thé et fleurs • minsung

eu não estou acreditando nos mimos

— Então... Seungmin fica responsável pela organização geral, então tudo tem que ser relatado a ele. Como ele é o que menos gosto dentre vocês, preferi jogar a merda toda pra cima dele — explica Christopher, assim que o garçom põe meus pedidos sobre a mesa e agradeço ao menear a cabeça.

— Ih, Seungmin... — começa Minho, até então calado. — Criamos um monstro.

— Já tinha consciência da monstruosidade dele — meu amigo responde, sorrindo para o Lee ao meu lado. Fico tenso. Quando foi que Minho e Seungmin ficaram próximos mesmo? Eu nunca vi isso.

Ai, nem comi e já quero vomitar.

— Calados, escravos — Christopher sacode o menu no ar, pedindo atenção. — Hyunjin, você vai ajudar Seungmin na organização, mas seu foco vai ser a decoração.

— Tenho cara de quem gosta de enfeitar coisas? — Hyunjin reclama. Dou uma garfada no meu bolo enquanto o mundo desaba. Está muito bom, mio dio! Eu realmente nasci para a comida.

— Koi... — começa Minho, então respiro fundo e checo minha caixa de e-mails outra vez. — Sim, você tem.

— Está dito e será assim — determina Christopher — Minho, você vai dar um help na decoração e, além disso, ainda tem a questão da ornamentação das flores e design dos convites e...

— Ah, em falar em design... — sinto seu corpo mover-se subitamente ao meu lado, pois ele puxa o notebook de Hyunjin para si e começa a mexer rapidamente. — Eu bolei uns seis modelos — vira, pelo monitor, na direção de Chris. — Eu te passo por e-mail, daí você decide com a Minyoung e vemos no que dá. Se não gostarem de nenhum, podem dizer. Ou se quiserem mudar alguma coisa, tipo fonte e a arte...

— Que fofo seu empenho — estou próximo o suficiente para escutar Hyunjin sussurrar-lhe. Paro de mastigar no mesmo instante, então escuto uma pequena risada nasal vinda de Minho. Ele sorri.

— Isso tá um show, garoto! Me mande! — Christopher está parecendo aqueles CEO empolgados. — Continuando... Hanzinho, meu amor, você vai, claro, ficar responsável pelo buffet.

Sorrio.

— Inclusive... Era sobre isso que eu gostaria de falar contigo...

— Ai, meu Deus, você não vai poder? Seungmin, me carrega, estou passando mal — e então ele simplesmente finge que vai cair em Seungmin, mas fica de pé rapidinho, ao perceber que o Kim estava prestes a carregá-lo de verdade. Eu não entendo esses dois.

— Não é isso, me escuta... — rio. — É que eu gostaria de fazer o bolo também. Como um presente pelo casamento, quero dizer. Ficaria muito feliz e honrado, se pudesse.

— Sério? Meu Deus, você é um anjo! — exclama, sorrindo com os dentinhos fofos dele. Chris é meu fraco. Eu consigo entender qualquer pessoa que possa estar apaixonada por ele. — Mas não vai ficar muita coisa pra você? Porque você tem o restaurante, vai me ajudar no buffet... Então acho que o bolo seria apenas mais um peso para você carregar.

— Relaxa, já dei conta de muito mais coisas em muito pouco tempo. Seungmin pode até te contar o inferno que enfrentamos em Paris, no último ano da faculdade — dou de ombros, deixando claro que para mim isso pouco importa. Já estou acostumado com responsabilidades.

— Foi uma desgraça, se assim posso resumir — o mencionado por mim decide dar uma forcinha e agradeço mentalmente por isso.

— Tudo bem, então — Christopher sorri todo bobo. — Ai, céus... Eu não estou acreditando nos mimos!

Volto a comer meu bolo silenciosamente, o Bang explicando que primeiro de tudo vamos ter que ver lugares disponíveis para julho e que devemos fazer isso logo, já que podem detonar as vagas nos melhores lugares. Disse que não quer algo chique, quer algo mais a cara dele, algo mais sentimental.

— E por isso quero que todos nós façamos isso, sabe? Porque vocês são meus amigos e quero que seja algo sentimental nosso. A Minyoung não se importou com isso, então... Temos algum tempo para organizar e pôr em prática todo o meu casamento. O que vocês acham?

— A gente não tem muita opção, amigo. Você obrigou todo mundo a aceitar — a sinceridade de Seungmin acaba fazendo com que ele receba um tapa vindo de Chris.

E aqui estamos nós, a poucos meses para o casamento do século — o próprio Christopher enfatizou isso no seu discurso, ignorando os comentários de Seungmin sobre estar superestimando — e estranhamente felizes com isso. Eu sinto que ainda vamos surtar muito, mas faz parte. Acho que eu precisava desse movimento na minha vida. Um pouco de emoção.

Sei que não será como aqueles filmes americanos ridículos que ninguém aguenta mais assistir — vivo por um mundo onde a supremacia americana esteja apenas nas folhas dos livros de história —, nos quais diferentes noivos acabam saindo no soco para conseguir alugar o salão requintado por míseras horas. Não, não será assim. Mas só em estar com meus amigos, ajudando um de nós, de repente me sinto melhor.

Eu sei, há um clima estranhamente pesado entre eu e Minho. Era de se esperar, ele está claramente ignorando minha presença aqui. Está ignorando minha presença quando falo, dou ideias ou até mesmo quando passo por ele à caminho do banheiro. E eu também não quero pensar o quê ele pensa de mim agora, ainda que tenha alguma ideia do que possa ser. Não vamos poder ignorar um ao outro o resto do ano, o resto da década, o resto do século. Eu sei que não vamos. E quando esse dia chegar, eu não saberei o que falar.