Capítulo Onze

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Olho pela janela do quarto, vendo que o dia estava terminando. A escuridão pós o sol se pôr duraria mais um pouco até as luzes dos postes serem acesas. De onde estava podia ouvir uns garotos residentes do meu andar em conversas animadas.

Era sexta à noite e o campus inteiro encontrava-se em uma zona de alunos que vão antecipadamente voltar para suas casas passar o fim de semana. Lá fora há filas de carros de parentes esperando para rever seus filhos como acontece a cada semana.

Imagino o quanto deve ser bom você querer voltar para casa, sabendo que alguém quer te ver e te espera lá. Meu pai me ligou hoje de manhã, disse que teve uma emergência no trabalho e que precisaria passar o fim de semana em Seul. Ele liberou meu cartão de crédito dizendo para eu comprar ingressos para ver Stock Car no domingo e depois falar sobre como foi a corrida.

Competição de carros de corrida costumava ser melhor quando eu era pequeno e Deuk-su estava lá para me acompanhar com pipoca amanteigada. Isso antes dele se separar da minha mãe, claro.

Desci da base da janela, fechando as persianas. Recolho um livro na mesa de estudos e escalo até minha cama. Tento abafar meus pensamentos e distrair-me das vozes presentes no corredor retomando a leitura para esse romance tema da aula de literatura.

Ficou mais difícil quando Mark chegou, largando as chaves na mesa e retirando seus tênis antes de entrar. Volto os olhos para os caracteres, mas tenho a concentração afetada pela animação visível também nele, que murmurando uma música esvaziou sua mochila e abriu as portas do seu lado do armário, para selecionar as melhores roupas como de rotina.

— Você não vai se arrumar?

Pergunta do nada, me fazendo tirar os olhos do livro para olhá-lo.

— Não vou voltar para casa.

— Por que?

— Não tem ninguém me esperando lá.

Não me importo de soar indiferente. Viro-me para o outro lado lhe dando as costas.

Passa-se um silêncio de quase um minuto, quando ouço sua voz outra vez:

— Quer que eu fique aqui com você?

— Por quê? — Abaixo os olhos.

— Não sei, porque você é imprevisível, talvez. Pode ser que eu volte e você esteja de castigo.

Tenta rir quase forçado, mas não acho graça.

— Pode ir embora, Mark.

— Ei, eu ainda sou o responsável, ok? Não me mande embora.

Não respondo alisando a parede a qual encarava. Quando ele insiste:

— Você quer ir comigo, então?

Junto as sobrancelhas, formando rugas na testa quando finalmente volto apenas o pescoço para encará-lo.

— Porque quer que eu vá com você?

— Não questiona, só vamos. — Respondeu voltando a enfiar seus pertences na mochila.

— E você pode simplesmente me chamar?

— Claro, minha casa tem bastante espaço e eu nem preciso dizer sobre o quanto minha mãe é tranquila, né?

Deito a cabeça outra vez.

— Não.

— Se eu sou o responsável, posso muito bem te dar ordens. Vamos, Hyuck, levanta daí.

— Você não manda em mim. E depois, não quero atrapalhar seu fim de semana. Sua família está esperando por você.

Pelo Olhar Dele - MarkhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora