Preocupados, os alunos e alunas de Hogwarts acompanhavam com afinco todos os acontecimentos externos; exemplares aos montes do Profeta Diário circulavam para lá e para cá nos corredores, assim como também se faziam presentes no Salão Principal, nos jardins e até mesmo nas salas de aula.
E, como consequência, todos os desdobramentos da guerra entre Voldemort e o Ministério se refletiam também na escola: caos, incertezas, violência, pesados debates e clima hostil estavam mais presentes que nunca no castelo e seus arredores, exatamente como no restante da sociedade bruxa da Grã-Bretanha.
Os mais observadores, fossem do corpo docente ou discente, já haviam notado um movimento muito curioso e triste: era cada vez mais raro de se ver grandes grupos reunidos; quatro ou cinco pessoas, sempre da mesma Casa, era o máximo que se via, o que escancarava o quão difícil era escolher em quem confiar naquele período.
Lílian Evans decidiu aproveitar a manhã de sábado para estudar para os N.I.E.M.s, os Níveis Incrivelmente Exaustivos de Magia, ao pé de uma árvore no jardim entre o castelo e a cabana de Hagrid, bem em frente ao Lago Negro.
Os N.I.E.M.s eram a principal avaliação que os alunos do 7º Ano deveriam fazer. E suas futuras carreiras dependiam das notas que tirariam em cada matéria. Não que Lílian já tivesse escolhido uma profissão para seguir – a maioria das pessoas não se sentia capaz de escolher tão cedo – mas quanto melhor ela se saísse nos exames, mais opções teria ao seu alcance no futuro.
Um pesado livro de Estudos Avançados de Aritmância repousava sobre as pernas da garota, enquanto ela o lia por mais de uma hora, concentrada, fazendo anotações aqui e ali.
- Me devolve!
Uma voz feminina, vinda de longe, ecoou até onde Lílian estava. Uma voz que, mesmo à distância, Lílian reconhecia sem nenhuma dificuldade: pertencia à Maria MacDonald, sua amiga.
- Mulciber, me devolve agora! – Maria gritou novamente.
- Ah, não, ele não... – Murmurou Lílian para si mesma em tom de lamentação, já se enervando com a situação.
Imediatamente, ela fechou o livro, pousou-o na grama e se levantou, andando a passos largos na direção da voz de Maria.
- Eu não sei o que é mais engraçado: alunos do último ano estudando, ou sangues-ruins tentando nos enfrentar – caçoou Avery. – O que você acha, Vesuvius?
- Os dois tipos são patéticos. Mas sangues-ruins sempre são piores que qualquer coisa. – Respondeu Mulciber.
- Pela última vez, me devolvam... ou vou enfeitiçar vocês! – Disse Maria com firmeza, sacando a varinha.
- Vou enfeitiçar vocês! – Repetiu Mulciber com a voz esganiçada, fazendo Avery rir. – Tirar nota máxima com o projeto de elfo doméstico do Flitwick não vai te garantir num duelo, MacDonald.
- E ser menos inteligente que a Lula Gigante também não te dá nenhuma vantagem, Mulciber – disparou Maria.
Num piscar de olhos, Mulciber sacou a varinha. Houve um lampejo, um grito, e Maria estava ajoelhada no chão, cobrindo o rosto com as mãos.
- Acho que você deveria mostrar pra ela como sua Maldição Imperius está boa, Vesuvius! – Incentivou Avery.
- Mas depois de amaldiçoá-la, eu a mando fazer o quê, Roman? Se afogar no Lago Negro, ou pular da torre mais alta do castelo? – Indagou Mulciber num tom perverso de provocação.
Três garotas do quinto ano, todas com o uniforme da Corvinal, juntaram rapidamente seus pertences e rumaram para o castelo, chocadas com a cena. Outros dois alunos da Grifinória, calouros do primeiro ano, também partiram em retirada com os olhos arregalados.
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A Primeira Guerra Bruxa - Volume 1
FanfictionQuando os feitos de Lorde Voldemort ganham notoriedade, o Mundo Bruxo se divide entre os que o abominam, os que se mantêm neutros e os que idolatram sua ideologia supremacista. O ódio e o terror se alastram pela Grã-Bretanha como Fogomaldito, vitima...