eu acredito em você

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Uma xícara de café deixa-me alerta para tudo. Um jeans preto rasgado deixa-me livre para tudo. Escolho quais brincos irei usar, ponho a máscara no rosto, óculos também, bolsa atravessando o corpo e um pouco de coragem para sair de casa logo quando minha maior vontade é de despencar na cama sem querer e dizer que estou morto.

Assim que meu corpo cai, dolorido, no banco do carro, meu celular choraminga uma notificação. Jogo minha bolsa para o banco de passageiro, puxo as pernas para dentro do veículo e puxo a porta. Eu nem estava tão cansado e infeliz quando acordei, mas de repente essa parada de ser um ser humano saudável, e tudo mais, acabou escorrendo pelo esgoto. Incrível, incrível, eu mal consigo levantar minha perna.

Arranco o celular da bolsa, então vejo que se trata de uma mensagem recebida no Instagram e o user me faz quase tremer. É o Minho. Minho simplesmente me mandou uma mensagem. Ok, não vou surtar por conta disso, mas para alguém que há pouco tempo estava cagando e andando para a minha existência, essa é uma baita evolução. Tipo... Ele me mandou mensagem, né.

Eu visualizo a mensagem: é um endereço. Com certeza é o endereço da floricultura, e eu estava quase esquecendo que ele falou que estava para me passar. Eu não pensei que ele iria realmente me mandar, mas agora que me mandou, eu acabo por questionar se ele realmente quer que eu vá. Bom, poderia ser muito bem um papo furado apenas para ser simpático e eu iria ficar na espera por toda a eternidade — coisa que já fiz demais com inúmeras pessoas —, porém o fato de ele pôr o horário de funcionamento na mensagem acaba por me fazer sorrir sem querer, e balançar a cabeça, incrédulo.

Pergunto se posso realmente ir. Ele responde: "se você quiser" e um emoji engraçado que parece mais uma risada fofa sendo abafada. Imagino ele fazendo essa expressão, com as bochechas vermelhas e tudo, e acabo por ligeiramente rir sozinho disso. Respondo que irei um pouco antes do horário do almoço, ele visualiza mas não responde. Acho que não temos mais o que falar.

Assim que bloqueio meu telefone, de repente recebo uma mensagem sua:

"Vê se não se perde dessa vez 🤭"

Qual o problema dele com esse emoji? É muito fofo e engraçado ao mesmo tempo, que inferno. Rapidamente digito que não sou tão ruim em localização, que aquele dia foi só um pequeno azar.

"Eu acredito em você 🤭"

Reviro os olhos, então dou-me conta do horário e já guardo meu telefone. Ponho o cinto, ligo o motor e arranco o veículo pela cidade. E eu simplesmente amo chegar ao restaurante, é como uma casa para mim. Cumprimento todos, vou ao escritório, converso com Seungmin e depois me jogo na cozinha.

Cozinhar é como o amor mesmo, é egoísta. Eu cozinho porque quero que gostem e se sintam bem, uma vez que isso me traz uma sensação de paz, conforto e autoestima. Fazer as pessoas se sentirem bem ao degustar algo que preparo me alegra. E, no final de tudo, eu saio realizado. Eu sempre saio realizado.

Eu amo cortar, mas também amo molhos. Meu vício culinário é pôr queijo em tudo, mas só faço isso em casa. E orégano. E manjericão. Eu sou apaixonado pelo molho de tomate e manjericão, o molho basílico. E eu amo massas. Amo comida, amo. A culinária me encanta tanto que, quando tudo está calminho e leve, eu faço sorrindo. Felix diz que tenho problemas mentais. Jeongin fala que estou suspirando. Mas não é isso, não. Eu me sinto bem cozinhando, parece que é algo que existe perfeitamente para mim.

— Prova isso — respingo uma gota do molho na mão de Felix e ele lambe.

Suas sobrancelhas ficam arqueadas tão rapidamente que eu nem consigo acompanhar a mudança de expressão. Ele bate no balcão e chama Jeongin para experimentar também.

— Nossa, está muito bom! — Yang experimenta, dando uma olhada na panela para checar. — Han, você é maravilhoso! Caramba...

Eu sorrio.

thé et fleurs • minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora