Capítulo Três

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No campus, já era possível ver uma movimentação entre alunos e o corpo docente do colégio nos preparativos de algo. O gramado principal estava repleto de bancadas organizadas por carteiras, bandeiras laranjas e pretas forravam-nas para fazer a base das barracas, deixando evidente sobre um evento que ocorrerá amanhã.

Para mim, isso é uma péssima notícia. Significa que não podemos sair daqui nem no fim de semana que quisermos.

Pretendo não tratar como grande coisa. É só eu ficar no dormitório o dia todo fingindo que não faço parte daqui como venho tentando fazer.

Achei que tinha motivo o bastante para não falar com Mark depois do que ele fez com meu último maço. Ele deve ter retornado para a aula ou algo assim, mas não demorou a vir outra vez e mesmo o meu desprezo não o impediu de me seguir por aí enquanto eu tentava descobrir mais cantos do colégio — em especial os isolados de todos.

Foi difícil com ele no meu pé como uma sombra, já que percebeu que eu não falaria com ele em momento algum. Agora estamos os dois, sentados numa mesa de piquenique na sombra da marquise, observando o ensaio dos líderes de torcida no pátio e temos o lugar enchendo aos poucos por conta da cafeteria.

— Haechan, eu não queria ter que fazer aquilo, é que você não me deu escolha. — Mark tenta quebrar o silêncio mais uma vez, mas sigo o ignorando. — Não vai mais falar comigo?

Direciono meu olhar para ele e após alguns segundos, sei o que dizer.

— Sabe qual foi o motivo da minha expulsão no último colégio?

Mark continua me olhando, esperando que eu dissesse.

— Eu quebrei o nariz de um babaca durante uma briga. É melhor ficar distante de mim se não quiser ter seu nariz quebrado também.

Ele abaixa a cabeça para a mesa, pensando nessa informação. Mas suspira forte, incomodado.

— Não pense que estou feliz com a sua chegada, eu definitivamente não estou. — responde. — Você não está aqui nem há dois dias direito e já invadiu o meu quarto, meu guarda-roupa, tomou meu lugar e ainda me fez matar aula.

— Não te obriguei a vir.

— Escuta, eu apenas não quero que isso seja difícil. Podemos, por favor, ter alguma trégua?

Não o respondo e sequer olho para ele. Um suspiro cansado se passa, até que ouvimos alguém se aproximar.

— Ei, onde vocês dois se meteram?

Olho para frente evitando o rosto de Mark, vendo seus dois amigos nos encarando. O mais alto nem esperou para se sentar ao lado do meu colega de quarto enquanto o mais baixo veio para meu lado com cuidado, por estar carregando uma bandeja com copos longos de bebida que trouxe da cafeteria. Tenho quase certeza de que ouvi sendo chamado por Sangwoo na aula.

— Haechan queria dar uma volta. — Mark responde olhando para mim, consigo ver pela visão periférica.

É verdade que bastante tempo havia passado. Depois do almoço andei por aí a fim de me acalmar já que alguém aqui destruiu minha única fonte de tranquilidade imediata. Mas ele esteve do meu lado porque quis.

— De novo: não te pedi companhia.

— Não liga não, Haechan, o Mark só está emocionado de ter um colega de quarto. — Sangwoo diz, distribuindo os copos que só então percebo se tratarem de chá gelado. Será que não tem nenhuma fonte não saudável que diminui minha expectativa de vida por aqui? Mesmo assim sorrio e agradeço.

— Elas são lindas, não canso de ver... — O moreno comentou atordoado, não demorando a levar uma tapa no pé da orelha, vindo de Mark.

— Desiste, Jeno. Nenhuma delas vai dar bola pra um manézão como você!

Pelo Olhar Dele - MarkhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora