Capítulo 32 - Derrota moral

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Ao surgir no átrio do Ministério da Magia, já recuperado do duelo contra Voldemort, o diretor Alvo Dumbledore se surpreendeu genuinamente ao notar as presenças de Tiago, Sirius, Remo, Pedro e Lílian no local. E fitou os alunos da Grifinória por cima dos oclinhos de meia-lua com uma expressão curiosa e, sobretudo, preocupada – especialmente com a garota.

- O que houve com ela? – Dumbledore perguntou, já se encaminhando para Lílian, que ainda seguia desacordada e extremamente pálida.

Os Aurores, que antes estavam batalhando nas ruas, agora já circulavam em grande número pelo espaço, conversando em diferentes tons: uns muito cansados, outros tristes pelas perdas de amigos, outros ainda elétricos como se o perigo ainda rondasse o edifício e pudesse voltar a qualquer momento; e, obviamente, alguns tão curiosos quanto Dumbledore por verem alunos de Hogwarts ali.

- Professor, nós... – Começou Remo, sem jeito e com receio.

- Não quero saber o que vocês fizeram, Sr. Lupin. Não ainda; não aqui. Vamos nos concentrar na Srta. Evans agora. O que houve com ela? – Perguntou novamente Dumbledore, indo direto ao assunto, enquanto se ajoelhava ao lado de Lílian e começava a fechar os ferimentos que Pedro não havia conseguido.

- Ela levou uma maldição de um dos Comensais – respondeu Pedro.

- Eu nunca vi nada parecido. – Disse Sirius, que ainda parecia entrar em choque toda vez que olhava para Lílian e reparava em seu estado crítico.

- Foi o Snape. – A voz de Tiago transbordava raiva.

- Perdão? – Dumbledore olhou para Tiago de baixo para cima enquanto ainda tratava dos ferimentos de Lílian. – Severo Snape? O colega de vocês de Hogwarts?

- Sim, foi ele. – Confirmou Tiago em tom sério, preocupado com Lílian e sentindo um ódio mortal por Snape.

- Tem certeza? – Insistiu Dumbledore.

- Professor, estavam todos de máscara, mas eu também reconheci a voz dele. – Remo entrou na conversa.

Dumbledore absorveu a informação com pesar. Sabia que muitos dos alunos, especialmente os da Sonserina, apoiavam as ações de Lorde Voldemort. Odiava admitir, no entanto, que esse apoio havia deixado o campo de ideias – que por si só já eram nefastas – e passado para o campo prático.

- Precisamos levá-la para o St. Mungus imediatamente. Lílian é a nossa prioridade agora. Quando voltarmos à Hogwarts, quero que me contem absolutamente tudo o que aconteceu, vocês entenderam? – Dumbledore olhava sério para os quatro Marotos, enquanto se levantava e fazia o corpo inanimado de Lílian flutuar em sua frente.

- Sim, senhor – responderam os garotos em uníssono.

A chegada de Minchum, acompanhado de Bartô Crouch e da Suprema Corte dos Bruxos, gerou um certo constrangimento por parte dos Aurores, que o viam como o principal responsável pelo ataque orquestrado por Voldemort. Afinal, fora o próprio Ministro da Magia quem havia desafiado o Lorde das Trevas.

- Dumbledore! – Surpreendeu-se Minchum, ignorando alguns dos olhares indignados que recaíam sobre ele. – Mas o que houve...? – A voz de Minchum foi sumindo quando ele notou a presença dos grifinórios.

- Perdoe a indelicadeza, mas receio não ter tempo agora, Ministro. Teremos que deixar o assunto, qualquer que seja, para depois. Preciso levar esta aluna – Dumbledore acenou com a cabeça para Lílian, que flutuava em sua frente – para o St. Mungus o quanto antes.

- Ah... Sim, sim, claro... Por Merlin, vá! Ela realmente não parece nada bem! – Harold estava tão desnorteado que soava até mesmo menos arrogante.

Dumbledore e Elifas Doge trocaram um olhar significativo e o segundo assentiu para o diretor em sinal de que tudo estava sob controle.

Franco, carregando Alice no colo, Moody, Gideão, Fábio e alguns outros Aurores que antes estavam no Departamento de Mistérios agora também chegavam ao ambiente através das lareiras, uma vez que todos os elevadores ainda se encontravam destruídos.

- Como ela está, Franco? – Perguntou Dumbledore, preocupado.

- Já estou bem, Professor. Franco que é cuidadoso demais e insistiu que eu fosse levada para o St. Mungus. – Disse Alice, nos braços do marido.

- Vamos todos então, estou levando a Srta. Evans agora. – O diretor então se virou para os Marotos. – Vamos, senhores. Não há motivos para ficarem mais aqui.

Tiago, Sirius, Remo e Pedro prontamente começaram a caminhar, junto de Dumbledore e Franco, para as lareiras que davam acesso ao banheiro público, bem acima.

- Alvo, espere! – Pediu Minchum, e Dumbledore parou novamente.

- Sim, Harold?

- Os trouxas viram tudo, não? – Minchum perguntou em tom perturbado.

- Sim.

- Isso vai gerar um incidente sem precedentes no mundo bruxo. O que... O que vamos fazer? – Nem mesmo Minchum parecia acreditar, mas estava, de fato, pedindo a opinião e a ajuda de Dumbledore diante de todos os presentes no átrio.

Dumbledore, no entanto, não se empertigou ante a aflição do Ministro da Magia e continuou assumindo uma postura de absoluta normalidade.

- Ministro, eu o aconselharia a procurar o Sr. Scamander. Ele já tratou de uma situação muito, muito semelhante a esta. E tudo correu bem, é claro. Mas não demore: quanto antes o Ministério agir, melhor, ou então poderá ser tarde demais. – Respondeu Dumbledore, seguindo para a lareira e saindo do Ministério com Lílian, os Marotos, Franco e Alice.

- O que faremos agora, Ministro? – Perguntou Elifas Doge.

- Os Aurores devem primeiro prender os seguidores de Você-Sabe-Quem que ficaram para trás. Em seguida, devem cuidar dos feridos e ver quem precisa ser encaminhado para o St. Mungus. Depois disso, vamos à contagem e à identificação dos mortos em batalha. – Respondeu Minchum, prosseguindo: - Mande os funcionários do Departamento de Acidentes e Catástrofes Mágicas se movimentarem também: eu quero a Central de Obliviação e a Comissão de Justificativas Dignas de Trouxas trabalhando em conjunto com o Sr. Scamander. Peça para que entrem em contato com ele imediatamente, é uma emergência.

- Sim, senhor – assentiu Elifas.

- Quero que a Comissão e Regulamentação da Rede de Flu libere essas lareiras para as casas dos funcionários que não puderam sair até agora. É a melhor maneira de liberar o Ministério de uma vez. Mas só liberem daqui para as casas; não abram uma via de mão-dupla, ou poderemos sofrer novos ataques.

- Perfeitamente.

- Vou precisar também do apoio do Departamento de Cooperação Internacional em Magia. A esta altura, é possível que as notícias sobre nós já estejam correndo até por outros países, então os bruxos de todo o mundo precisam estar cientes. Precisamos agir agora, Elifas. Espalhe as ordens, por favor. – Finalizou Harold Minchum, nitidamente cansado, sob os olhares de reprovação de bruxos e bruxas presentes no átrio.

O outrora impetuoso e aparentemente inabalável Ministro da Magia já não conseguia esconder a expressão e a postura de abatimento: fora moralmente derrotado.


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