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(Maya POV)

Eu acordei sentindo um fio de luz passar pela cortina e atingir meu rosto. Meus olhos abriram com dificuldade e eu senti uma pontada de dor de cabeça me atingir. Eu não sabia ao certo se a dor era pela quantidade de bebida que eu havia tomado ou pelo vexame da noite passada. Eu não sei no que estava pensando quando decidi aparecer completamente bêbada na frente da Carina e ainda deixar a mulher cuidar de mim como se eu fosse uma pré-adolescente depois do seu primeiro porre.

Por falar em Carina, ela não estava mais na cama, mas desconfiava que ela estivesse na cozinha, afinal, o cheiro de café fresco estava invadindo o quarto. Eu passei no banheiro para dar um jeito na minha cara, antes de sair em direção à cozinha.

— Bom dia. – Eu disse suavemente ao me aproximar da bancada da cozinha.

Buongiorno, bambina. – Ela falou sorridente ao desviar sua atenção da frigideira no fogão. – Como está se sentindo? – Ela perguntou num tom preocupado.

— Estou bem, com um pouco de dor de cabeça, mas bem. – Eu assegurei com um leve sorriso.

— Estou terminando de fazer o café da manhã, vai ajudar com a dor de cabeça quando você comer. – Ela avisou voltando a mexer na frigideira. – Sobre todo o resto, está um pouco melhor também? – Ela perguntou ainda preocupada e eu suspirei.

— Acho que sim, quer dizer, vai levar um tempo para digerir tudo, mas acho que vou ficar bem. – Eu garanti coçando rapidamente minha nuca e ela assentiu esboçando um sorriso compreensivo. – Precisa de ajuda? – Eu perguntei me aproximando do fogão.

— Não, mas se quiser pode colocar duas xícaras e dois pratos na bancada, per favore. – Ela comentou apontando para a louça em um dos armários superiores da cozinha e eu concordei. – Já fez as pazes com a gravata? – Ela perguntou esboçando um sorriso travesso e eu franzi a testa sem entender a pergunta, enquanto pegava as xícaras. – Ontem você falou que a gravata estava te xingando. – Ela explicou e eu senti meu rosto queimar em vergonha ao lembrar do momento.

— Patético, eu sei. – Eu comentei soltando uma risada sem graça, antes de terminar de colocar as louças na bancada.

— Eu achei fofo ver sua cara emburrada para uma gravata. – Ela riu colocando as panquecas nos pratos.

— Eu já posso ir embora? – Eu perguntei completamente envergonhada e ela levantou as mãos em rendição segurando o riso. – Obrigada. – Eu falei assim que ela se sentou ao meu lado para comer.

— Não é nada demais, não precisa agradecer. – Ela disse simples tomando um gole do café.

— Não, obrigada por ontem, por ter me ajudado. – Eu expliquei com um leve sorriso.

— Está tudo bem, mas fiquei preocupada com você. – Ela falou sincera. – Não faz bem beber assim, bambina. – Ela avisou calma.

— Eu sei, na verdade, eu nem sei como fiquei naquele estado. – Eu disse sem jeito enquanto comia. – Enfim, me desculpa por te dar trabalho e por ter te tratado do jeito que te tratei na estação, eu estava com a cabeça borbulhando e agi sem pensar... Me desculpa, Carina. – Eu pedi seria a encarando atentamente.

— Eu sabia que você não estava bem, não quis te pressionar, está tudo bem bella, de verdade. – Ela falou sincera deslizando levemente sua mão pela minha coxa, em um carinho suave.

Nós continuamos a comer voltando a rir do meu estado de ontem e para falar a verdade, eu estava me divertindo. Era confortável ficar ao lado dela e de certo modo, todo o luto da perda recente do Miller parecia pesar menos ao lado dela.

The Other BishopOnde histórias criam vida. Descubra agora