Capítulo 6 - Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado

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Na medida em que a primavera se aproximava – e os dias para a despedida do inverno eram ansiosamente contados pela maioria dos ingleses –, o clima frio e cinzento já sinalizava uma trégua aguardada e merecida, dando lugar a uma temperatura mais agradável. Com isso, duas mudanças na rotina dos britânicos eram perceptíveis: a primeira era que, aos poucos, as ruas voltavam a ser mais ocupadas por pessoas transitando para cima e para baixo; já a segunda era a melhora no humor de todos.

E no pequeno vilarejo de Ashfield, localizado no condado de Suffolk, não era diferente. Povoado principalmente por bruxos mestiços e até mesmo trouxas que sabiam da existência da magia, o local parecia cada dia mais animado graças à aproximação da mudança de estação, apesar de, obviamente, todos seguirem em alerta por causa da Guerra Bruxa.

O inverno fora bastante rigoroso em seu ápice; alguns inclusive juravam que não lembravam de outro tão congelante como aquele em muito tempo, atribuindo a culpa pelo frio extremo ao temido Lorde Voldemort.

Ao final de cada sexta-feira, era comum os moradores se reunirem no tradicional pub do Velho Jimmy; e temas como "política" e "guerra", claro, sempre despontavam como os principais assuntos a serem discutidos, fossem em mesas isoladas ou até mesmo entre todos os presentes no bar.

Naquela noite não foi diferente: com seu estabelecimento lotado, o Velho Jimmy agitava habilmente a varinha detrás do balcão, fazendo com que canecas cheias de cerveja amanteigada e copos e garrafas de uísque de fogo voassem para todos os cantos do bar, pousando nas mesas corretas.

- Jimmy, você deveria ter aceitado a nossa oferta do ano passado... Teríamos nos juntado e comprado um elfo doméstico para você no Natal; até dois, se quisesse. Você não precisaria trabalhar tanto. – Disse um homem ao se aproximar e recostar no balcão, observando o incansável dono do pub.

- Gosto de trabalhar, Graham. O trabalho enobrece o homem, seja o bruxo ou o trouxa – respondeu Jimmy com simplicidade. – Aqui, tome sua cerveja. – Disse por fim, fazendo uma caneca cheia deslizar pelo balcão até parar na mão de Graham, que sorriu.

- Você é uma inspiração para todos nós, Jimmy – declarou Graham, levantando a caneca em seguida. – À sua saúde! – E bebeu um grande gole de sua caneca em seguida.

- Não cai na lábia desse patife, não, Jimmy! Ele só tá querendo cerveja de graça! – Um homem disse em voz alta.

Antes que Graham pudesse se virar para ver quem havia falado aquilo, ele levou um misto de empurrão e abraço que quase o fez desmontar.

- Russel! Seu babaca! – Surpreendeu-se Graham, rindo e abraçando o amigo em seguida.

E Jimmy imediatamente lançou outra caneca de cerveja, agora para o recém-chegado, que a pegou e matou a sede.

- Eu nem pedi, Jimmy! Essa é por conta da casa?! – Indagou Russel, fingindo um tom de surpresa.

- Ia pedir; só poupei seu trabalho. E não, não é por conta da casa. – Ralhou Jimmy em tom de brincadeira, cumprimentando Russel em seguida.

Tanto Graham quanto Russel tinham entre 30 e 35 anos; e ambos os amigos frequentaram a Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts e foram da Grifinória. O cabelo loiro de Graham tinha um tamanho mediano para curto, enquanto a barba era cheia e da mesma cor; já Russel tinha o cabelo castanho escuro que caía até os ombros e um bigode.

- E aí, quais são as boas novas? – Indagou Graham, repousando no banco de frente para o balcão.

Russel imitou o amigo, sentando-se ao seu lado, e pedindo-o para se aproximar. Graham obedeceu, inclinando o corpo em sua direção.

A Primeira Guerra Bruxa - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora