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(Maya POV)

Eu revisei mais uma vez a planilha com as informações sobre o treinamento de chamados de cinco alarmes. Todo ano os bombeiros de todas as unidades deveriam passar por um treinamento focado em chamados de alta complexidade e para isso, nós tínhamos que ir até o centro de aprendizado compartilhado dos bombeiros mais próximo da estação. O nosso ficava a cerca de uma hora e meia de carro do centro de Seattle e durante três dias nós ficávamos hospedados em pequenas casas próxima a área de treinamento. Essa era a primeira vez que eu ia como chefe da estação e, portanto, a responsabilidade de organizar tudo caía sobre os meus ombros.

— Ok, então a divisão nos alojamentos vai ser da seguinte forma: Ben e Jack, Travis e Ruiz, Vic e Carina, eu e Andy... – Eu comecei a explicar depois de reunir todos na sala convívio para passar as informações sobre o treinamento. – Eu vou precisar chegar um dia antes, é uma norma para os chefes de estação, portanto, Andy se programe para ir comigo na segunda, enquanto o resto de vocês pode chegar na terça. – Eu finalizei olhando a prancheta em minhas mãos.

— Na verdade, eu acho melhor ficar com a Vic, estou mentorando ela para o teste de tenente e acho que podemos aproveitar mais estando juntas para estudar alguns pontos específicos. – Andy se pronunciou atraindo minha atenção. – Acho que Carina não se importa de ficar com você, não é mesmo? – Ela perguntou para a italiana que até então estava quieta.

No, não me importo. – Carina disse com um sorriso solícito.

Eu sabia o que a Andy estava tramando e por mais que eu quisesse voar no pescoço dela, eu não podia. Eu havia contado sobre meu desentendimento com Carina e aproveitou a oportunidade para me forçar a ficar próxima a mulher. Como eu não podia deixar perceptível meu envolvimento com Carina, tinha que engolir a sugestão em seco e agir profissionalmente.

— Ok, tudo bem, sendo assim estão dispensados... – Eu finalizei a reunião. – Menos você, Herrera, na minha sala, por favor. – Eu pedi para a mulher que assentiu me seguindo.

Eu me sentei na minha cadeira jogando a prancheta em cima da mesa, enquanto esperava a mulher fechar a porta da sala.

— Você não se aguenta, não é? – Eu indaguei assim que Andy se sentou na minha frente.

— O que? Eu não fiz nada. – Ela se fez de desentendida.

— Oh conta outra, você sabe exatamente o que você fez. – Eu revirei os olhos.

— Vocês duas precisam parar com essa briga boba, parecem duas adolescentes, uma conversa não vai fazer mal. – Ela admitiu se referindo a Carina.

— Nós não estamos exatamente brigadas, só nos desentendemos e estamos dando um tempo. – Eu minimizei a situação. – Tudo estava indo muito rápido de qualquer jeito. – Eu adicionei dando de ombros.

— Maya, não me venha com esse papo de que estava indo rápido demais, você está completamente apaixonada por ela, nunca vi você assim com mulher alguma... – Andy começou a rebater séria. – Tudo isso poderia ter sido evitado se você simplesmente tivesse falado que não está acontecendo nada entre você e a outra mulher. – Ela finalizou gesticulando com as mãos.

— Eu tentei, ela não quis me ouvir e... – Eu me defendi num tom óbvio.

— Você não tentou, você lançou meia dúzia de palavras sem sentido e transou com ela. – Ela me interrompeu e eu bufei. – Ela está com ciúmes, Maya, não percebe? – Ela perguntou me encarando e eu me calei pensativa. – Eu não estou a isentando de culpa, sei que Carina também disse coisas que não deveria, mas a cabeça dela deve estar um nó e por isso ela deve estar se sentindo usada, vocês só precisam conversar direito. – Andy finalizou coerente enquanto apoiava seus braços sobre a minha mesa.

The Other BishopOnde histórias criam vida. Descubra agora