eu vou fugir

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Tenho medo de que alguém tenha me visto com Minho. E isso é ruim. Certamente que sua afirmação acerca de ser bom guardar coisas intocáveis está correta. Não obstante, achei que nosso caso seria isto. Hyunjin não me enche o saco depois do incidente com o coco, também seus olhares sobre nós dois dizem tudo. Talvez não tudo, porque ele parece desconfiar de algo. Não deixamos claro, porque mal conversamos após o episódio do beijo. E também nos ocupamos depois, caindo no mar de verdade, sentindo o sol secar minha pele quando não estava abaixo da superfície. Foi bom nos divertir. Então, honestamente, não ligo se Hyunjin nos viu ou talvez Seungmin também ou mais alguém. Desconfio que sim, porém não devo me importar, devo?

Após o almoço, passamos a tarde fazendo mais turismo e, de quebra, ainda fizemos atividades legais como andar de barco e praticar mergulho. Já estou destruído quando chegamos em casa. Fiquei tanto tempo no mar hoje que estou com a sensação de que ainda estou lá. É estranho, eu acho. É tão esquisito sentir como se as ondas estivessem ao redor de mim movendo-de calmamente e fazendo-me boiar... Eu acho que estou no paraíso.

São nove horas e meia, estou jogado numa espreguiçadeira tomando sorvete de menta, observando Hanee e Minyoung tirarem fotos na piscina. O céu ainda está escurecendo. Assistimos ao início do sol poente há uma hora, numa das praias que visitamos hoje, mas já estamos aqui de volta. Acho que tudo fica lindo neste horário, embora já esteja meio escuro demais para estar sendo apalpado pelo alaranjado. Eu tirei inúmeras fotos e ainda pedi para Seungmin tirar minhas também. Acho que tenho o suficiente para atualizar minhas redes sociais por mais de um mês.

Minho passa direto por mim e segue por um lugar que não sei onde é. Eu ainda não explorei tudo daqui, acho que por uma questão de preguiça mesmo. Me levanto num pulo e sigo ele na pontinha do pé, até a lateral da casa. Fico um tanto surpreso ao dar-me conta de que se trata de um lance de escadas. Ele sobe. Eu subo junto com ele. Quando percebo, já estamos no terraço que eu nem sabia que existia.

Além de alguns vasos de plantas, conta com um par de mesa, o dobro de cadeiras e alguns painéis solares. É tão alto que dá para ver o mar e metade da vizinhança. Eu nem sabia que aqui era tão legal, acolhedor e reservado. Agora entendi o porquê de um colchão jogado aleatoriamente e uma cesta de lixinhos com embalagens de biscoitos, iogurte e salgadinhos gregos. Acho que Minho está montando uma base aqui.

— Veio fumar escondido? — pergunto do nada.

Ele toma um susto e vira-se para mim.

— Que susto! — põe a mão no peito e ri. — Você me seguiu?

— Claro — me sento numa das cadeiras. Minho cai com tudo no colchão. — Tá se escondendo aqui, é?

— Eu vou passar a noite aqui, tomando um ventinho e acordando com o sol — estufa o peito, de certo modo envaidecido.

— Boa sorte — eu digo. — Porque vai ter que acordar cedo.

Minho faz uma careta e deixa alguns pacotes de comida sobre o ninho improvisado dele. Fica organizando tudo até que me lembre de uma coisa.

— Como está a faculdade? — pareço até aquelas tias que não sabem nada da sua vida e quando te vêem só fazem perguntar sobre a escola ou namoradinhos. — Você tem estudado ou jogou pra cima?

— Ah, o semestre acabou. Nem era para Chanie ter levado minha faculdade em consideração, porque já está no final do semestre mesmo. Essas últimas aulas são só fechamento de notas, segunda chamada e recuperação. Eu não me importo com notas, não preciso fazer segunda chamada e Deus me livre recuperação — ele faz outra careta, depois joga todas as guloseimas para fora do colchão e dá uns tapinhas no cobertor. — Você pode sentar aqui, se quiser.

thé et fleurs • minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora