Capítulo 12

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Miles

Dois meses depois

— Mais rápido. — Blue manda impaciente, reviro os olhos e aumento a velocidade. — Se parar de mexer, o bolo não vai sair bom.

— Assim está certo, senhora? — pergunto ironicamente, passando meu dedo sujo de massa em seu pequeno nariz.

— Faz direito ou vou meter essa forma na sua cabeça. — dou risada, observando a cópia que Blue é da minha mãe.

Nesses dois últimos meses, Blue anda se abrindo mais comigo, e fico feliz por cada passo que ela dá. Sem medo, sem receio, e sem vergonha de ser quem é.

Mês passado, depois de uma briga, Blue veio até mim com medo de uma possível separação e disse que sabia ser uma "verdadeira mulher". Na cabeça dela, essa definição seria: limpar, cozinhar, e cuidar de crianças.

Blue me explicou que aprendeu a ser assim, submissa. Demorei para colocar em sua cabeça que os ensinamentos de Morgana estavam totalmente errados, que ela não precisa disso para ser considerada uma mulher perfeita.

— Vamos no médico daqui a pouco, marquei uma consulta para você. — aviso, me preparando para a reclamação.

— E você marcou sem me informar? Sabe que eu detesto hospitais, Miles. — minha namorada fala, brava.

— Precisamos saber como está sua saúde, Blue. Sua alimentação melhorou um pouco, mas não totalmente.

— Argh! — resmunga, jogando farinha em cima de mim. — Vou tomar banho, arruma tudo.

Dou risada, amando esse seu lado.

Acho que amo ela.

Tudo que envolva Blue me encanta, e só de imaginar ficar longe, me deixa com um aperto no peito.

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— A anemia ainda se faz presente, então vou pedir que continue com as vitaminas. Daqui a um mês vocês podem voltar e faremos novos exames. — o médico explica e presto atenção em cada palavra. Blue mantém a cabeça encostada no meu ombro, apenas observando. — Continue seguindo a dieta, certo?

— Uhum. — Blue murmura.

Saímos do hospital e entramos no carro, seguindo para a casa dos meus pais. Amanhã nossa rotina começa e precisaremos trabalhar, mas por hora, vamos curtir o domingo.

Também preciso ver como Felicity está.

Eros anda viajando, ajudando minha mãe em sua ONG. Acredito que o destino desse ano seja Nigéria, na esperança de ajudar as famílias das vítimas do massacre que ocorreu na igreja católica.

— Daqui a pouco é o seu horário do almoço. — informo e minha namorada faz um biquinho. — Sem questionamento.

— Fico parecendo uma criança assim, o daddy issues que habita em mim festeja. — ela brinca, mas sei que esse é um assunto delicado..

— Tem notícias da sua mãe? — pergunto, querendo apaziguar a dúvida que venho tendo há alguns dias.

— Não. Deve estar gastando nosso dinheiro em festas e compras. — encolhe os ombros, encarando a paisagem que passa rapidamente pela janela. — Se esqueceu de mim pela milésima vez.

— Morgana não merece você, amor.

Blue fica calada, e sei que ainda tem receio em ir até a mansão. Mesmo depois de tudo ser esclarecido e meus pais compreenderem o seu lado, ela tem medo.

Medo do abandono.

— Lembra da promessa que fiz a você? — questiono, parando no sinal.

— Que não iria me deixar.

— Eu cumpro minhas promessas, Blue.

Ela sorri, um sorriso lindo e que eu amo. Quando Blue sorri, suas covinhas aparecem e seu olhos, azuis que também amo, se iluminam.

Um verdadeira pintura.

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— Ela foi embora outra vez?! — indago, nervoso.

— Felicity prefere ficar longe de tudo que lembre a Angel. Não pode julgá-la, Miles. — mamãe responde, concentrada em seu notebook.

— Eu sei, mas não podemos deixá-la sozinha, sem um tratamento. E se Felicity desenvolver depressão? Ela não quer se cuidar e vai tratar isso com descaso. — explodo, querendo ir até São Francisco e implorar para minha irmã reagir. — Faz mais de um ano.

— Tentamos de tudo, meu filho. Sua irmã sabe se cuidar. Isso dói demais em mim, mas Felicity ainda enfrenta o luto. Não acho que minha filha precise de pessoas a sufocando e a tratando como se fosse quebrar. Eu conheço essa sensação, e ela não é boa. — minha mãe retira o óculo e suspira, massageando as têmporas. — Sabe que vou visitá-la todo mês, então não se preocupe. Podemos resolver isso depois, Blue precisa comer agora.

Mamãe estende a mão para Blue, que até agora se encontrava quieta no sofá; sei que minha namorada não suporta brigas e gritos.

Sigo as duas, encontrando meu pai cozinhando alguma coisa com o cheiro maravilhoso.

William Salvatore cozinhando? Essa é nova.

— Espero não ter nenhum intoxicação alimentar com sua comida, pai. — brinco, recebendo um olhar bravo.

— Minha comida é muito boa! Prova um pouco, Blue. — ele oferece uma colher com molho para a loira, que experimenta com certo receio.

— Está muito bom, Will. — ela sorri, indo até minha mãe para ajudá-la a arrumar a mesa.

Como é domingo e os empregados estão de folga, cada um se encarrega de cumprir uma tarefa. Resmungo, sabendo que, como ainda moro aqui, vou ter que dar conta da louça.

Preciso comprar uma casa. Penso no fim de semana que passei no apartamento de Blue, em como nos divertimos ontem assistindo filmes de terror.

Amo a carinha assustada dela.

Acho que, se eu fizer uma lista contando todas as coisas que amo em Blue Faulkner, não sobraria papel.

Nos conhecemos há cinco meses e namoramos a dois, nesse meio tempo descobri coisas incríveis a seu respeito.

Blue ama casos criminais.

Odeia miojo sem o seu precioso caldo.

Chora todas as vezes que assiste Viva - A vida é uma festa.

Ama ouvir músicas e imaginar cenários que provavelmente nunca vão acontecer na sua vida.

Também descobri outra coisa.

Eu amo amar Blue Faulkner.

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Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora