eu não sinto ciúmes

1K 170 296
                                    

Estou morrendo de sono, mas acordo cedo. Minho está dormindo, parece até morto. Ele fica muito fofo quando está dormindo, porque acordado fica todo tímido quando pega-me olhando para ele. Mas agora é tão amável que dá vontade de pôr junto num abraço pra cuidar e nunca mais soltar. Mesmo assim, levanto-me e vou cuidar da vida. Treino um pouco na salinha particular com equipamentos de academia. Empapado de suor e já cansado, recebo as roupas de Minho secas e cheirosas da lavanderia e um questionamento sobre tomarmos café agora e o que deveriam trazer. Eu planejava tomar café no restaurante perto da piscina principal do hotel, mas como Minho ainda está dormindo — abraçadinho com o travesseiro, aliás —, eu faço o pedido do que iremos querer como serviço de quarto mesmo, daqui a quarenta minutos. E assim que o moço retira-se, eu dou uma cutucada na bunda de Minho para ele acordar. Não funciona.

— Minho — lhe chamo, deslizando meu corpo na cama. — Minho, peste.

Ele não move um músculo. Sinceramente, esse menino parece que morre quando dorme. Eu sempre fico assustado.

— Min — jogo meu corpo no seu. — Acorda, senão vou te trocar por um velho rico na beira da morte.

— Me deixa dormir mais um pouco — ele finalmente resmunga algo, porém move-se para um lado e me deixa cair para o outro.

— Não mesmo — respondo, arrancando o cobertor dele. — Já vi uns três velhos ricos só em olhar para fora... Só preciso jogar meu charme e já já meu nome aparece no testamento de um deles.

— Nossa, como você é insuportável, Jisung — agora abre os olhos, espreguiçando-se na cama. Ele toca a minha barriga, depois afasta por estar meio úmida. — Credo, isso é suor?

— Eu estava me exercitando — explico. — Levanta logo, podemos tomar banho juntos. Se você quiser, claro.

— É, pode ser — ele senta-se na cama.

Enquanto Minho está na enrolação dele para se levantar e ir ao banheiro, eu vou primeiro na ducha. Quando aparece-me, está com um sabonete de mel e alecrim e disse que comprou ontem numa vendinha, quando fui ao banheiro. E a realidade é que nos beijamos mais do que tomamos banho. É só eu desligar o chuveiro que Minho me puxa pela cintura e me dá um beijão. Como ultimamente ando gay (ele que deixa), não consigo resistir e caio de cabeça nesses contatos.

O café chega quando estou de saída do banheiro. Enrolado num roupão, eu agradeço e digo que iremos comer na área externa da nossa suíte, de cara para o mar e o horizonte livre e distante. Melhor sensação é olhar um horizonte sem a droga de um prédio cobrindo a visão. Melhor sensação é Minho comendo sem eu precisar mandar. Melhor sensação é a pequena massagem que ele faz na minha perna enquanto comemos. Acho que sua aleatoriedade espalha-se como vírus.

Ambos passamos metade da manhã na piscina relaxando. No entanto, antes do meio-dia, saímos para passear pela cidade e comprar algumas coisas. Assim que voltamos, vestimo-nos para a praia e passamos numa vendinha antes de irmos à Red Beach. Eu ia comprar licor comum, mas a moça recomendou-me ouzo, uma bebida forte a base de anis. Essa benção tem quase 50% de concentração em álcool — informação conseguida por pura cortesia do Google, caso contrário nunca entenderia esses rótulos — e eu acho que vou cair duro no chão antes de terminar a garrafa. Por sorte, Minho topou beber comigo e acho que isso tem tudo para dar certo (o contrário também serve).

Pegamos um táxi, uma vez que estou com preguiça demais para alugar um carro. Estive tentando aprender um pouco de grego, porque conversei com alguns funcionários do hotel e eles nos deram muitas dicas legais de lugares para visitar e frases que facilitam nossa comunicação. Agora sei fazer meu pedido num restaurante e também falar que estou precisando de ajuda. Já sou fluente 🤩 .

thé et fleurs • minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora