eu vou cuidar de você dessa vez

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A exaustão consumiu meu corpo. Como se estivesse morto e fosse ela os vermes que atacam minha carne. Meus olhos pesam, ainda que eu já tenha bebido duas xícaras de café. E é tanta agonia, tanta correria, que agora sinto que não posso ir a lugar nenhum e ter êxito em qualquer tarefa. Cheguei a cumprimentar os convidados que chegaram, mas os comentários da família do noivo não estavam muito interessantes para mim. Algo como "não sei porque ele decidiu fazer um casamento ocidental" e "finalmente ele tomou coragem para se casar". Faz-me lembrar sobre ontem à noite. As conversas, as intrigas, o que vi... Tornou-me mais atento.

Expulsaram-me dos meus afazeres usuais uma cinco vezes, com o argumento de que preciso descansar e me divertir, preciso aproveitar a cerimônia. Vez ou outra me sento com os convidados e bebo um pouco d'água. Quero fazer tudo, mas ao mesmo tempo não quero fazer nada. E no meio da minha conversa com a irmã do Chris, Minho para ao meu lado com um pacote de salgadinho em mãos. Ele acena, senta-se ao meu lado e permanece em silêncio até concluir minha conversa. E então, devido ao seu silêncio, viro-me para ele.

— Minho, que negócio vagabundo é esse que você está comendo? — lhe questiono, porque o cheiro é esquisito e o barulho que faz quando ele mastiga traz-me lembranças da infância, de quando eu mastigava isopor ao invés de montar a droga da maquete.

— É um salgadinho grego, a tradução é "fofura" — ele sorri, todo animado. — Seungmin comprou pra mim. Deve ter ficado com pena de me ver implorar por comida e vocês da cozinha negarem. Eu preciso tirar minha barriga da miséria, uai!

— Minho, você sabe que era só pedir para mim, né? — vejo o modo como ele limpa do colo as migalhas dessa coisa.

— Eu acho que o pessoal da cozinha não gosta muito de mim. Acho que não fiz muitas amizades quando trabalhava lá, não... — não sei como ele ainda questiona isso.

— Se você quiser, eu posso pegar algo para você. É que não estamos servindo nada agora, então seria mesmo difícil... — olho ao redor, procurando Jeongin ou Yongbok para pedir algo.

— Está tudo bem, não se preocupe — Minho levanta-se. — Vou só pegar um copo d'água, porque fiquei com sede...

Quando Minho gira o corpo, acaba por bater-se com um adolescente correndo e a primeira coisa a cair no chão é o salgadinho. O conteúdo amarelado espalha-se pelo carpete cor de carvalho. Ficam ambos atônitos, o menino curva-se primeiro ao pedir desculpa, Minho faz o mesmo e diz que está tudo bem, ele pode dar conta só. Quando o menino se vai, lamenta o salgadinho perdido. Então ambos arranjamos vassoura e apanhador e brigamos sobre quem irá varrer e quem é que vai segurar.

— Eu seguro e você varre — ele indica.

— Eu seguro e você varre — dou ênfase nos sujeitos.

Minho revira os olhos, pega a vassoura e me deixa segurar o apanhador. Jogamos o que sobrou no lixo, devolvemos o que pegamos e, em seguida, Minho me chama para ir a uma vending machine de um bar do outro lado da rua do evento, pois foi onde Seungmin lhe arranjou. Eu topo. Qualquer coisa para não me sentir tão cheio de coisas para fazer. Porque eu quero fazer tudo e ajudar em tudo.

— Foi lá no fundo que ele disse... Eu não cheguei a vir com ele — Minho me guia pelo local.

É escuro e muito amadeirado. Parece aqueles bares clássicos, onde se tem karaokê livre e amigos de trabalho se juntam para comemorar qualquer coisa. Passamos pelas pessoas e paramos em frente a máquina. Minho procura pela porcaria e eu fico de braços cruzados, olhando ao redor. Tem um cheiro forte de um álcool esquisito aqui.

— Catapimbas! — Minho exclama do nada, chamando minha atenção. — Não creio que essa vagabundagem de "Fofura" seja tão cara assim!

— Quê? — arrasto o olhar pelos produtos e enfim acho. Não acho que é caro, só o custo-benefício que é uma droga. — Esse negócio deve dar câncer. Ainda bem que caiu no chão. Vamos embora.

thé et fleurs • minsungOnde histórias criam vida. Descubra agora