The Other Bishop

10

(Maya POV)

Eu estava terminando de revisar alguns documentos da empresa, enquanto tomava uma xícara de café no sofá da sala, quando escutei a campainha tocar. Eu deixei os papéis ao lado da bebida, em cima da mesa de centro, e me levantei para atender a porta. Assim que abri, dei de cara com Andy.

— Nós temos que conversar, Maya. – Ela falou com um olhar cansado e eu sabia que ela não iria embora enquanto eu não aceitasse conversar com ela.

Eu a encarei por alguns segundos e decidi abrir espaço para que ela entrasse em casa. Ela me seguiu em silêncio até a sala e se sentou na poltrona que havia em frente ao sofá. Sua expressão era tensa, mas ao mesmo tempo com um certo tom de arrependimento.

— Maya, nós não podemos ficar assim, somos amigas há anos. – Ela disse encarando suas mãos.

— Não fui eu quem pisou na bola, Andy. – Eu rebati firme.

— Olha, eu entendo que você esteja chateada comigo por não ter contado sobre mim e o Sullivan, mas nós ainda estávamos nos entendendo, não era algo sério. – Ela argumentava num tom calmo.

—Andy você ficou do lado dele na confusão do hospital... – Eu comecei lembrando do dia. – Você é minha melhor amiga e você preferiu ficar ao lado dele, um cara que, como você mesma disse, não tinha nada sério. – Eu terminei expondo sua atitude.

— Eu não fiquei do lado dele! – Ela disse nervosa. – Maya, você estava transtornada, era um hospital e você queria brigar com ele... – Ela continuou e eu soltei uma risada incrédula enquanto a escutava. – Me escuta, sim? – Ela pediu e eu respirei fundo. – Na hora, por mais que ele tenha feito algo errado, ele ainda era o nosso superior e você sabe que não poderia ter agido daquele jeito... e sim, eu achei que tivesse sido um acidente, achei que ele tinha seguido o protocolo certo até realmente entender tudo. – Ela explicava séria. – Então, me desculpa, eu deveria ter te contato sobre o meu caso, deveria ter te escutado melhor, mas essa situação toda tomou uma proporção que não deveria... eu sou sua amiga, Maya. – Ela terminou com um olhar sincero e eu respirei fundo.

— Eu sei que não deveria ter explodido daquele jeito, mas você me conhece... – Eu falei calma. – Vamos deixar tudo isso para trás. – Eu cedi preferindo não esticar essa desavença desnecessária. – Só não me faça conviver com o Sullivan, não engulo ele. – Eu disse firme e ela negou rapidamente com a cabeça.

— Não, está acabado... foi uma coisa impensada. – Ela garantiu negando com as mãos.

— Ótimo, porque eu iria te indicar uma clínica psiquiátrica para caso você ainda estivesse com ele. – Eu falei irônica e ela cerrou os olhos antes de jogar uma almofada em minha direção.

— Para de ser idiota! – Ela resmungou e eu acabei rindo. – E lembrei que ainda não te dei os parabéns, capitã Bishop. – Ela disse sorridente se levantando para me dar um leve abraço.

— Obrigada, de verdade. – Eu falei sincera. – Apesar de achar estranho ter sido promovida pelo cara que tomou um soco meu. – Eu adicionei franzindo a testa.

— Ele pode ser bem babaca, mas no fundo sabia que o cargo deveria ser seu, então aproveite. – Ela disse dando de ombros e eu assenti.

Nós continuamos a conversar e aproveitamos para discutir algumas coisas da empresa. Eu admito que estava cansada de ficar afastada de Andy, afinal, nós éramos melhores amigas e tínhamos um negócio em conjunto. Eu sentia falta das nossas conversas e nossas risadas.

Já de tarde, eu decidi passar na casa dos meus pais para buscar alguns casacos antigos que estavam guardados. A associação de moradores do bairro estava recolhendo casacos usados para a doação e eu me comprometi a ajudar com alguns.