Capítulo Dezenove

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Levantei e continuei a caminhar com Johnny ao meu lado. Fui percebendo que o pequeno chalé que eu via de longe não era nada pequeno, era uma construção de dois andares em formato de L, rodeado por árvores e montanhas.

Na frente da escadaria, tinha uma grande placa com um mapa de todo o local, onde eu me perderia nas cores se não tivesse alguém para explicar o que cada lugar se tratava. Não falamos mais nada, pois antes disso, um cara com roupa de surfista preta apareceu alertando sobre algum problema. Johnny indicou um banheiro e disse que precisava ir, sendo levado por aquele cara.

Depois de finalmente dar alívio para minha bexiga, me dirigi ao refeitório, que ficava apenas a um gramado de distância do alojamento. Segui algumas pessoas, atravessando uma curta ponte que encontrava o riacho para chegar lá, o que não era difícil de avistar. Debaixo da tenda onde era o refeitório, meus colegas enchiam as mesas e alegravam o ambiente com um grande falatório.

O prato principal do dia continha frutos do mar, mas o que me salvaria seria o ensopado de vegetais e kimchi para acompanhar. A primeira coisa que notei, foi a mesa onde a galera estava. A segunda coisa, foi Mark, que não estava lá.

— E então, Haechan? Aliviado? — Jeno sorri para mim quando repouso minha bandeja na mesa, o encarando seriamente. Cerro o cílios para seu sorrisinho.

— Alguém por favor me lembra de nunca mais pedir conselhos ao Jeno? — eu digo, arrancando risadinhas de todos. — Cadê o Mark? — pergunto logo depois.

— Ele disse que teve uma ideia para seu projeto durante a viagem e foi almoçar com seus colegas de quarto — Seeun explica, separando seus pauzinhos.

Torço o nariz involuntariamente ao escutar a Seeun dizer que Mark tinha outros colegas de quarto. Censuro minha atitude em seguida, comendo uma colher de arroz e procurando uma distração ouvindo o que Heejin tem a dizer.

— Vamos ter um papo de adulto agora. O que vocês acharam do instrutor?

— Que homem, sinceramente, quero ser assim que eu crescer — Jeno afirma, atraindo nossa atenção para si — Vão em frente, me encarem. Sou bem resolvido com a minha sexualidade e sei admitir quando um homem é bonito. Eu por exemplo sou lindão!

— Quantos anos será que ele tem? — Hyeyoung pergunta.

— Chuto 25, quem sabe 28, porque ele não parece estar no ensino médio — Jeno lhe responde.

— Gente, pelo amor, um homem daqueles, queria que ele segurasse minha mão! — Heejin toma um gole de água e se abana. Dou de ombros e me pronuncio:

— Eu achei ele na média.

— Real, ele nem é tudo isso... Já vi melhores  — Foi a vez de Dejun.

— E aí, vocês não vão encarar o Xiaojun também não? — Jeno pergunta para todos, mas ninguém lhe dá bola.

— Discordo, ele é tudo isso e mais um pouco, pode ser meu par pro lual de amanhã. Qual será o tipo de garota que ele gosta? — Hyeyoung torna a questionar.

Penso no quão seletiva foi sua pergunta e fica esgotante até revirar os olhos.

— Não sei... Senti uma energia diferente nele — digo, apenas na intenção de provocá-la.

— Como assim?

Suas sobrancelhas se contorcem. Não sei se está confusa com a minha fala ou por eu ter me direcionado a ela, coisa que é difícil de acontecer.

— Pode ser que ele tenha um tipo ideal para meninos também...

Dou de ombros e vejo um pingo de ofensa brotar em seu rosto. Claro que eu não falava sério e também não acho legal presumir a sexualidade de alguém antes de perguntar à pessoa. É que eu estava cansado da heteronormatividade que rodeia Hyeyoung como um campo de força impenetrável, não só ela, como quase todos presentes nessa mesa.

Pelo Olhar Dele - MarkhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora