Tristeza

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Ikisaki - Capítulo 1

Tristeza

" A dureza de um momento de tristeza, nos transmite lições para a vida inteira ".

- Autor desconhecido.

XXX

— Kikyou!

A voz do hanyou, como num sussurro, chegou até ela, como se flutuasse diretamente para seus ouvidos, obrigando-a a abrir os olhos. Eles estavam acampados numa das várias pausas da busca pelos fragmentos da joia de quatro almas. A noite já estava avançada, algo próximo da meia-noite, talvez um pouco mais e vê-lo se levantar, os deixando ali sem ao menos um aviso, desprotegidos, apertou seu coração.

Novamente Inu-Yasha seguia em direção a ela e a deixava ali, como a segunda opção que sempre fora, e continuaria sendo. Sentiu a angústia se alojar em seu peito, o coração já amargurado pelo novo sentimento, a troca. Com cuidado, deixou a pequena Kitsune em seu saco de dormir e se levantou, precisava arejar os pensamentos um pouco. Não sabia como reagiria quando ele retornasse...

Estava cansada daquela situação, sempre precisava ficar o aguardando, com o coração aos pedaços a cada partida, porém ele sempre corria para longe dela, em direção a Kikyou e no fundo, Kagome tinha a certeza em seu ser, que sempre seria a escolha dele no fim, Kikyou era o verdadeiro e único amor de Inu-Yasha e ela não poderia mudar isso. Nunca. Pegou o caminho para dentro da floresta, numa direção contrária ao que o hanyou afoito havia seguido. Quer para onde havia seguido, não desejaria encontrá-los.

A luz da lua dava uma boa iluminada no caminho e apenas por isso ela sabia para onde e por onde iria, porém ela estava bem ciente de que a qualquer momento poderia chover, Inu-Yasha havia os avisado sobre o mau tempo e por isso eles estavam naquela pequena gruta, para protegê-los dos imprevistos que pequenas gotas de chuva poderiam causar. Seus pensamentos flutuavam sem controle algum e no fundo ela não queria refreá-los, estava cansada daquele ciclo vicioso ao qual os três haviam entrado, ou do qual ela havia entrado de intrusa... Kikyou aparecia, ele a deixava e depois voltava como se nada tivesse acontecido e pedia desculpas por isso, prometendo que não haveria uma próxima vez, porém, sempre havia e ela sabia que o hanyou a deixaria todas as vezes pela outra e aquilo doía em seu âmago.

O coração de Kagome estava dolorido e se pudesse ele choraria, porém ela era boa demais para se deixar corromper por tão pouco, sabia que esse era o seu maior defeito, esse sentimento que sempre surgia quando Inu-Yasha a deixava, e mesmo que não quisesse dar tanta importância, ela dava, mas o que ela poderia fazer? Era uma simples humana, e humanos sucumbem aos seus sentimentos, por que com ela seria diferente? Sentiu a lágrima escorrer por seu rosto: "Que idiota eu sou!" Kagome caminhou mais adentro na floresta, tomando um rumo diferente do previsto, uma área que ainda não havia pisado, mas isso não a fez recuar, era como se seus pés pudessem pudessem ditar as regras enquanto sua mente viajava em melancolia e divagações.

Um clarão atraiu a atenção da morena quando um relâmpago atravessou o céu, as nuvens desaguariam a qualquer momento e ela esperava um pouco por isso, quem sabe a chuva não levava aquele sentimento de si? Por isso amava a chuva, era como se ela pudesse dividir sua tristeza com cada gota que caia e ao mesmo tempo lavasse o seu interior. Continuou a seguir seu caminho enquanto seus pensamentos voavam sem uma direção certa, porém sempre em torno do casal. Não havia percebido que uma presença se aproximava de si, tão aérea que estava e no fundo, talvez ela desejasse mesmo morrer. Afinal se sentia uma inútil, nada a fazia reparar no seu valor, se sentia um nada. Os âmbares fitaram a morena caminhar sem rumo, enquanto os primeiros pingos de chuva os molhava.

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