Capítulo Trinta e Três

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O final do ano letivo sempre costumava soar como um alívio por toda a loucura ter acabado, costumava me gerar uma ansiedade para o próximo ano o qual seria mais avançado e me fazia criar planos e mais planos para as férias, mas dessa vez era diferente. Dessa vez era o meu último ano. A cada dia tudo ficava mais estressante com a entrega dos trabalhos e o temido exame final, onde passamos horas fazendo provas. Tudo o que conhecia eram fórmulas, linhas do tempo e também o bom uso dos mapas mentais para não esquecer de temas importantes, o que penso ter dado certo.

No decorrer da semana, a minha rotina tem sido basicamente a mesma: passo o período de aulas fazendo exame, deixo a sala quando termino, vou comer com meus colegas enquanto discutimos algumas questões e volto para o dormitório intencionado estudar um pouco mais para o dia seguinte. Mas como nem tudo é tão fácil e o pior também pode ficar para o final, hoje teremos prova de matemática. Isso tem assombrado muitos estudantes, já que todos precisam garantir um bom resultado quase obrigatoriamente. Até eu me sinto tenso.

Chego na sala onde a prova será administrada e noto que o clima está um pouco diferente do que costuma estar. Os meus colegas parecem tão tensos e nervosos quanto eu, mas ao contrário de mim, acredito que não seja somente pela prova de matemática e talvez porque nossos dias no internato estão cada vez mais próximos do fim.

Não sei se tudo o que tive que passar até aqui está fazendo com que eu me sinta apático ou se apenas estou cansado de tudo, mas não estou sentindo esse clima de despedida que estou ouvindo por aí, na verdade, acordo não sentindo nada desde que a minha mãe veio me visitar.

Ao alcançar a mesa de sempre, Mark me ultrapassa e puxa a cadeira da carteira de trás para se sentar, mas uma ideia acende na minha mente.

— Mark, espere! — Peço, me aproximando em um passo e segurando a mesma cadeira.

— O que foi?

A atenção dos seus amigos está sobre a gente, mas os ignoro.

— Me deixe sentar aí.

Ele sorriu, unindo as sobrancelhas.

— E por que eu faria isso?

— Porque você tem miopia, pode não enxergar direito daqui. É melhor que sente na minha frente.

Mark dá risada da minha justificativa.

— Hyuck, hoje não teremos aula, só teremos prova.

Noto que talvez eu esteja parecendo incompreensível, mas não teria outro jeito de me explicar e com isso eu vou me perdendo:

— Eu sei, mas, mas eu...

— Senta aí — Mark me pede, mas não quero obedecer, quero insistir.

— Eu quero sentar atrás de você.

— Por que?

— Por que sim.

— Vocês vão se decidir ou vou ter que decidir por vocês? — Sangwoo fala com a gente.

Mark parece não entender as minhas razões, mas não quer enfrentar Sangwoo e por isso finalmente aceita se sentar na carteira à minha frente, a qual eu roubei dele desde o momento em que nos conhecemos. Por hora, me sinto muito satisfeito e até deixo escapar um sorrisinho, mas tudo muda quando tenho uma visão de Mark a qual não tive durante todo esse tempo.

Eu nunca vi como suas costas parecem largas e bonitas, com a camisa do uniforme marcando suas omoplatas e nem a pinta negra que ele possui na nuca. Noto como seus cabelos são escuros e que talvez ele tenha cortado nesse final de semana, já que os fios parecem raspados nas laterais, mas continuam cheios no topo. Tenho vontade de passar a mão para senti-los, mas não o faço. Só deixo de olhar para seus detalhes quando a professora — que já está na sala —, nos cumprimenta.

Pelo Olhar Dele - MarkhyuckOnde histórias criam vida. Descubra agora