Capítulo 18

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Blue

Respiro fundo, observando minha mãe assistir um programa na televisão. Estou disposta a conversar, saber se tudo o que ela falou é verdade ou não. Não sei muito bem se desejo que a resposta seja sim ou não, porque se for não, significa que Morgana me enganou.

Mais uma vez.

— Mamãe... — chamo por ela, ainda parecendo aquela garotinha assustada. — Precisamos conversar.

Ela sorri, desligando o programa e dando tapinha no sofá, em um pedido silencioso para que eu me sente.

— Algum problema, querida? — ela alisa meu cabelo carinhosamente.

— Eu queria... tirar essa história da doença a limpo. Por favor, não me leve a mal, mas a senhora sempre foi muito...hum, como posso dizer? Rígida comigo. Parecia que tudo o que eu fazia era errado e te causava decepção, e de repente, a senhora está aqui, toda carinhosa e não posso deixar de me questionar: Você realmente está doente? — falo tudo de uma vez, forçando-me a manter firmeza.

— Não acredita na sua própria mãe, Blue? A pessoa que te criou. — ela suspira, chateada.

— Não me culpe por desconfiar, okay? — peço, apertando a saia do vestido. — Mas me responda, por favor, mamãe.

— Oh, Blue... tão inocente. Seria compreensivo se você saísse do estado para cuidar da mamãe, não é? — ela questiona retóricamente. — Somos apenas nós duas nessa vida. Sozinhas.

— E-eu não estou sozinha. — murmuro. — Tenho...

— Quem? Seu namorado? A família dele? Blue, eles não sua família de verdade. Acha que te escolheriam? Em uma ocasião de vida ou morte, você seria a primeira a ser deixada para trás. — Morgana fala melancolicamente, se levantando. — Sua mãe sabe mais, querida.

— Está doente ou não?

Ela suspira, maneando com a cabeça.

— Claro que estou. — mamãe vai até a cozinha, voltando alguns segundos com uma garrafa de vinho e duas taças. — Mas não vamos pensar nisso, quero aproveitar cada momento ao lado da minha filhinha.

— Eu não bebo.

— Anda, não faça essa desfeita com sua mãe.

Respiro fundo, assentindo com a cabeça.

— Apenas um pouco.

— Para relaxar.

Mamãe coloca um pouco de vinho na minha taça, em seguida faz o mesmo com a sua. Ela sorri levemente, me entregando o líquido carmesim.

— Aos bons momentos, querida. — ergue a taça, tomando um gole.

— Aos bons momentos...

A bebida desce amarga pela minha garganta, o que é suficiente para me deixar tonta. Sempre fui muito fraca para álcool.

— Vamos embora dessa lugar, Blue.

— Embora? — questiono, sentindo meus olhos pesarem.

— Você é uma mina de ouro.

— O que você quer dizer com isso? — volto a questionar, não conseguindo segurar a taça em minhas mãos devido a fraqueza repentina.

Meus olhos parecem se fechar de forma involuntária, tento falar ou levantar, mas um cansaço estranho me atinge e sinto os sentidos se desligarem contra minha vontade.

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Miles

Horas antes.

Felicity, preciso de você.

Não queria importunar minha irmã, não quando a mesma ainda parece sofrer pela morte da namorada. Mas Felicity precisa sair da bolha de tristeza que entrou, e nada melhor do que uma investigação e tortura para animá-la.

Aconteceu alguma coisa? — ela pergunta, a voz fria.

Morgana voltou. Ela está tentando enganar Blue com uma história de doença terminal, mas não acredito em nada que venha daquela mulher. Sei que está passando por um momento difícil, irmã, mas eu preciso de você. — suspiro, recebendo apenas silêncio do outro lado. — Não te chamei apenas por isso... estou com saudades. Todos nós estamos.

Quer que eu investigue essa história. — não foi uma pergunta. — Tudo bem. Vou tentar encontrar alguma coisa.

— Você não vai voltar?

— Não tem motivos, Miles.

Olho para trás ao sentir uma presença na sala, meu pai joga suas chaves e arma na mesinha de centro, antes de sentar e me observar atentamente.

Super normal.

Papai quer falar com você. — aviso, afastando o celular um pouco. — Faça ela voltar. — sussurro, lhe entregando o aparelho.

Oi, princesa. Como você está? Não vai mais visitar o seu velho? — ele sorri, parecendo cansado. — Sua mãe ainda chora à noite sentindo sua falta.

De repente, o sorriso do meu pai some, dando lugar a completa seriedade.

Não diga isso, Felicity Salvatore. — meu pai repreende friamente. — Não diga isso nunca mais.

Ele retira o celular do ouvido, o que me leva a constatar que minha querida irmã desligou a ligação.

— O que ela disse?

Meu pai olha para trás, como se procurasse por alguém.

— Ela disse que Alicia não era sua mãe de verdade, então não tinha o porquê de toda essa preocupação. — responde baixinho. — Ela está cega pela dor. Felicity nunca agiu assim, Miles.

— Acha que algum dia ela voltará a ser como antes? — pergunto com pesar.

— Eu espero, filho.

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Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora