— Você... gostou de ter trabalhado comigo? Eu aceito a crítica de boa.
— Gostei, mas... — ele vira minha palma esquerda para cima e encosta as pontas dos próprios dedos nas minhas linhas. — Você é muito bravinho.
— Não sou, não.
— Então eu sou hétero.
Afasto minha cabeça do seu ombro e encaro seu rosto.
— Por que eu seria 'bravinho"? — questiono. Afinal, tenho que saber, né?
— Você grita, é impaciente, quer as coisas do seu jeito, perfeccionista, comenta coisas meio cruéis acerca do trabalho alheio e surta toda hora — o resumão dele me faz batê-lo com o olhar. — E faz essa cara de quem vai meter a porrada na pessoa.
— Acho que você não entendeu o que eu quis dizer com "trabalhar comigo" — explico, afastando minha mão do seu carinho. — Eu quis saber de uma maneira mais... Sabe... Condições de trabalho, horários, salário, benefícios...
— Ah... — ele ri envergonhado ou de nervoso ou os dois. — Eu só passo vergonha com você.
Eu rio disso.
— Deixa de ser idiota, menino — dou uma leve sacudida num dos seus ombros. — Você sente falta de trabalhar lá?
— Até que sim — dá de ombros. — Foi legal... Por quê?
— Por que o quê? Só estou querendo saber...
Minho estreita os olhos ao mesmo tempo que monta um beicinho.
— Tá bom, então, mademoiselle...
— Pare de me chamar disso.
— Tá bom, mademoiselle — ele está pedindo para apanhar.
— Você tem sotaque de preguiçoso quando fala isso — cruzo os braços.
— Você também no coreano, eu não vejo diferença... — ele decide contra-atacar.
Eu encho meu peito para responder talvez algo pesado, porém o ônibus para e de repente todos começam a descer. Ficamos olhando esse rebanho sair, tentando entender qual motivo de todos saírem na mesma parada. E só ficam no ponto de ônibus, deixando claro que estão esperando por outro e que talvez esse não sirva mais. O motorista até olha pelo retrovisor interno e pragueja alguma coisa para nós dois.
— Minho, acho que é para sairmos... — me levanto do assento e lhe puxo o cotovelo esquerdo. — Ele está falando com a gente, não sei bem o que é... Mas acho que esse ônibus só roda até aqui.
— Não acredito que estou passando raiva na Grécia... — é a vez de Min reclamar, descendo comigo as escadas do ônibus. — Han, a gente tá muito lascado... Não sabemos onde estamos e eu estou sentindo que iremos rodar o país todo se formos seguir nossos instintos fodidos.
Eu deslizo minha mão para a sua, que está suada, e passo a caminhar junto a ti pela rua. Estou à procura de algum lugar, qualquer que seja, para que eu consiga me comunicar e pedir gentilmente um carregador. Conto este meu plano ao Minho, que concorda fazendo uma cara feia.
— Seria mais fácil se não fosse da Apple — resmunga ele. Eu ignoro o comentário quando avisto uma casa grande e praticamente aberta. Parece mais uma pousada ou pensão. — Espera... A gente vai entrar aí?
— Você quer encontrar todo mundo ou não? — passo pelo portão principal, apertando firme a mão de Minho. Ele gosta muito disso.
— Honestamente... Eu gosto de quando é só nós dois — ele para de caminhar, e isso me impede de avançar.
VOCÊ ESTÁ LENDO
thé et fleurs • minsung
Fanfiction❝Han sempre preferiu fugir a se entregar ao egoísmo do amor. Minho é só o florista que bebe chá exageradamente e não larga seu bullet journal.❞ #2 LIVRO continuação de café et cigarettes adaptação autorizada capa por yiwah_zetta