria por ele.

— Eu estou aqui para você — a voz do monge a trouxe de volta.

É claro que ele estaria, e assim que estivesse bem, ela também estaria por ele.

XXX

Observava o brilho das estrelas e da lua. A leve brisa da noite soprava, suavemente, por entre as copas das árvores num farfalhar mínimo que uma brisa de primavera trazia consigo. Estava muito bem acomodado em um galho, observando às coisas ao redor, não era como se alguém fosse surpreendê-lo naquela altura, já estava mais do que habituado a vigiar. O Inu-hanyou estava sozinho naquele momento, cuidando da proteção de seus amigos, como de praxe.

Sentava-se como de costume, uma de suas pernas suspensas no ar, Tessaiga entre as pernas e as mãos apoiadas nos joelhos. Os olhos cor de mel não olhavam para baixo, como deveria, mas sim para o céu. Inu-Yasha percebia, apenas naquele momento, a imensidão do céu comparada com a terra. Como podia existir algo com aquela grandeza? O que mais existia além das estrelas? Havia também outros pensamentos que rondavam a mente do hanyou naquele momento, um deles era essa situação ao qual ele havia entrado... Não exatamente por querer... Uma espécie de triângulo amoroso. Por muito tempo fora isso, não?

Ele saía para se encontrar com Kikyou, tinha ciência de que escondido, ficava com ela o tempo que achava necessário, depois retornava para Kagome, como se aquilo não fosse nada demais, e a encontrava chateada, implorava por seu perdão, a sacerdotisa acabava cedendo e o desculpa, e depois, quando dava por si, o ciclo se repetia uma vez mais... Todavia, depois de algum - muito - tempo, mais precisamente alguns meses atrás, o papel de Kagome mudou. Quando ele saía para se encontrar com Kikyou, ela não ficava mais lhe aguardando e parecia não ligar mais para suas desculpas...

Olhou para a garota que dormia abraçada com seu filho do coração. Kagome não se importava mais com ele, com quem estava ou deixava de estar, e ele não compreendia o porquê. Houve vezes que deixou de se encontrar com Kikyou, poucas mas existiram, para atender aos caprichos dela e agora fazia como se não se importasse, como se ele não fosse nada. Não negava que amava Kikyou, era um amor antigo, sincero, seu primeiro amor. Não sabia que ela havia morrido porque estava lacrado, por ela ainda por cima, mas quando soube, ele sofreu. Não tão aparentemente, mas sofreu e muito. Porém ter Kagome, tão parecida com ela, mas com o cheiro errado, lhe era agradável, poderia viver seu amor com a reencarnação dela enfim e seria como se nunca houvessem se separado.

Porém Urasue apareceu e trouxe de volta Kikyou roubando sua alma para tal, mas como a alma de Kagome se recusou a retornar para seu antigo corpo, Kikyou ficou com uma parte da alma, em um corpo de terra e ossos. Ali seu coração ficou confuso, qual das duas escolher. Havia uma nova chance de viver seu antigo amor, mas era diferente agora, haviam duas pessoas para serem amadas, mas que no fundo eram a mesma. Era essa a visão que Inu-Yasha tinha de Kagome e Kikyou, que eram a mesma pessoa em dois corpos. A brisa soprou por ele novamente, e com ela o cheiro amadeirado de seu meio-irmão, franziu o nariz com o cheiro abominável para si.

Sesshoumaru estava sempre por perto ultimamente e aquilo não o agradava em nada. Parecia estar cercando o grupo por algum motivo. Por que estar tão próximo assim? Havia algo que quisesse? Tessaiga novamente? Os olhos cor de mel se voltaram novamente para a garota adormecida, não seria por causa dela, não é? A verdade era que Inu-Yasha andava bem incomodado com o relacionamento de Kagome e Sesshoumaru, eles estavam próximos demais e ele não enxergava um motivo para tal... Para essa proximidade. Era como se estivesse a perdendo para ele e aquilo lhe era inadmissível!! Todas as vezes que sentiu o cheiro dela misturado ao dele, uma raiva se apossava dele e não podia nem reclamar, porque Kagome o tratava como um qualquer. Quase o escorraçando de sua presença.

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