Barreira

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Ikisaki - Capítulo 34

Barreira

"As barreiras que criamos para nossa proteção podem nos proteger de tudo, menos de nós mesmos".

- Waan Oliver.

— Se Naraku estiver mesmo aí, — a voz do lobo atraiu a atenção dos demais youkais — algo muito errado deve estar acontecendo... — os azuis ficaram ferozes por um instante — E isso, é inadmissível.

XXX

Caminhavam tranquilamente dentro da barreira. Eram rodeados por muitas árvores e o caminho não lhes era muito certo, com galhos e a subida levemente inclinada, contudo Kikyou sabia que em algum momento eles sairiam na estrada que levaria ao templo do Buda. A névoa esbranquiçada nunca os abandonou e em alguns pontos, ela se tornava ainda mais forte, sendo difícil de enxergar o que estava à frente.

O cheiro de flores também não os abandonava, quase como se o aroma pertencesse à névoa, não ao ambiente que estavam caminhando. A paz reinava ali e não havia um som exterior que maculasse aquela paz, o que os deixava um pouco em alerta, nem mesmo os pássaros eram ouvidos. Claro, tirando o barulho dos passos do grupo que caminhava a esmo pelo lugar, esmagavam as folhas secas e quebravam alguns galhos caídos pelo chão. Miroku estava um pouco ofegante, em vista que a barreira o afetava ainda, mesmo ele sendo humano. As mulheres já não sentiam nada além de uma paz muito grande.

Kikyou seguia na frente, liderando o pequeno grupo na direção que ela sabia ser o templo em homenagem a Hakushin. Sango vinha logo atrás, observando os arredores de tempos em tempos, buscando qualquer possível emboscada que surgisse no caminho, era uma exterminadora no fim e quase nunca conseguia relaxar. Miroku caminhava entre Sango e Kagome, sem deixar transparecer o cansaço que sentia, não era insuportável, mas muito desconfortável.

Kagome por sua vez, sentia-se encantada com o lugar. As árvores eram altas e bem espalhadas por ali, além de observar diversas espécies de flores entre suas raízes, muitas delas de cores tão únicas que a sacerdotisa se sentia tentada a pegá-la apenas para sentir que fragrância continha, contendo-se por vezes. A garota olhou ao redor não acreditando agora ser mesmo possível que Naraku estivesse ali, não com toda aquela pureza imaculada que a cercava.

Mais atrás do grupo vinha Takeo. O azulado observava o grupo que caminhava tranquilamente a sua frente, observava as ações de Kagome que desejava tocar nas coisas ao redor, mas se continha e continuava a caminhar, como se o desejo nunca houvesse brotado em seu coração. Takeo se sentia estranho em alguns momentos, não sabendo explicar muito bem porquê, era quase como se a névoa tivesse olhos e os observasse de todos os lados, imperceptível aos humanos. Mas não a ele.

Takeo estava sério, e preparado para agir no minuto em que o problema aparecesse, se aparecesse, sabia que Kagome zelava por seus amigos, mas a prioridade dele era a morena e se fosse necessário escolher, sua escolha seria sempre ela. Sua segurança. Os olhos chocolate se chocaram brevemente e Sango desviou o olhar ao perceber que o outro a olhava de volta. Tinha tantas perguntas para fazer ao azulado, mas não tinha coragem.

Tipo, porque se aproximaram de Kagome. Quem eles eram de verdade. De onde haviam vindo... tantas questões, todas pessoais e por mais que tivesse muita curiosidade sobre o assunto, não se sentia no direito de perguntar sobre qualquer coisa, por mais que desejasse muito saber. Sabia que não era apenas ela que estava curiosa, porém seria a única que se arriscaria a perguntar em algum momento, mesmo que não o fizesse de verdade...

Desviou de mais um galho, ajeitando o osso voador nas costas. Um dia, pensou enquanto olhava uma última vez na direção do Omikami que lhe deu um leve sorriso em resposta. Takeo não era tolo, sabia que eles tinham curiosidade sobre eles agora que tinham conhecimento dos mesmos, mas que eles lhe dariam abertura para falarem quando tivessem mais intimidade... O que ainda não existia.

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