Capítulo 7

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Vejo meu pai saindo da sala e seu olhar de decepção estará para sempre gravada na minha memória

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Vejo meu pai saindo da sala e seu olhar de decepção estará para sempre gravada na minha memória...

Tudo o que eu mais temia acabou de acontecer; meus pais e meus irmãos descobriram pelo que passei quando namorava o Flávio. Meus pais são as pessoas que mais amo no mundo, são igualmente, as pessoas mais importantes para mim e em segundo vem a Gaia, outra que acabei decepcionando e magoando profundamente.

Não queria que essa história viesse a tona, principalmente como aconteceu. Não queria tratar um assunto tão delicado para mim na frente de todos, mesmo que tenha sido dessa maneira que tratamos tudo em nossas vidas; juntos como a família única e unida que somos.

Jamais quis que meu pai, dentre todos, soubesse que sua própria filha foi tão fraca que não conseguiu sair de um relacionamento abusivo quando houve a primeira merda. O senhor Gael D'Ávila, o soberano dos tribunais, o homem mais integro que conheço, cresceu vendo sua mãe sendo espancada dia sim e no outro também. Meu pai que para esconder suas cicatrizes encheu o corpo de tatuagens, como se esconde-las amenizasse as dores que sofreu.

— Ei, você está bem? — Maria pergunta preocupada.

— Estou... eu... nunca quis que nada disso tivesse acontecido. Não queria que ninguém me olhasse como estão fazendo agora; com dó... com pena. Isso machuca bem mais que o olhar magoado e traído do meu pai.

— Como você queria que te olhássemos então? — Júlio pergunta, seu tom de voz mordaz, afiado, como se estivesse se controlando ao extremo para escolher as palavras certas. — Somos sua família, deveríamos saber do que te aconteceu, e não me venha com esse negócio de vergonha, pois eu não acredito nisso!

— Júlio! — Vida grita indignada.

— Deixe-o Vida... vamos lá Júlio D'Ávila, me diga o que o senhor certinho tem a dizer. — Digo, deixando todo o veneno escorrer em cada palavra dita. — Já tive minha vida exposta mesmo, já fui violada de todas as maneiras. Receber mais um julgamento não fará diferença!

Explodo deixando todos na sala de boca aberta.

— Calma Ali, nós somos sua família. Nós amamos você e nos preocupamos. Estamos devastados pelo que passou. Deveria ter nos contado, pedido ajuda, conselho, nós sempre estivemos aqui para você. — Maria tenta me acalmar, mas só me deixou ainda mais irritada.

— Nós, nós, nós! — Grito me levantando do sofá, enxugando minhas lagrimas de maneira agressiva. — Não cabe um Nós nessa equação Maria. É a minha vida, minha privacidade. EU, quem fui agredida, EU quem fui humilhada, EU quem fui abusada e não NÓS!

— Alicia... — Vitor diz em um tom de pena.

— O que eu disse mais cedo para o meu pai é a verdade, queira você acredite ou não Júlio. Eu jamais senti vergonha de fazer parte dessa família, mas hoje eu sinto. Jamais julguei nenhum de vocês ou as coisas que vocês passaram. Sempre estive aqui, sempre disposta a ajudar, a confortar, a enxugar as lagrimas e ajudar no que fosse preciso, mas hoje? Hoje eu me sinto um trapo por ter sido violada mais uma vez e o pior! Pelas pessoas que mais amo no mundo.

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