Mas enquanto o clima de amizade preponderava entre Lílian e os Marotos mesmo nos mais acalorados debates, o mesmo não podia ser dito entre os membros da Ordem da Fênix.
Criada há mais de um mês por Alvo Dumbledore justamente para combater as forças das trevas lideradas por Lorde Voldemort, naquele que talvez fosse o momento mais sombrio que o mundo bruxo já havia presenciado até então, a Ordem da Fênix ainda não havia entrado em ação uma única vez sequer.
Reuniões semanais aconteciam fora dos terrenos da escola e sempre em diferentes lugares, o que limitava a presença de alguns membros, como a professora Minerva McGonagall e o guarda-caça Rúbeo Hagrid, que permaneciam em Hogwarts para fornecer uma proteção maior aos alunos durante as ausências de Dumbledore. Mas, mesmo com todos os percalços, tudo estava funcionando bem até o fatídico massacre em Ashfield.
E a primeira reunião da Ordem depois do terrível acontecimento foi, de longe, a mais desagradável de todas até então. Surgiram as primeiras discussões mais ríspidas entre os membros e nem mesmo o diretor de Hogwarts ficou livre de cobranças – ele, aliás, fora o principal alvo delas.
Dos 14 membros presentes, além de Dumbledore, cinco criticavam a aparente inércia da Ordem da Fênix diante dos acontecimentos: os irmãos ruivos e Aurores do recém-criado Esquadrão de Elite, Fábio e Gideão Prewett; Alastor Moody, outro famoso, respeitado e temido Auror; Beijo Fenwick e Michael Fear.
- Perdão, Professor Dumbledore, mas, com todo o respeito, eu gostaria de saber o que diabos estamos realmente fazendo aqui. – Disse Fear, olhando fixamente para o líder da Ordem da Fênix.
Michael Fear beirava os trinta anos; tinha pele clara e cabelos pretos e curtos que viviam penteados para trás; de testa larga, rosto quadrado e barba bem-feita; com seu nariz, sobrancelhas e lábios finos, e olhos pequenos da mesma cor do cabelo, o homem passava uma certa impressão de ser esnobe. O que era muito conveniente, se tratando de sua função na Ordem: ser espião.
- Eu pensei que depois de todas essas semanas, já estivesse bem óbvio, Sr. Fear. – Respondeu Dumbledore, naquele misto perfeito de ironia e educação que só ele sabia fazer.
- Parecia estar, mas depois desse último ataque dos Comensais, estou um tanto confuso.
Dumbledore suspirou pesadamente. E, antes de poder tomar ar para responder, Elifas Doge, seu velho e fiel amigo, se interpôs agressiva e ironicamente:
- Eu pensei que fosse o trabalho dos espiões coletar informações precisas para que a Ordem pudesse agir, Sr. Fear. Mas, aparentemente, agora querem que a gente adivinhe quando e onde os Comensais atacarão para podermos impedi-los.
Elifas conhecia Dumbledore desde a época em que os dois ainda eram estudantes em Hogwarts; e sempre foi capaz de notar o talento inigualável do atual diretor da escola, o que fazia dele mais do que um grande amigo, mas também um fã confesso.
Diferente de Dumbledore, Elifas era levemente acima do peso e mantinha seu cabelo (ainda grisalho, apesar da idade) curto e penteado, não tendo também nem barba e nem bigode; em seu rosto quadrado, o nariz de ponte reta, queixo com covinha e os olhinhos apertados em tom azul claro lhe davam uma expressão de alguém firme, leal e centrado. Vestia um terno xadrez azul escuro muito elegante que combinava com a gravata e o chapéu sem ponta, num estilo que misturava as vestimentas comuns de trouxas e de bruxos.
- Eu sou apenas um, Sr. Doge. Mas consigo trazer informações que, ainda assim, não são muito aproveitadas, sabe-se lá o motivo. A propósito, apesar de mais um fracasso gigantesco ser absolutamente previsível, te desejo boa sorte para convencer a Suprema Corte a continuar barrando as loucuras do Minchum a partir de agora.
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A Primeira Guerra Bruxa - Volume 1
FanfictionQuando os feitos de Lorde Voldemort ganham notoriedade, o Mundo Bruxo se divide entre os que o abominam, os que se mantêm neutros e os que idolatram sua ideologia supremacista. O ódio e o terror se alastram pela Grã-Bretanha como Fogomaldito, vitima...