Takeo

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Ikisaki - Capítulo 10

Takeo

"Não há segredos que o tempo não revele ".

- Jean Racine.

E era enquanto caminhava que Kagome percebeu o quão fodida ela estava. Afinal, seu coração ainda disparava como um louco. Ah sim, porque ela estava fodidamente apaixonada por Sesshoumaru.

XXX

Já haviam se passado alguns dias desde aquela troca de olhares entre Sesshoumaru e Kagome. Desde então a garota tem se recusado a se afastar demais do grupo para não ter que encontrá-lo. A verdade era que Kagome não sabia mais o que pensar sobre si mesma em relação a Sesshoumaru. Não podia crer que estava se apaixonando por ele, ainda mais sabendo quem ele era.

Não foram poucas as vezes em que se sentiu inferior ao youkai e ela sabia onde era seu lugar, por mais que não tivesse total costume com aquele tempo, já havia aprendido que para youkais, humanos são apenas comida ou passatempo. Então, aquele tipo de envolvimento com Sesshoumaru a deixava confusa e levemente ansiosa, não podia deixar de fantasiar coisas, com seu coração bobo. A estrada à sua frente estava levemente esburacada, o que fazia com que Kagome pulasse em sua bicicleta enquanto pedalava.

O grupo estava seguindo uma nova pista de Naraku, ele sempre estava nos lugares mais distantes, ou ele sempre fazia parecer estar distante, afinal Naraku era imprevisível. O grupo estava cansado de procurar em círculos pelo hanyou, mas não havia nada a ser feito, ocasionalmente eles encontravam algum empecilho que estava atrás dos fragmentos de Kagome, e ela já mostrava melhora em se defender, já estava uma exímia atiradora. Ela e Kikyou já estavam mais próximas também, para desgosto do hanyou, não era como se ele não desejasse que elas fossem amigas, porém estava claro para ele que Kagome não sentia mais nada por si.

E isso era inaceitável para ele, afinal Kagome também lhe pertencia e por mais que quisesse que Kikyou estivesse com ele, ela não tinha mais vida. Sango e Miroku estavam mais próximos também, e por mais que ninguém comentasse, já cogitavam que eles eram um casal. Inu-Yasha corria na frente com Kikyou em suas costas, Kirara levava o monge, a exterminadora e a Kitsune, enquanto Kagome ia em sua bicicleta um pouco mais atrás. Shippou a observava de vez em quando, percebendo que ela estava perdida em pensamentos há algum tempo.

A verdade era que a sacerdotisa estava incomodada. Ela não entendia o porquê de estar sentindo o youki de Sesshoumaru com tamanha facilidade, mesmo que eles não estivessem próximos. Porém, mesmo enquanto se afastava do local ao qual estava o youkai, Kagome sentia que ele os seguia, mesmo que de forma imperceptível a Inu-Yasha... mas não a ela. A garota estava tentando acreditar que era apenas uma coincidência, que ele não estava os seguindo, estaria apenas seguindo para o mesmo lugar que eles... Não haveria um motivo para que ele ficasse tão próximo, não era?

Por mais que tentasse não dar importância a isso, seu coração dava. E começava a confabular com seus pensamentos, fazendo-a acreditar que apenas talvez, ele estivesse a seguindo. Balançou a cabeça para os lados afastando aquele tipo de pensamento, já estava se cobrando por deixar seu coração se envolver daquela maneira. Inu-Yasha olhou por cima do ombro, avistando Kagome pedalar de forma mecânica, com a mente longe, a expressão perdida. Não gostava de saber que ela e seu meio-irmão bastardo estavam a se encontrar por aí, mesmo que não acreditasse que eles conversassem... porém, apenas a menção a este pensamento fazia seu sangue ferver.

Sesshoumaru sempre queria o que lhe pertencia e ele não deixaria levar Kagome também. Ainda não sabia como iria fazer aquilo dar certo, mas ele queria Kagome também, mesmo que já tivesse Kikyou. A sacerdotisa em suas costas percebia a forma como ele reagia a Kagome, e ela sabia também que a outra não ligava mais para o hanyou, aquilo era complicado, porque, por mais que ela já estivesse ali, mesmo que em partes, ele não a desejava cem por cento. Havia ali, aquela pequena parte que preferia a sacerdotisa do futuro, e por mais que estivesse alegre no princípio, quando lhe foi permitida a 'entrada' no grupo, ela não sabia ao certo o que sentir agora. Ela o amava, o queria, mas perceber que não era tão recíproco assim lhe doía profundamente.

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