Capítulo 6

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Eu sonhei em ser um advogado desde pequeno, queria crescer e fazer alguma coisa contra homens abusivos como meu pai

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Eu sonhei em ser um advogado desde pequeno, queria crescer e fazer alguma coisa contra homens abusivos como meu pai. Eu cresci vendo minha mãe sendo surrada por qualquer coisa; um arroz muito quente ou com pouco sal, uma carne malpassada, uma calça com pregas malfeitas, um lenço sem passar... pergunte qualquer motivo e eu o terei na ponta da língua. Esse era o meu pai, foi esse exemplo que tive em casa e foi muito difícil provar que eu nunca seguiria o seu estereótipo.

As estatísticas provavam que era impossível que uma criança que nasceu em um lar agressivo pudesse ser diferente daqueles que o criaram. Por isso eu lutei... lutei muito para provar que eu era diferente, que independentemente do meu pai, eu seria um homem diferente do que ele foi e consegui!

Luto contra homens como ele, luto a favor dos menos favorecidos, livro crianças que passam pelo que passei e posso confessar uma coisa? Em cada caso que eu julgo e que bato o martelo a favor dos abusados, é como dar um tapa na cara do meu pai e isso em deixa muito satisfeito.

Mas como diz o ditado popular; casa de ferreiro espeto de pau!

Eu jamais poderia imaginar que dentro da minha casa, que uma filha minha, poderia estar passando por alguma coisa parecida. Eu sempre me gabei de ser um excelente pai, de criar meus filhos para serem pessoas de bem, para ajudar o próximo. Yza e eu, criamos nossos filhos na base da amizade, deixando nossa porta aberta para quando eles precisarem. Porém, hoje descubro que a minha menina, minha princesinha, estava sofrendo abuso do ex-namorado.

Claro que eu sabia que ele era um idiota, que o namoro tinha acabado por causa de traição, mas nunca, em toda a minha vida, eu poderia imaginar que ele estava agredindo minha filha fisicamente e emocionalmente.

Agora, só agora, eu posso entender a distância que cresceu entre a Gaia e a Alicia. Achei que era pelas coisas que tinham acontecido na infância e pelas comparações que alguns amigos delas faziam. Tudo passou pela minha cabeça, menos que Alicia estava sendo abusada por aquele maldito.

— O senhor está bem tio Ursão? — Valentin pergunta sem desviar os olhos da rua.

— Não e nem sei como vou ficar.

— Tio, nada disso foi culpa sua, o senhor sabe disso, não sabe? — Ele pergunta, mas permaneço em silencio. — O senhor nos ensinou que sempre poderíamos contar com você, que independente do que aprontávamos, o senhor sempre estaria ali para nos ajudar. O senhor e a tia princesa sempre deixaram a porta aberta para nós, filhos e sobrinhos.

Sorrio pela maneira dele falar.

— Já parou para pensar que você só chama sua tia, de tia princesa quando está preocupado ou feliz demais?

— Nunca parei para pensar nisso.

— Se a culpa não é minha de quem é? — Pergunto mais para mim mesmo do que para ele. — Eu passei uma vida dentro do fórum, lutando para condenar cada filho da puta que cometem abusos contra mulheres e crianças. Presidi casos que me deixaram doentes, mas que fiz questão de condenar o agressor com a maior pena. Sempre me senti orgulhoso de lutar pelo que acredito, mas agora?

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