O uso das Maldições Imperdoáveis concedido aos Aurores possibilitou que o Ministério da Magia – com forte ajuda do Profeta Diário – finalmente pudesse desfrutar de um precioso momento de trégua com a população.
Os Aurores que não enxergavam nenhuma melhora com a liberação não ousavam reclamar, ou sequer opinar sobre o assunto publicamente, por medo de possíveis exposições e retaliações de qualquer lado que fosse.
Enquanto isso, um outro grupo de Aurores, que seguia uma conduta violenta e impiedosa – algo que sempre fora idealizado por Harold Minchum –, começava a ganhar espaço e força dentro do Quartel-General dos Aurores.
Isso porque depois do ataque ao vilarejo Ashfield e da grande manifestação dentro do próprio edifício do Ministério da Magia, boa parte da comunidade bruxa passou a relevar os excessos (quase nunca divulgados pelos veículos de informação ligados ao Ministério) cometidos por aqueles que deveriam representar a Lei, adotando o discurso de que aquilo era "necessário para um bem maior".
Mas, se por um lado Minchum se sentia um pouco mais aliviado e estava satisfeito com o novo rumo que as coisas estavam tomando, o mesmo definitivamente não podia ser dito de Alvo Dumbledore.
A Ordem da Fênix continuava a agir completamente na surdina e se via ainda mais em desvantagem depois da perda de seu espião. Como consequência, sem uma fonte dentro do círculo mais próximo de Voldemort, a única forma de seguir obtendo informações – ainda que infinitamente mais limitadas e frágeis – era investigando externamente.
E foi exatamente isso que Elifas Doge fez desde que Dumbledore lhe dera luz verde na última reunião: por mais de uma semana, prosseguiu com sua estratégia de investigar com afinco as movimentações e negociações que Lúcio Malfoy realizava dentro do Ministério. E, após coletar toda e qualquer informação relevante, decidiu que finalmente era o momento de confrontar o ambicioso rapaz.
- Sr. Malfoy!
A voz de Elifas Doge ecoou pelo corredor do Nível 2 até alcançar o bruxo que fora chamado, fazendo-o parar de supetão. Levou pouco mais de um segundo até que Lúcio finalmente se virasse para trás a fim de ver quem o chamara. E, quando o fez, exibiu uma surpreendente expressão amigável no rosto – o que explicava claramente, ao menos para Elifas, o pequeno atraso entre os atos de parar de caminhar e se virar: Malfoy ganhara tempo para reconhecer a voz e só então decidir que máscara vestir antes de encarar quem quer que fosse.
- Sr. Doge! A que devo a surpresa? – Prontificou-se o bruxo com um falso, porém convincente, sorriso cordial no rosto.
Lúcio Malfoy era um jovem alto, de pele pálida, olhos cinzas e traços faciais finos; o longo cabelo loiro platinado, sempre penteado para trás, contrastava intensamente com as impecáveis vestes pretas de primeira mão que usava; não exibia nem um fio sequer de barba ou bigode e sua postura era aprumada.
Elifas caminhou na direção de Lúcio, que não moveu um músculo para diminuir a distância entre os dois. Sabia quem era Elifas Doge e, portanto, não facilitaria a vida do bruxo mais velho, ainda mais sem saber o que ele procurava.
- Problema na coluna? – Perguntou Elifas ao alcançá-lo.
- Desculpe, o que disse? – Indagou Lúcio confuso.
- A bengala... – Respondeu Elifas, apontando para a bengala que Lúcio carregava na mão esquerda.
A bengala de madeira ébano era toda preta, exceto pelas pontas de prata pura; a parte superior exibia a cabeça de uma serpente com a boca aberta e duas presas à mostra, além de pedras esmeraldas no lugar dos olhos.
- Ah, isso... – Malfoy deixou escapar um curto e falso riso. – Não, não. É só um toque de elegância mesmo. – Respondeu.
- Ah, sim... Perdão. É que, como você ficou parado e está com a bengala, pensei que pudesse estar com algo na coluna. – Cutucou Elifas, se fazendo de desentendido.
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A Primeira Guerra Bruxa - Volume 1
FanfictionQuando os feitos de Lorde Voldemort ganham notoriedade, o Mundo Bruxo se divide entre os que o abominam, os que se mantêm neutros e os que idolatram sua ideologia supremacista. O ódio e o terror se alastram pela Grã-Bretanha como Fogomaldito, vitima...