Algumas situações nos moldam de uma maneira diferente, que podem ou não acarretar mudanças tantos boas quanto más. Ser constantemente comparada é uma delas, ouvir que você precisa ser igual ou agir como a outra pessoa é outra. Por isso tentei mudar...
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Dizem que gente louca só atrai mais gente louca, eu nunca acreditei muito nesse ditado, mas hoje, nesse instante, eu tenho que concordar.
Estava na paz de Cristo, trabalhando feito uma camela no sol do deserto, quando minha secretária invade minha sala de supetão.
— O que na terra está acontecendo? — Pergunto, desligando a ligação na cara do meu tio Donatello.
— Por Deus Alicia! — Ela diz toda perdida. — Não basta vocês serem lindos, os agregados que chegam são mais ainda.
— O que está acontecendo?
— Um homem... um homem lindo e totalmente puto, está na recepção exigindo falar com você. Ele tem um ar de perigo, como se estivesse a um passo de sacar uma arma e sair atirando em todo mundo.
Levanto minha mão e com os dedos, massageio minha testa, sentindo uma dor de cabeça surgir. Tenho que lidar com um cliente insuportável, minha mãe não está atendendo o celular, meu pai não sabe onde a louca da sua mulher se enfiou. Sem falar que minha irmã gêmea está tentando a todo custo que eu a esgane, isso tudo tendo que aturar aquele maldito tatuado bipolar.
Me levanto da minha mesa e saio da sala, indo em direção a recepção, para descobrir quem é esse tal homem perigoso. Assim que faço a curva no corredor, dou de cara com o homem que deixou minha secretaria esbaforida.
— Ettore? — Pergunto surpresa quando constato que é namorado da irmã do Play. — O que está fazendo aqui?
Ele se vira com tudo assim que escuta minha voz e com dois passos, ele se aproxima de mim.
— Thesca está com você? — Ele pergunta ansioso.
— Não, eu a vi ontem no apartamento dos meninos. Não combinamos nada para hoje.
Sim, passei um tempo com a irmã do Play, não que ela não seja interessante, mas decidir fazer isso para tentar descobrir um pouco mais do homem enigmático com quem estou transando.
— Ela saiu mais cedo, dizendo que estava vindo para te levar para almoçar, mas estou tentando ligar para ele e ela não atende.
— E você está preocupado com ela, é isso? — Pergunto e ele acena que sim.
Eu o puxo pela mão e o levo para minha sala, não querendo que alguém escute nossa conversa. Entramos e espero ele se acomodar e só então eu tranco a porta.
— Ettore... Thesca é uma das mulheres mais perigosas pelo que ouvi falar. Ela tem treinamento, mata sem dó, então não entendo por que de toda essa preocupação.
— Não estou preocupado com ela, não totalmente, e sim estou preocupado com o estrago que a minha mulher poderá causar andando livremente por essa cidade desconhecida. — Ele explica e isso me faz rir. — Sua cunhada tem um...como vocês dizem aqui? — Ele olha para o teto pensativo. — Sim! Ela tem um pavio curto, mesmo não estando armada, Thesca pode ser mortal. Imagine se alguém achar que, por ela ter aquela carinha de inofensiva, mexer com ela?
