Epílogo

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Blue

Quatro anos depois.

- Bom dia. - Miles sussurra no meu ouvido e abro um sorriso preguiçoso, ainda com os olhos fechados.

- Ainda é cedo, Miles. - resmungo, mas feliz pelo dia de hoje. - Volte a dormir.

- Tudo bem, então não vou mostrar o presente que comprei para minha linda esposa. - ele provoca, sabendo exatamente que curiosidade é meu ponto fraco.

- Não gosto mais de você. - rebato, me sentando na cama. - Bem, podemos comemorar nosso aniversário de casamento e divórcio, não é?

Miles ri, me entregando uma caixinha que nem o vi pegar.

- Feliz quatro anos. - meu marido sorri com aquela carinha de quem acabou de acordar, fazendo meu estômago revirar com as malditas borboletas. - Amo você.

E mais uma vez, sou preenchido por uma onde de amor tão grande que não cabe no peito.

- Você sabe como me bajular muito bem. - digo, escondendo um sorriso.

Abro a caixinha, encontrando um colar super lindo de aparência antiga. Eu amo joias e Miles sabe disso, ainda mais quando envolve uma história.

- Era da minha tataravó, dado por meu tataravô antes dele ir para guerra

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- Era da minha tataravó, dado por meu tataravô antes dele ir para guerra. - ele conta, encarando o colar. - É uma história linda e triste, na verdade.

- Me conta. - peço curiosa e Miles ri, se encostando na cabeceira da cama.

- Eles se conheceram durante um baile que os pais da minha tataravó, Elisabeth, deram para comemorar seus dezessete anos. Meu tataravó, Kilorn, fingiu ser um garçom contratado para conseguir comidas e bebidas de graça.

- Nossa, parece até história de livro! - comento, pegando o colar. - Pode colocar em mim?

- Elisabeth acabou esbarrando com Kilorn, e pelo o que eu soube, foi amor a primeira vista. - Miles prossegue, vestindo o colar no meu pescoço. - Mas nem tudo foi perfeito. Os pais de Elisabeth não aceitaram que a filha estava apaixonada por um pobre, então a mantiveram presa dentro de casa.

Pisco algumas vezes, super interessada no desfecho da história.

- No quarto de Elisabeth tinha uma varanda, o que favoreceu para os encontros noturnos entre ela e Kilorn. - Miles para por um momento, dando risada dos meus olhos arregalados. - Eles continuaram com isso por seis meses, até meu tataravô ser convocado para guerra.

- Ele voltou? - quase tropeço nas palavras.

- Infelizmente, não. O triste é que minha tataravó estava grávida quando Kilorn partiu, mas ela só foi descobrir um mês depois.

Suspiro romanticamente, mesmo que seja uma história triste.

- Os pais de Elisabeth surtaram com a notícia, então forçaram um matrimônio entre ela e Giorno Salvatore. Por sorte ele era um bom homem, apesar de fazer parte da máfia. Assumiu Elisabeth e a filha, Mary.

- Sua bisavó? - ele afirma.

- Elisabeth e Giorno tiveram outros filhos, mesmo não se amando. E assim começou a linhagem Salvatore. - ele finaliza a história e abaixo a cabeça, escondendo as lágrimas. - Ei, por que está chorando.

Porcaria de hormônios!

- Sabe que sou uma bobona quando o assunto é romance. - brinco, pegando no pingente e avaliando. - Obrigada, meu amor. É lindo demais.

Ele sorri mais uma vez, se aproximando para me beijar com todo carinho e amor do mundo.

- Eu também amo você.

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- Obrigada por hoje, foi incrível. - digo a Miles, enquanto estamos deitados na rede que colocamos na varanda do nosso quarto.

Aqui é tão silencioso, às vezes sinto falta de morar na mansão Salvatore. Eu e Miles temos nossa própria casa, que por sinal é maior do que realmente precisamos.

Ele continua sendo um CEO renomado, afinal, acho que o nome Salvatore nunca vai se apagar. Enquanto a mim, ainda estou buscando meu caminho, mas acredito que já tenha encontrado.

- Sabe, eu estava pensando em escrever um livro. - comento, fazendo desenhos imaginários no peito tatuado de Miles. - Baseado na história que me contou mais cedo.

- Eu te dou total apoio, minha querida. Serei sempre seu maior fã. - ele responde, como sempre sendo o homem mais perfeito deste mundo.

- Obrigada por isso, amor.

Fico um tempo em silêncio, não conseguindo esconder meu nervosismo por querer contar mais uma novidade.

- Por que está nervosa? - Miles questiona e solto um bufo frustrado, sabendo que ele me conhece muito bem.

- Acho que não vamos mais reclamar sobre o silêncio absurdo nessa casa enorme. - falo, a voz quase passando de um sussurro.

- Por quê?

- Bem... - pego delicadamente sua mão, levando até meu estômago um pouco inchado.

- Você está grávida! - ele exclama, caindo da rede.

- Meu Deus, Miles! - arregalo os olhos, preocupada. - Tudo bem?

- Acho que bati a cabeça. - meu marido reclama, se sentando. - Caramba, que notícia.

- Você não gostou? - sussurro, mordendo o interior da bochecha. - Sei que foi meio inusitado...

- Ei, eu amei a notícia! - ele se levanta rapidamente, percebendo meu desconforto. - Amo você e já amo nosso bebê.

Miles se senta novamente na rede, acariciando minha bochecha enquanto um enorme sorriso lhe enfeita o rosto.

- Esse foi um maravilhoso presente. - ele comenta, rindo bobo. - Minha mãe vai ficar maluquinha com mais um netinho.

Lembro de Ally e Ben, filhos de Felicity com a Angel. É uma longa história envolvendo uma morte falsa, mais mafiosos e violência. Miles, assim como eu, optou por não entrar nesse mundo cheio de sangue e culpa.

Não depois de tudo o que aconteceu.

- Estou ansiosa para contar!

- Então essa barriguinha é por conta do nosso bebê. - ele ri, me fazendo arquer a sobrancelha e sentar. - Não que você estivesse gorda! - Miles se desespera. - Digo, achei que o motivo da barriga fosse o tanto de doce que você come. Não que eu me importe, você parece mais linda do que nunca e...

Solto uma gargalhada sincera quando suas bochechas ficam coradas, mostrando meu doce e incrível Miles. Ele ainda teme que eu tenha alguma recaída, mas estou muito melhor e livre de todos os demônios que me atormentavam.

É bom quando aprendemos a nos amar.

- Eu te amo, Miles Salvatore.

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Olhos AzuisOnde histórias criam vida. Descubra agora