Capítulo 25 - A súplica da andorinha

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- Nem sabemos se ele está no castelo; você sabe o quanto ele tem se ausentado – ponderou Tiago, enquanto se apressava para acompanhar o amigo que subia aos pulos os degraus da escadaria de pedra.

- Ele estava no almoço, duvido que tenha saído. – Disse Sirius, ofegante.

- Mas você quer contar tudo? Desde o que ouvimos em abril, até o que aconteceu agora? – Perguntou Tiago.

- Eu preciso, cara. – Respondeu Sirius.

- Você acha que ele vai acreditar?

Os dois já estavam no terceiro andar, rumando apressadamente para a torre do diretor, onde ficavam localizados tanto o escritório de Dumbledore quanto a sua residência.

- Ele tem que acreditar! Não posso ver meu irmão se afundar assim e não fazer nada. Vamos contar tudo, ele vai nos ouvir, tenho certeza. – Sirius estava decidido.

E assim, apressados, eles seguiram; até finalmente se depararem com a horrenda gárgula de pedra que dava acesso ao escritório do diretor.

- Vai sentir saudades das detenções também? – Perguntou Tiago, tentando aliviar a situação.

Sirius, no entanto, não respondeu e sequer olhou para o amigo. Encarava a gárgula como se esperasse que ela se mexesse simplesmente por sua presença.

- Tortinha de framboesa – Tiago revelou a senha.

Sirius lançou um olhar surpreso para Tiago, que deu os ombros sem muito ânimo enquanto a gárgula na frente deles ganhava vida e se afastava para o lado, revelando uma parede atrás dela que se abria em duas. Atrás da parede, uma escada em caracol começou a subir lentamente, girando como um parafuso. Sirius e Tiago logo se anteciparam até a escada, ansiosos.

No meio do caminho, um barulho seco vindo de baixo indicou que a parede se fechara novamente. E, finalmente, uma porta de carvalho escuro, impecavelmente polida e com uma aldrava em formato de grifo, se revelou à frente dos garotos.

Sirius segurou a aldrava e, decidido, bateu na porta três vezes.

- Entre – disse uma voz rouca e enérgica de dentro da sala.

Sirius entrou rapidamente, seguido por Tiago, que fechou a porta educadamente.

A sala circular do diretor estava bem iluminada e arejada, já que as cortinas e janelas estavam abertas. As paredes eram decoradas por dezenas e mais dezenas de quadros que retratavam todos os diretores que antecederam Dumbledore (e que fingiam estar dormindo toda vez que ele recebia alguma visita); curiosos instrumentos de prata sobre mesas e prateleiras também se destacavam pela abundância. Armários com portas de vidro guardavam livros de capas grossas de couro, perfeitamente enfileirados e organizados; à esquerda dos dois estudantes, três pufes, com uma pequena mesa de centro, preenchiam o espaço sob uma das grandes janelas; e, ao lado, uma estante com o Chapéu Seletor no topo.

Fawkes, a fênix de Dumbledore, repousava num poleiro próximo à mesa do diretor, que se encontrava sentado em sua cadeira, encarando os recém-chegados com seu conhecido olhar analítico.

- Sr. Black, Sr. Potter... A que devo a honra da visita quando há um lindo dia de sol lá fora? – Perguntou Dumbledore bondosamente, como lhe era habitual.

- Desculpe incomodá-lo, Professor... – começou Tiago, claramente embaraçado, o que era raro.

- Meu irmão está prestes a cometer um erro terrível, senhor – disse Sirius, com a expressão séria.

Dumbledore respirou fundo, fitando os dois através de seus tradicionais oclinhos de meia-lua.

- Sentem-se, por favor – pediu, acenando com a mão aberta para as cadeiras do outro lado da mesa.

A Primeira Guerra Bruxa - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora