22

1.4K 150 35
                                    


(Maya POV)

Eu estava distraída sentada na mesa da cozinha, enquanto dividia minha atenção entre o notebook e o celular. Parte do tempo eu tentava encontrar alguma ponta solta no site do Centro Juvenil Richard-Klein, em busca de alguma pista sobre o que Izzie havia comentado mais cedo, e parte do tempo eu respondia a mensagens do corpo de bombeiros me mantendo atualizada sobre a situação da tempestade.

— Acho que ela finalmente conseguiu relaxar, apagou no sofá. – Carina comentou ao entrar na cozinha. – Mais alguma notícia? – Ela perguntou enquanto se colocava atrás da minha cadeira e deslizava suas mãos pelos meus ombros.

— Depende... – Eu suspirei sentindo suas mãos massagearem meus ombros. – Sobre a tempestade, a cidade ainda está com nível de alerta quatro, o que quer dizer que o treinamento está cancelado até segunda ordem... – Eu comecei a explicar. – A previsão é que pela manhã o nível de alerta já caia para dois e nós podemos ir embora daqui. – Eu finalizei sentindo Carina deixar um beijo rápido no meu rosto e puxar uma cadeira para sentar ao meu lado.

— E sobre a história que Izzie contou? – Ela perguntou interessada me fazendo soltar um longo suspiro.

— Não encontrei nada muito específico, o site deles parece bom, nada muito suspeito. – Eu admiti virando a tela do notebook em sua direção.

Bene, garanto que um site pode esconder muita coisa... – Ela comentou mexendo no site. – Eu vou conversar com a Bailey, ela tem alguns contatos. – Ela disse séria.

— Cah, eu sei que é uma situação complicada, mas se isso tudo for verdade... – Eu tentava argumentar.

— É verdade. – Carina me interrompeu firme. – Eu sinto que ela não está mentindo, Maya. – Ela completou séria.

— Tudo bem e eu acredito em você... – Eu rebati buscando sua mão sobre a mesa. – O que eu estou tentando dizer é que se formos mesmo comprar essa briga, pode ser algo feio... Não vai ser algo fácil, Carina. – Eu disse séria. – Mais do que isso, ela está frágil, se você começar a cultivar um laço com ela, depois será difícil de rompê-lo. – Eu terminei a lançando um olhar sincero.

Eu já havia passado por situações parecidas durante os anos da minha profissão. Pessoas em situação de vulnerabilidade que cruzavam nossos caminhos e que por mais que quiséssemos ajudar fora da esfera do trabalho, a ordem era sempre a mesma: não se envolva demais. Eu estava acostumada, por mais que mexesse comigo e no fundo sempre mexia, eu nunca cruzava a linha porque o mundo é fodido demais para eu conseguir ajudar a todos. O fato era que depois que o vínculo era formado, você nunca mais poderia voltar atrás sem machucar todos os envolvidos no processo.

O que me preocupava era Carina. Eu reconhecia esse olhar, o mesmo olhar que eu tinha quando comecei a trabalhar e quando ainda era difícil respeitar a regra do "não se envolva demais". Eu faria de tudo para ajudá-la mas antes queria deixar claro que esse era um caminho sem volta.

— Eu sei... – Ela concordou apertando minha mão. – É loucura, mas eu só não vou conseguir simplesmente ignorar isso, eu me conheço, Maya. – Ela finalizou negando com a cabeça.

— Tudo bem... então nós vamos dar um jeito, estou junto com você, ok? – Eu disse calma e ela assentiu respirando fundo.

— Obrigada, bella. – Ela agradeceu deixando um breve beijo nos meus lábios. – Vamos descansar, ? É melhor aproveitarmos que ela dormiu. – Ela sugeriu se levantando enquanto me puxava pela mão e eu concordei fechando o notebook.

Em pouco tempo nós estávamos na cama do quarto com Carina segurando uma bolsa de gelo sobre o roxo em minha costela. Eu observava sua expressão concentrada, com uma mexa de cabelo caindo pela lateral do seu rosto. Era incrível como ela parecia cada vez mais linda.

The Other BishopOnde histórias criam vida. Descubra agora