Capítulo 23

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Miles

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Miles



— Ela pode voltar ao "normal" a qualquer momento, mas peço que tenha paciência com Blue. Esse estado infantil que ela se encontra, é como uma espécie de bolha protetora, que bloqueia o trauma e todas as lembranças ruins. Isso pode acontecer com algumas pessoas por livre e espontânea vontade ou devido a um grande estresse.

Dra.Harvey, a psicóloga, explica enquanto mantenho meu olhar fixo em Blue, que brinca com alguns brinquedos disponibilizados pela doutora.

— Geralmente é chamado de infantilismo ou Síndrome de Peter Pan. — afirmo em compreensão. — Pode trazer Blue uma vez por semana, vamos trabalhar no seu desenvolvimento e prepará-la para qualquer coisa que venha prejudicá-la ainda mais.

— Certo. Obrigada, Dra.Harvey. — balanço a cabeça em agradecimento, indo até Blue que sorri por debaixo da chupeta. — Vamos, querida?

— Brinquedo. — ela aponta para os brinquedos. — Deixar brincar.

— Vou comprar alguns brinquedos para você assim que sairmos daqui, okay? — tento convencê-la. — Cuidado para não deixar seu paninho cair no chão.

— Até mais, doutora.

— Até mais, Miles. — ela levanta, entregando um pirulito para Blue. — Até mais, pequena.

— Obrigada! — minha menina sorri, abrindo o pirulito com uma rapidez surpreendente.

Saio do hospital e sigo para o meu carro, deixando Blue bem segura no banco de trás. Ela tira a chupeta para poder chupar seu pirulito, pegando meu celular e colocando num desenho qualquer.

— Canta a musiquinha, papai. — ela pede, cantarolando a abertura de Bob Esponja. — Tem a cor amarela e espirra água!

— Se nenhuma bobagem é o que você quer? — acabo fazendo o que ela pede, afinal, não tem como resistir.

— Bob Esponja Calça Quadrada!

O caminho até o shopping é feito assim, com várias musiquinhas infantis preenchendo o carro. Pretendo comprar algumas coisas para Blue - seus brinquedos também, porque se não ela começa a chorar - e almoçar, o que vai ser meio difícil fazer Blue comer algo saudável quando se tem um McDonald's bem ao lado.

— Não solte minha mão de jeito nenhum, ouviu? — digo sério, assim que entramos no shopping.

— Ouvi, papai. — Blue balança a cabeça em afirmação. — Ursinho!

Parece que o que eu falei entrou em um ouvido e saiu pelo outro, porque Blue corre até uma loja de brinquedos próxima completamente eufórica. Sigo rapidamente atrás dela, a vendo observar as prateleiras cheias de bonecas.

— Olha, que fofinho. — Blue aponta para uma boneca. — Ela usa chupeta que nem eu.

— Blue. — falo em tom de repreensão. — O que eu disse para você?

— Para não correr. — ela olha para os pés, envergonhada. — Desculpa.

Suspiro, amarrando seu paninho na chupeta para que não caia.

— Vem, vamos escolher seus brinquedos.

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— Nossa, quantas coisas. — Eros exclama assim que entramos em casa.

— Flor! — Blue grita por sua cachorrinha. — Cadê a Flor, Eros?

— No seu quarto, bebê.

Blue não perde tempo ao correr escada acima, recebendo uma repreensão da minha parte.

— Onde nossos pais estão? — pergunto, deixando todas as sacolas em cima do sofá. — Felicity voltou para São Francisco, não é?

— Infelizmente, sim. E nossos pais foram almoçar fora. — responde, concentrado no seu vídeo game.

— Papai, a Flor fez xixi na cama! — ouço o grito de Blue e fecho os olhos, me segurando para não devolver esse cachorro.

— Você que inventou isso e agora eu tenho que limpar xixi de cachorro. — resmungo, subindo as escadas enquanto ouço a gargalhada do meu irmão.

Entro no quarto, encontrando Blue brincando com Flor no chão.

— Não reclama com a Flor, ela é menina boazinha.

E tem como negar alguma coisa com um pedido desses?

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— Não, papai. Não é assim que se usa a xícara, é assim. — Blue levanta o dedo mindinho, demonstrando como devo tomar o chá. — Como uma princesa.

Com esses momentos, penso que talvez Blue esteja aproveitando a infância pela primeira vez. Mesmo que seja por pouco tempo, quero proporcionar a minha garota cada momento e diversão que ela nunca teve.

— Mas eu não quero ser uma princesa, quero ser um príncipe. — brinco, ouvindo ela soltar uma risada gostosa. — Ah, não me leva a sério?

— Papai é um bobo.

Abro a boca em choque, fingindo falsamente estar magoado.

— Então minha bebê me acha um bobo? Acho que deveria deixá-la de castigo. Sem mamar por dois dias.

Me seguro para rir da sua carinha assustada, que logo é substituída por um biquinho choroso.

— Não. — ela nega, levantando da cadeira e vindo até mim. — Não deixa sem o mama.

— Eu estou brincando, querida.

A pego no colo, aproveitando a brisa do jardim. Decidi levar Blue para tomar banho de piscina e depois brinquei com pouco com ela. Posso perceber suas pálpebras baterem cansadas, mostrando que sua energia se esgotou.

Seus machucados estão bem melhores, tirando algumas dores que ela reclama sentir. Isso me deixa com muita raiva, mas disfarço bem e cuido de Blue da melhor forma possível.

Deito sua cabeça no meu peito, pegando seu paninho e cobrindo seu rosto para que ela possa mamar. De acordo com minha pequena, ninguém pode vê-la fazer isso.

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Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora