Capítulo 10

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Miles

Seguro a mão de Blue enquanto lhe observo desacordada na cama. Não acredito que meu pai agiu daquela maneira. Estou chateado sim, mas não posso julgá-lo, não depois de tudo o que eles sofreram nas mãos de Morgana e Nathan.

Mas Blue...

Ela é doce, gentil, às vezes provocativa, e linda...

Tão linda.

Em menos de um dia ela me conquistou, e agora, a conhecendo há alguns meses, eu penso o quanto gosto dessa mulher.

Nosso beijo foi incrível, queria explorar e admirar cada pedacinho do seu corpo, porque, por mais que ela não ache, tudo nela é um obra prima.

Nunca vou forçá-la a nada, as coisas acontecerão no seu tempo e quando a mesma estiver preparada. Por enquanto, ajudarei Blue a se sentir bem e no processo de aceitação com todas as suas im (perfeições).

Blue se remexe, começando a acordar. Ela demora um pouco para se reajustar, e quando isso acontece, seu corpo se levanta em um solavanco.

— Ei, calma... — tento me aproximar.

— Não encosta em mim! — ela grita, com os lindos olhos azuis repleto de lágrimas.

— Blue, eu não vou deixar ninguém te machucar. — prometo, mas ela nega com a cabeça.

— Preciso ir embora. — fala, se dirigindo até a saída do quarto.

— Você acabou de desmaiar, provavelmente pela emoção forte ou porque não comeu nada. — explico, pegando em seu braço.

Ela me encara, suas órbitas que se assemelham ao céu da manhã se encontram com as minhas. É uma imensidão, intensa e ao mesmo tempo suave.

— Não quero ficar aqui... — sussurra, deixando seus ombros caírem.

— Vamos para seu apartamento, sim? Só... me deixa te ajudar.

— Ajudando o inimigo, irmãozinho. — me assusto ao ouvir a voz de Felicity próxima a escada.

— Fê? Quando voltou? Está tudo bem? — a encho de perguntas, ouvindo sua risada amarga.

— Voltei hoje, e estou muito bem, obrigada. Até fui visitar o túmulo da minha namorada. — responde com sarcasmo.

Não falo nada, sei que a ferida ainda não cicatrizou. Talvez nunca vá, afinal, Angel era o grande amor da vida de Felicity e sei que vai continuar sendo até o dia da sua morte.

— Eu... tenho que resolver uma coisa, mas depois vamos conversar. — informo.

Felicity dá de ombros, caminhando até Blue. Fico um pouco receoso. Minha irmã é uma das melhores pessoas que conheço, porém ela anda meio instável depois da morte de Angel.

— Felicity. — ela se apresenta, estendendo a mão.

— Sei quem você é. — Blue responde, mas não de um jeito implicante. — Sou a Blue.

— Muito prazer, Blue. Soube de tudo o que aconteceu, mas fique tranquila que não vou te julgar. — minha irmã afirma, se aproximando do ouvido de Blue em seguida. — Porém, se você ousar machucar minha família, eu juro que acabo com sua vida.

— Sou filha de Nathan Sanchez, poderia até ser a comandante da máfia italiana, mas não é do meu interesse. Não tenho medo de ameaças. — Blue rebate, sorrindo doce logo em seguida. — Não vou machucar sua família.

Felicity ri, me dando um tapinha no ombro ao passar por mim.

— Gostei dela.

Minha irmã caminha até seu quarto, se trancando lá. Pego na mão de Blue, a incentivando a descer.

— Não vamos ficar aqui, okay? — digo, recebendo uma confirmação em resposta.

Encontro meus pais conversando no sofá, Blue se encolhe levemente, embora tente disfarçar seu receio ou medo.

— Podemos conversar? — minha mãe pergunta, calma.

— Vou levar Blue para casa agora, ela não está em condições de conversar. — informo, apertando mais a mão de Blue.

— Ela nos deve uma explicação. — meu pai entra na conversa.

— Não devo nada a você. Paga as minhas contas por acaso? — Blue profere raivosa.

— Não, mas como filha do homem que tanto prejudicou nossa vida, você é obrigada a nos contar um pouco da sua história. — meu pai declara sério.

— Era uma vez um linda garotinha que nasceu sem pai. Ela cresceu com a mãe, esta que tanto fodeu com seu psicólogo, sempre alegando que era para seu bem. A garota não tinha ninguém quando os pesadelos lhe assustavam e ela chorava sozinha no escuro. Ela não tinha ninguém para lhe defender quando passou a sofrer bullying por causa do seu corpo. Ela não tinha ninguém quando acordava em um quarto de hospital, fraca por ter passado dias sem comer. E ela não tinha, e nunca teve ninguém para dizer que a amava de verdade. Fim. — Blue explode, sem se preocupar em esconder as lágrimas. — É essa a minha história, quer que eu diga mais? Vai se foder, William.

Ela sai da mansão, ignorando o olhar assustado do meu pai e a expressão abatida da minha mãe.

Vou atrás dela, que segue pela rua a passos rápido.

— Blue! — grito por ela, sendo ignorado. — Espera.

Pego em sua mão.

— Calma, querida. — a seguro firme quando suas pernas fraquejam. Ela chora compulsivamente, me apertando como se a qualquer momento eu fosse desaparecer.

— Estou cansada...

Seu sussurro quebrado me deixa de coração partido, e sei que o cansaço que ela fala não é físico.

— Eu sei. Pode chorar, estou aqui para te segurar. — digo, tentando transmitir convicção em minhas palavras.

— Não vai embora, não é? Miles, me promete. — pede desesperada. — Não sei se conseguiria ficar sem você.

Beijo seu nariz delicado, em seguida sua testa e por fim sua boca. É apenas um selar, mas quero que ela sinta firmeza. Que se permita cair, porque vou segurá-la.

— Não vou te abandonar, Blue. É uma promessa.

⇷ ⇸ ⇹ ⇺

Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora