Algumas situações nos moldam de uma maneira diferente, que podem ou não acarretar mudanças tantos boas quanto más. Ser constantemente comparada é uma delas, ouvir que você precisa ser igual ou agir como a outra pessoa é outra. Por isso tentei mudar...
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Despertei a algum tempo e não sei o que fazer além de olha-la dormi em meus braços.
Sempre odiei o dia seguinte, porque não gosto de criar expectativas nos outros e por isso nunca deixei que uma mulher dormisse em minha cama, muito menos em meus braços. Porém, aqui estou eu e olha que nem transei com a garota.
Tê-la aconchegada em meus braços, sentindo seu corpo colado ao meu, seus cabelos fazendo cocegas em meu nariz, me faz sentir deferente e nem um pouco incomodado.
Alicia D'Ávila tem tantas nuances que me deixam ainda mais curioso. Uma hora ela é um mulherão, prepotente e arrogante, em outras ela é uma menina perdida e muito machucada e tudo o que eu quero é protege-la. Como ontem...
Ver aquele saco de estrume falando com ela daquele jeito, despertou um bicho que pensei que estava morto a muito tempo. Tudo o que eu queria era espancar aquele merda até ele soltar sua última respiração.
Não acho que sua família saiba de tudo o que aquele homem faz com ela e aposto minha vida que o Gael não sabe como sua filhinha foi e está sendo tratada por aquele filho da puta!
— Pare de se mexer ou vomitarei em você. — Sua voz rouca de sono diz e olho e constato que ela nem abriu os olhos.
— Vejo que está acordada. Como está sua cabeça?
— Minha cabeça está bem, meu estômago não. Que horas são agora? — Ela pergunta ainda sem abrir os olhos.
Me estico na cama e agarro meu celular e constato que já passa do meio-dia.
— É quase uma hora da tarde. — Digo e ela levanta com tudo, se arrependendo logo em seguida. — Devagar sua maluca.
— Droga! Estou mega atrasada e meu pai irá acabar com a minha raça. — Ela diz levantando da cama. —Preciso ir embora, mas você rasgou a porra do meu vestido!
— Pode ir com a minha camisa e vou te emprestar uma calça de moletom, mas antes terá que me prometer uma coisa. — Digo em um tom que não admite recusa.
— O que?
— Você terá que jantar comigo hoje, e não, eu não aceitarei um não como resposta. É isso ou você pode ir pelada para casa. É pegar ou largar.
Ela me olha em choque, mas eu estou pouco me lixando. Ela que não pense que esqueci do que aconteceu ontem com aquele lixo ou a conversa superficial que tivemos. Algo bagunçou essa menina e eu quero saber o que é!
Podem achar que sou convencido, que me acho demais, mas eu conheço as mulheres e sei quando estão se afogando e esse é o caso da Alicia.
— Isso é tão errado! Você e eu somos uma receita para o desastre, será que não entende isso? — Ela me olha e vejo o quão vulnerável ela está.
Levanto da cama e caminho até ela, puxando seu corpo até encostar no meu. Tiro os fios de cabelo que grudaram em seu rosto. Levo meu tempo fazendo isso e apreciando fazer, arrumo até que seus cabelos estão perfeitamente caindo em suas costas. Seguro seu rosto até que seus olhos encontrem os meus.
