Capítulo 20 - O plano de Lúcio

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O início do mês de junho foi marcado por pesadas tempestades. Por consequência, já no fim do dia, a pouca luz de sol que conseguia transpassar as carregadas e extensas nuvens mal iluminava o interior da sala de reuniões da mansão dos Malfoy, mesmo com as duas imensas janelas fixas de vidro laminado na parede lateral.

Assim como o restante dos muitos cômodos da mansão, a sala de reuniões tinha um estilo peculiar que combinava elegância e extravagância: duas grandes portas pretas de madeira ébano se abriam para dentro do espaçoso aposento retangular e revelavam paredes em tom verde-escuro, janelas cobertas por cortinas de seda na cor prata e enormes estantes recheadas com milhares de livros dos mais variados temas e autores.

Já no aposento, Lúcio, em suas habituais vestes pretas, fechava as cortinas e acendia as dezenas de lampiões que circulavam a sala com acenos simples de varinha. Quase nove horas, ele deve chegar logo, pensou com certa apreensão. O que havia descoberto, em conjunto com Corban Yaxley, funcionário do Departamento de Execução das Leis da Magia, e Augusto Rookwood, um dos "inomináveis" do Departamento de Mistérios, definitivamente não agradaria Voldemort.

O chão de mármore Nero Marquina, com fundo preto e veios brancos, era parcialmente coberto por um luxuoso tapete persa de lã com o brasão da Família Malfoy, bordado há mais de três séculos. O interior do brasão era preto e verde, com um M prata ao centro e com os dizeres "Sanctimonia Vincet Semper", que significava "A Pureza Sempre Conquistará". Por fora, três lanças perpassavam o brasão de baixo para cima, duas nas diagonais e uma reta no meio; dois dragões pretos com as asas abertas, um de cada lado, também compunham a parte externa, que era finalizada com duas cobras verdes que se enrolavam na ponta da lança central.

Finalmente serei recompensado e manterei a honra do brasão da minha família, pensou ao fixar o olhar no tapete. Se a notícia que daria a Voldemort era péssima, o plano que contaria ao seu mestre para resolver o problema era genial. Se havia uma circunstância ideal para ganhar pontos com Lorde Voldemort e provar seu valor, era aquela.

Na parede lateral à esquerda havia uma lareira de mármore branco que ficava de frente para uma mesinha de centro, cuja madeira era de nogueira escura; de lados opostos da mesa e com a lareira à sua lateral, dois confortáveis sofás de três lugares e couro autêntico se encaravam. Mas a maior excentricidade do ambiente ficava mesmo por conta de duas estátuas de prata em tamanho real, cada uma em uma ponta do cômodo, que retratavam dois dos mais preconceituosos Ministros da Magia que o Reino Unido já havia tido em toda sua História: Dâmocles Rowle e Josefina Flint.

Enquanto afofava os sofás com as mãos numa espécie de último retoque, Lúcio logo se aprumou ao ouvir as portas se abrirem: era Narcisa, sua mulher, que ficara com a tarefa de recepcionar e conduzir Voldemort pela mansão.

Mais nova que Lúcio, a bruxa de 23 anos era alta e magra, com postura esbelta e perfeitamente alinhada; de cabelos loiros, olhos azuis amendoados que carregavam uma maquiagem escura e discreta, sobrancelhas bem feitas, lábios cobertos por um batom vermelho e nariz fino e arrebitado. Usava um elegante vestido preto, de ombreiras e mangas longas que contrastavam com sua pele pálida; e tinha o mesmo ar esnobe do marido.

- Tenho que admitir que você tem muito bom gosto, Lúcio... – Elogiou Voldemort com sua voz gélida ao adentrar no ambiente e apreciar a estátua de Josefina Flint.

- Muito obrigado, Milorde... É uma honra saber disso. – Agradeceu Lúcio.

- Vou deixá-los à sós. Sinta-se em casa, Milorde; sua presença é uma honra para nós. – Disse Narcisa com uma reverência para Voldemort.

- Obrigado, Narcisa. Como sempre encantadora. – Agradeceu Voldemort, elogiando a bruxa antes dela se retirar e fechar as portas da sala de reuniões.

A atenção do visitante se voltou novamente para a estátua da antiga Ministra da Magia.

A Primeira Guerra Bruxa - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora