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(Maya POV)

Fazia aproximadamente duas horas que eu e Carina conversávamos sem parar. Os assuntos eram os mais variados o possível, desde tipos de azeitona preferidos a teorias surreais sobre alienígenas. Depois que Ben, Miranda e Emmett haviam buscado as crianças, eu arrisquei perguntar se Carina gostaria de ficar e para a minha felicidade ela aceitou. Eu gostava de passar meu tempo com ela e por mais que eu tentasse fugir, era cada vez mais difícil. Na verdade, eu não pretendia mais fugir.

Depois de jantarmos pizza com vinho, nós estávamos em sofá que havia no quintal da minha casa. O clima estava agradável, o céu repleto de estrelas e o som suave das ondas do lago ecoava ao fundo. Eu tinha minhas costas apoiadas entre o braço e o encosto do sofá, enquanto Carina se apoiava em meu peito tendo meus braços ao redor da sua cintura. Eu podia sentir o cheiro suave do seu shampoo de canela próximo a mim. Aquilo me trazia uma sensação de conforto.

— Olhar o céu assim me lembra infância. – Ela comentou observando as estrelas e eu sorri suavemente.

— Como foi? – Eu perguntei interessada e ela suspirou.

— Boa, muito boa, por sinal, até certo ponto... – Ela começou a responder entrelaçando nossos dedos. – Me lembro dos verões ensolarados na Sicília, meus pais costumavam levar a mim e Andrea para as praias e nos dar potes e mais potes de sorvete... – Ela falava sorrindo. – Depois de um tempo as coisas foram se deteriorando, minha mãe faleceu com um câncer agressivo e meu pai nunca se recuperou... parecia que ele havia partido junto com ela, não havia mais praia e nem sorvete. – Ela completou num tom conformado e eu apertei meus braços em sua cintura tentando a reconfortar.

— Sinto muito... – Eu disse baixo. – Você sente falta da Itália? – Eu perguntei tentando mudar um pouco um foco do assunto.

— Bastante, minhas raízes são todas de lá, mas ao mesmo tempo, eu sinto que meu lar agora é aqui. – Ela respondeu sincera.

— Faz sentido... bom, pelo menos o dia que eu quiser visitar a Itália, terei uma guia particular... – Eu brinquei e ela sorriu virando o rosto para me encarar. – Será que você pode me arranjar uma camisa da seleção Italiana e autografar? – Eu perguntei animada e ela riu.

—Esqueci que você tem toda essa relação com esporte por um momento... – Ela analisou num tom divertido. – Mas quem sabe você não ganha isso de natal, vou pensar com carinho, bambina. – Ela completou sorridente e eu deixei um breve beijo em sua testa. – E quanto a você? – Ela perguntou e eu a encarei confusa.

— O que tem? – Eu rebati a pergunta a encarando.

— Sobre sua infância... Mason nunca me contou muito sobre. – Ela explicou calma e eu suspirei.

— Não há muito o que contar... – Eu disse dando de ombros. – Nunca nos faltou nada, mas ao mesmo tempo meu pai desde sempre foi muito rígido. Minha mãe, por outro lado, era mais carinhosa, mais compreensiva, mas meu pai podava um pouco isso, dizia que eu e meu irmão iríamos virar adultos fracos. – Eu expliquei enquanto sentia ela deslizar seus dedos pelo meu braço.

Che schifezza... (Que besteira...) – Carina murmurou nos meus braços.

— Você está me xingando? – Eu perguntei esboçando um sorriso confuso.

No... eu disse que esse comportamento do Lane é uma besteira. – Ela explicou soltando uma risada.

— Bom, eu sei, mas no final das contas eu fui criada assim e não tenho como mudar o passado... – Eu analisava pensativa. – No fundo toda essa relação com meu pai é algo muito cinzento e eu não... – Eu falava num tom sincero.

The Other BishopOnde histórias criam vida. Descubra agora