A Primeira Guerra Bruxa - Volume 1

Capítulo 4 - Harold Minchum

Cinco anos: esse foi o tempo que levou entre aquela que foi considerada a primeira aparição de Lorde Voldemort em terras britânicas, marcada por um atentado brutal e covarde que vitimou fatalmente 27 trouxas em Orde Hall Street, e a queda de Eugênia Jenkins do posto de Ministra da Magia.

Nesse curto período, o número de fiéis seguidores e bons aliados de Voldemort aumentara consideravelmente, bem como as intimidações e ataques contra nascidos trouxas (os mestiços) e sangues-puros que defendiam a união entre as nações mágicas e não-mágicas. E a Grã-Bretanha logo passou a viver sob o manto do terror instaurado pelo bruxo das trevas.

Todas as tentativas do Ministério para deter essa forte e ameaçadora onda supremacista se mostraram impotentes, sendo muitas vezes facilmente superadas por Voldemort e seus Comensais da Morte.

Cada vez mais desacreditada, Jenkins passou a sofrer ataques políticos de dentro do próprio Ministério no começo do ano de 1974. Aproveitando a revolta e o medo da população bruxa, o truculento Harold Minchum formou aliança com Bartô Crouch e, juntos, trabalharam arduamente para que Eugênia fosse retirada do cargo.

Apesar dos 77 anos de idade, Minchum tinha um ar imponente do qual emanava rara energia de tenacidade; talvez por ter 1,90 m de altura e ombros largos. Ou talvez a sensação fosse causada por sua expressão sempre intimidadora, composta por olhos azuis claros, sobrancelhas arqueadas e angulosas; testa grande, cabelo de tamanho médio, branco e penteado para trás; barba cheia e alinhada; nariz reto de ponta larga; e lábios finos.

E com essa aparente destreza somada aos seus discursos inflamados e promessas de combater as forças das trevas com o maior rigor possível, Minchum rapidamente ganhou fama, admiração e apoio de grande parte da comunidade bruxa, que via nele a energia e a tenacidade que faltava no Ministério.

Ao mesmo tempo, Crouch reclamava em entrevistas exclusivas para o Profeta Diário sobre suas ideias serem reprovadas por Eugênia; como, por exemplo, um pedido de autorização da Suprema Corte dos Bruxos para o uso das três Maldições Imperdoáveis – por parte dos Aurores – em suspeitos de serem Comensais da Morte.

Fazia questão de deixar clara a sua insatisfação e revolta, sempre que podia, chegando a afirmar certa vez que a Ministra parecia "estar segurando o Ministério, impedindo-o de mostrar sua verdadeira força no combate contra Voldemort" e que a grande questão era "saber o porquê", o que gerou um caos absoluto e irreparável nos bastidores, marcando o racha definitivo entre os dois.

Com todo esse turbilhão, em apenas um ano Minchum e Crouch conseguiram o que tanto queriam: Eugênia Jenkins havia sido destituída por ser considerada "inadequada para o desafio de vencer a guerra contra o Lorde das Trevas". Essas palavras, inclusive, foram proferidas pelo bruxo que a sucedeu no cargo: o próprio Harold Minchum.

Todo o plano havia funcionado perfeitamente. Sua indicação ao posto de Ministro da Magia pela Suprema Corte dos Bruxos, porém, foi longe de ser unânime. Pessoas como Alvo Dumbledore e Elifas Doge, por exemplo, se mostraram contra essa escolha; o resultado disso foram três dias de debates intensos e uma das votações mais acirradas da História.

Mas nada disso importava para Minchum: ele vencera mesmo sem o apoio de Dumbledore, o que já o colocava em outro patamar automaticamente. Sabia que aquilo era uma clara demonstração de sua força naquele momento e que a Suprema Corte aprovaria o que ele quisesse, ainda que com uma ou outra dificuldade eventual, e que o povo apoiaria suas decisões contra Voldemort.

O tom de seus discursos não mudara depois de eleito: continuava batendo na tecla de que o Ministério não estava lidando com crimes, mas sim com uma guerra. Em menos de um mês, requisitou que mais dementadores fossem colocados em Azkaban, a maior e mais sombria prisão dos bruxos e autorizou que eles se multiplicassem à vontade.