Capítulo 10 - Um espião entre nós

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Aquela que deveria ser uma tarde tipicamente ensolarada e convidativa de primavera, no começo de abril, uma semana após a votação da Suprema Corte dos Bruxos, fora absolutamente cinza e fria. Nenhum estado, cidade, ou bairro, parecia estar livre do mau agouro. E os sentimentos de depressão e de pura tristeza se alastravam entre bruxos e trouxas, duendes e elfos domésticos, e todos os outros seres; todos compartilhando (para alguns de maneira inexplicável) do mesmo vazio e do mesmo gosto amargo de derrota.

Mas a verdade por trás disso tudo era uma só: Voldemort estava furioso.

Já era noite quando um jato de luz verde passou direto pela orelha esquerda de Fábio Prewett, que se escorava numa árvore para se proteger dos Comensais da Morte.

- Fábio! Você tá bem?! – Gritou Gideão detrás de uma pedra larga, do outro lado da estrada vicinal, a alguns metros de uma pequena encosta.

- Tô! Mas precisamos acertar um deles logo, Gideão! – Gritou Fábio em resposta para o irmão.

- Como se fosse fácil de vê-los... – Reclamou Gideão, mais para si que para o gêmeo.

A ponta superior da pedra onde Gideão estava escondido explodiu e ele foi atingido por alguns estilhaços.

- Arrgh, merda! – Xingou de susto.

- Petrificus Totalus! – Bradou Fábio para contra-atacar Aleto, a autora do último feitiço.

A Comensal repeliu o feitiço do Auror com precisão cirúrgica.

- Talvez não tenha sido uma boa ideia seguir a pista da sua informante! – Disse Fábio para Gideão.

- Bom... Achamos os Comensais, não achamos? Eu disse que era uma informante de confiança! – Respondeu Gideão em tom irônico.

- É, bem... Ela não mentiu quando disse que eles estariam em Cumbria. Só não soube mencionar quantos dariam um alegre passeio pelo Norte da Inglaterra nessa noite maravilhosamente escrota. Argh! – Fábio seguiu a ironia do irmão, reagindo em seguida a um estilhaço de madeira que o atingiu no braço, cortando-o.

- A gente deveria ter solicitado reforços! – Concluiu Gideão, lançando três azarações por detrás da pedra.

- Ótima ideia, maninho! Só me tira uma dúvida... POR QUE NÃO PENSOU NISSO ANTES, ANIMAL?! – Berrou Fábio, fazendo Gideão dar uma risada melancólica.

- É... erro meu, foi mal. – Respondeu.

- Sabe, eu pretendo conhecer os nossos sobrinhos recém-nascidos – falou Fábio, ordenando em seguida: - Kadabrus Duo!

Um grande relâmpago prateado irrompeu da ponta de sua varinha e atingiu um Comensal alto e musculoso, que voou contra uma árvore, batendo com as costas nela e caindo desacordado.

- Thorfinn! – Espantou-se Amico Carrow.

- Acertei um! – Animou-se Fábio ao contar para o irmão.

- Boa! – Disse Gideão em resposta.

- Preciso de cobertura pra chegar até ele! – Resmungou Rodolfo Lestrange.

- Falando sobre os mais novos gêmeos do pedaço, eu acho que temos o dever de sair daqui com vida para conhecê-los. Ou a Molly daria um jeito de matar a gente pela segunda vez. – Falou Gideão, já começando a ficar preocupado com o estado em que se encontrava a pedra onde se protegia.

- É, nossa irmã não brinca em servi--...

- CRUCIO!

A mira limpa de Amico Carrow sobre Fábio Prewett fez o Comensal aproveitar a melhor oportunidade que ambos os lados tiveram na noite até aquele momento. E o Auror nem mesmo foi capaz de terminar a frase: ao ser atingido, caiu imediatamente no chão, urrando e se contorcendo de dor; uma dor incontrolável e absolutamente maligna, como se mais de mil facas afiadas e em brasa o furassem até atravessarem por toda a extensão de seu corpo.

A Primeira Guerra Bruxa - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora