eu vou dormir

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O tempo não entende minha pressa em viver. E eu também não entenderia, se fosse ele, porque o final é sempre o mesmo e caminhamos para exatamente nada. É como se estivéssemos nos esforçando para algo vago e sem cor. O universo é maior que meu crescimento. E eu sou menor que o homem do outro lado do balcão. Imagina ao lado do universo, que nem consegue me ver caminhar apressado na sua própria barriga. Me questiono muitas coisas, mas nem sempre quero as respostas. Tenho medo de não serem como eu gostaria que fossem.

— É uma ideia ótima, Jisung — Minho estala a língua no céu da boca. — Sabe... É realmente uma boa ideia. Só que não sei como seria... Digo, é que eu teria que me organizar quanto a isso, além de custos a mais em ter de comprar em grande quantidade e...

— Na verdade, não é tão complicado assim — o interrompo. Eu não quero que ele coloque pedras do próprio caminho. — Se você quiser, posso te ajudar nisso. É a coisa mais fácil de fazer.

Minho muda completamente a expressão, afastando-se do balcão e indo para a lateral da loja. Eu o sigo calmamente, apertando minha ecobag contra minha cintura.

— Espera. Com ajudar você quer dizer que você vai fazer? — ele me questiona, olhando pela janela como se quisesse ver se alguém está a chegar ou não. — Endoidou, Jisung?

Eu rio com seu exagero.

— Não, besta... É que é simples mesmo, confia em mim — abano as mãos no ar. — Eu até posso trazer para você experimentar, se quiser.

— Não — ele repentinamente tira o rosto da janela e puxa o vidro para dentro. Então vira-se para mim e cruza os braços. — Você não vai fazer nada para mim, obrigado.

— Quê? Por quê?

— Porque você está cheio de coisas para fazer, e eu também não tenho como te pagar agora.

Reviro os olhos. Minho sempre é teimoso quando o assunto é eu ter de ajudá-lo. Eu já até estou acostumado com suas rejeições em relação a tudo. Eu não me importo com o financeiro, será que vou ter que desenhar isso?

— Quem falou que você ia me pagar?

— Pior ainda! — ele joga a cabeça para trás e ri. Ai, como eu gostaria de dar um soco de carinho nele... — Jisung, sério... Não. Você está ocupado, eu também estou ocupado... Eu não posso te pagar...

— ...Eu não vou te cobrar... — termino a listinha dele. — É uma coisa besta, Minho. Eu posso trabalhar nisso. E então você pode fazer um pack perfeito que irá fazer muito sucesso. Acredite em mim.

— Eu acredito, mas não posso ficar te devendo nada — ele dá de ombros e desvia o olhar por alguns segundos.

— Garoto, eu não sou nenhum demônio, não — aponto para o meu próprio peito. Minho ri disso e eu fico feliz em estarmos tão casuais até mesmo numa discussão. — Estou falando sério também.

— Legal da sua parte, mas... — ele dá sinais de que vai continuar, mas fica me olhando por um tempo. Minho dá um suspiro e põe as mãos nos bolsos da calça jeans desbotada. — Valeu, não.

— Você é bem teimoso — eu decido bufar. — Vou voltar ao trabalho, então. Amanhã passo aqui com um pendrive. Me manda um horário bom? Quero fazer isso antes do trabalho, mas depende do horário que você vem para cá.

— Ah, eu te mando uma mensagem, então... — ele acena. — Bye bye, volte bem.

— Obrigado. Cuide-se. E vê se pensa no que te falei — aceno de volta, caminhando para a saída. Aqui tem um cheiro tão bom e fresco que fica difícil sair.

— Já pensei, Jisung — ele me responde.

— Você tem certeza? — pergunto, encostado na porta de entrada, prestes a dar no pé.

thé et fleurs • minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora